Restaurante mais antigo do Rio reabre seu salão principal no Centro

No coração do Centro desde os tempos do Imperador, o Restaurante Rio Minho é um ícone da boa gastronomia carioca, e reabre seus históricos salões esta semana, com os melhores frutos do mar da cidade, e o bolinho de bacalhau mais tradicional do país

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Ele sobreviveu ao golpe militar que derrubou a Monarquia Brasileira, à construção e à infeliz demolição do nosso Mercado Municipal, e à construção -e, esta sim, acertadíssima – demolição do pavoroso viaduto da perimetral, que chegava a lhe fazer sombra. Desde 1884 ocupando o mesmo lindo sobradão histórico da rua do Ouvidor número 10, esquina com o (atual) boulevard Olímpico, o Rio Minho é sinônimo de tradicional e alta gastronomia na região do Centro da Cidade, que, começa, aos poucos, a renascer.

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A famosa sopa Leão Veloso / Foto: Fernando Lemos – Divulgação Rio Minho

A casa já serviu a muitos clientes importantes, e continua a fazê-lo. Talvez o mais assíduo tenha sido o filólogo Antonio Houaiss (1915-1999), que, de tão íntimo, ia pessoalmente na cozinha dar pitacos sobre as receitas. Nas paredes do salão em pé direito altíssimo, fotos de outros fregueses renomados, como o embaixador José Sette Câmara (1920-2002) e o ministro Pedro Leão Veloso (1887-1947), que teria passado a receita da adaptação da francesa sopa bouillabaisse, de peixe, lula e camarão, que acabou batizada com seu sobrenome. O ex-presidente José Sarney é outro de seus famosos comensais.

Nem vou me estender muito no blá-blá-blá, pois trabalho no Centro há 30 anos e é meu restaurante favorito. Podem gritar aos sete ventos aquela velha baboseira: ”matéria paga! matéria paga!” , mas na verdade quem paga mesmo sou eu, que freqüento há décadas esta grande casa, autora do melhor bolinho de bacalhau do Brasil, chefiada há anos pelo veterano Ramon Isaac, da quarta geração de proprietários da casa que funciona há mais de um século em imóvel da Imperial Irmandade da Santa Cruz dos Militares, que já teve entre seus membros o Conde D’Eu.

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Todos os bacalhaus lá são de comer chorando : Foto: Divulgação

O restaurante tem duas experiências a oferecer. A Cabaça do Minho, que funciona no Boulevard Olímpico, ao ar livre, e que não parou de servir os clientes que, como eu, não conseguem viver sem o polvo ou o bobó de lagosta. Bolinhos de bacalhau, já comi 35, antes de começar a enfrentar os problemas da idade (um pouco mais) avançada. Glutão é um problema. A outra experiência – minha favorita – é o almoço no salão antigão, principal, com acesso pela Ouvidor, logo depois da esquina da rua do Mercado. Desta ficamos órfãos – e como eu liguei cobrando sua reabertura! – durante a pandemia, mas agora que as coisas voltaram ao normal…. o Rio Minho voltou!

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Esta semana mesmo vou lá comer o mais fabuloso e delicioso cherne grelhado, que peço sempre com arroz à grega sem passas, pimentinha da casa (fora molhos prontos!!) e muitos bolinhos de bacalhau crocantes, sequinhos, pequeninos e com aquele bacalhau branquinho, desfiadinho – isso nesmo, com fios de bacalhau, como tem que ser.

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Minha perdição: os melhores bolinhos de bacalhau do país. Peço bolinhos em todos os restaurantes que vou e que têm ele no cardápio, e nunca comi melhores. Foto: Reprodução da Internet

O polvo lá é outra iguaria espetacular. Tentáculos imensos, gordos, crocantes por fora e muito molinhos por dentro, grelhadinho com alho. Na verdade, tudo lá é muito bom e vê-se que é feito com esmero e carinho. A casquinha de siri é hors concours. Pra quem gosta de vinho, tem uma carta ótima. As sobremesas tradicionais portuguesas são simplesmente deliciosas.

Vale a visita. Mas vale muito. Só esta semana farei umas três – fica a poucos metros da sede do DIÁRIO no Arco do Teles; acho que este foi um fator preponderante em nossa escolha. O Centro ganha demais com a reabertura total do Rio Minho, que é, com certeza, seu mais tradicional restaurante. #ReviverCentro

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O proprietário Ramon Isaac, primeiro espanhol a ser dono do restaurante centenário; os 4 anteriores eram portugueses / Foto: Reprodução do Facebook do Restaurante

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14 COMENTÁRIOS

  1. trabalhei no bco crefisul que ficava em frente a bolsa de valores, todos os dias iamos almocar no restaurante rio minho, so comiamos a sopa leão veloso, smpre regados com uma caipirissima, era muito show.

  2. Acho engraçado qdo as pessoas param para escrever suas impressões sobre comida sem nem terem experimentado. Seria uma impressão geo-gastronomica? Pela localização já se sabe o sabor? Eu conheço o Rio Minho há anos. Eu lembro que ia com a galera do trabalho às sextas-feiras pra comer Paella. Lembro de como aquela panelinha de barro chegava fumegando na mesa. E o cheiro?? Nossa!! Vou voltar lá essa semana!

  3. Muito obrigada pela maravilhosa informação!!! Trabalhei no n° 53 da Rua do Ouvidor e almoçava lá no Rio Minho com frequência. Sempre fiz propaganda dele por causa dos pratos saborosíssimos que servem lá. Foi lá que fomos comemorar o aniversário da minha amiga Marinês Felipe e nunca mais me esqueci. Quem não conhece, vale a pena fazer uma visita e até subir para almoçar sentando-se à mesa e na cadeira cativa do Antônio Hoaisss, conforme me informou Paulo , um garçon que não sei se, ainda, trabalha lá. É imperdível!!!

  4. Nem tanto. O Rio Minho é que separa a província do Minho, em Portugal, da Galicia, em território espanhol. Portanto, o Rio Minho é tanto minhoto, como galego, ou seja, está tudo em casa e os povos, de ambos os lados da fronteira, são como se fossem um só.

  5. RESTAURANTE RIO MINHO.
    CLÁUDIO ANDRÉ DE CASTRO, EDITOR DO DIÁRIO DO RIO, TRAZ EXCELENTE MATÉRIA SOBRE UM DOS TESOUROS GASTRONÔMICOS E UMA DAS JOIAS DO CONJUNTO DE ARQUITETURA COLONIAL & NEOCLÁSSICA DO CENTRO HISTÓRICO DO RIO DE JANEIRO.
    RIO MINHO: UM CLÁSSICO IMPERDÍVEL.
    Ronald de Almeida Silva
    Carioca da safra 1947.
    Arquiteto Urbanista FAU-UFRJ 1968-72
    SLZ-MA 25JUL2022

  6. Rio Minho separa a Espanha (Galícia) de Portugal. Gastronomia é a mesma e vinhos também são das mesmas uvas. Então…bobeira das mais bobas.

  7. Como português é minhoto que sou pela parte materna e apaixonado pela região do Minho, fiquei tentado a ir visitar o restaurante…agors quando leio que o dono é espanhol perdeu todo o sentido.

    É o mesmo que falar de um restaurante brasileiro riquíssimo em história e dizer que o dono é Argentino ???

    • O pior é que se não fores conhecer este magnífico restaurante estarás deixando a oportunidade de saborear os melhores pratos portugueses. FICA A DICA!!!

    • E quem te disse que o restaurante é típico português? Não é nem nunca foi português. É de frutos do mar. E quem te disse que espanhóis não sabem cozinhar? Pois fique sabendo que hoje depois dos franceses, os chefs espanhóis estão junto com os italianos como os segundos melhores do mundo

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