Renner fecha 20 lojas e sofre com inadimplência de clientes

Segundo a avaliação da varejista houve erros na estratégia adotada pela empresa, mas os efeitos “macroeconômicos” também contam

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Foto: Germano Lüders/Exame

O primeiro trimestre de 2023 foi de apreensão para rede Renner, que fechou 20 unidades de suas marcas e demitiu dezenas de funcionários, para tentar realinhar os seus indicadores após registrar resultados ruins, entre março e abril. A direção da empresa admitiu, nesta quinta-feira (4), ter cometido erros de análise, o que levou à tomada de decisões erradas. Mas o efeito “macroeconômico”, segundo ela, também pesou nos resultados da rede. O número de demitidos não foi revelado. Mas a empresa ressaltou que parte do efetivo foi realocado e outra parte deixou os quadros da varejista.

Em seu relatório de desempenho obtido pelo site Valor, a Renner adiantou que “retomou de forma mais dinâmica o processo de avaliação da rentabilidade das suas operações” e decidiu fechar algumas unidades, principalmente aquelas que poderiam ser absorvidas pelo parque de lojas, resultando em maior eficiência, com aumento de venda por metro quadrado e redução de custos”.

Na análise do CEO do grupo, Fabio Faccio, tais ajustes de estrutura representam altos custos pontuais, mas viabilizam uma melhora de resultados mais rápida.

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A marca mais atingida foi a Camicado, com o fechamento de 13 lojas, sendo seguida pela Renner e a Youcom, com 4 e 3 unidades fechadas, respectivamente. O recuo da Camicado seguiu a tendência de queda de desempeno acentuada pela pandemia. “Fizemos um movimento mais relevante na Camicado, sempre fazemos ajustes, mas agora mais relevante, mantendo absorção da venda [da loja fechada] em uma loja próxima. Vimos após a pandemia queda [na venda] e esperamos para ver se retomaria, e então decidimos agora que era preciso rever”, afirmou o executivo ao Valor.

De acordo com balanço da varejista, o segundo trimestre ainda será de despesas altas por causa do novo centro de distribuição de Cabreúva (SP), em operação total em 2022. Segundo o documento, de janeiro a março as despesas com vendas, gerais e administrativas subiram 8,8%, contra uma alta de receita líquida de 2,2%. Com isso, as despesas sobre a receita líquida de varejo cresceram de 41,7% para 42,7%, em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, especialmente por causa dos menores volumes vendidos.

Apesar das medidas tomadas recentemente, a rede prevê a inauguração de 15 a 20 lojas Renner – 75% em novas praças -, 10 a 15 Youcom e cinco Ashua, ainda em 2023. A companhia pretende ainda encerrar 2023 com margem bruta em ligeira alta, diante das melhoras esperadas para a segunda metade do ano, em decorrência da melhora da demanda e da revisão estratégica adotada.

Inadimplência, juros e custos

Na análise da diretoria financeira, a inadimplência continua elevada, com o acréscimo de 0,8 ponto das contas em atraso de mais de 90 dias. Da carteira total de clientes, de janeiro a março, o volume de vencidos subiu de 22,1% de 2022 para 28,3% em 2023, sendo que a perda líquida aumentou de 3,5% para 5,6%.

As perdas que a empresa está sofrendo no momento não seriam relacionadas à pandemia, mas ao cenário econômico do Brasil. Mas, na análise da varejista, o avanço do projeto “Desenrola”, do Governo Federal, voltado para a renegociação de dívidas, deve gerar resultados positivos. O retorno do cliente que é bom pagador, mas está reticente em voltar a gastar ainda é um dificuldade enfrentada pela empresa.

Mesmo com a redução das despesas financeiras, em quase 29%, de janeiro a março, o resultado financeiro líquido da companhia ainda registrou piora, graças a alta da taxa Selic, que levou à movimentação de R$ 17 milhões positivos um ano antes, para R$ 15 milhões em negativo.

Dificuldades no ano

No comunicado emitido, nesta quinta,  a companhia disse que as vendas de janeiro a março foram impactadas porque a rede abriu mão de trabalhar com a coleção de transição, pulando direto para a coleção inverno, sendo que a média das temperaturas continuou em patamares elevados, impactando a coleção de inverno, que registram um menor volume de vendas e alto estoque formado na época.

Diante da pressão no  cenário de vendas, a varejista intensificou os ajustes nas despesas das operações que, em um primeiro momento, resultaram em despesas adicionais, mas que devem gerar resultados positivos nos meses seguintes.

As lojas da Camicado que foram fechadas apresentaram resultados abaixo do esperado. A avaliação de rentabilidade em lojas  gerou um impacto de R$ 16 milhões em despesas não recorrentes, no trimestre. Ainda assim, a empresa espera melhoras na margem bruta, com a redução nos custos de matérias-primas, além dos efeitos cambiais com a valorização do real. A empresa segue com a estratégia de melhora em custos e despesas durante 2023.

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