Uma pérola gastronômica no coração do Centro Histórico do Rio de Janeiro, o Restaurante Rio Minho, especializado em frutos do mar, vai reabrir a sua “Cabaça do Minho” ou “Bunda de fora” – espaço externo, onde os frequentadores podem saborear as deliciosas receitas da casa a preços mais em conta do que os preços praticados no seu centenário e bem frequentado salão principal.
A fachada da “cabaça do Minho” foi totalmente pintada para receber os frequentadores e visitantes do Centro. O local margeia a simpática Rua Alfred Agache – o Boulevard Olímpico -, onde, nos finais de semana, crianças e jovens passeiam de bicicleta e skate, juntamente com suas mães e amigos. É uma área muito alegre e muito bem frequentada nos fins de semana.
A casa, que em outubro completa 140 anos, ocupa o mesmo sobradão histórico de três andares da Rua do Ouvidor, número 10. A construção sobreviveu ao golpe militar que derrubou a Monarquia Brasileira, à construção e desastrosa demolição do Mercado Municipal, e à construção e bem-vinda demolição do viaduto da perimetral, que fazia sombra à sua fachada.
Entre os clientes do famoso restaurante estão nomes importantíssimos da nossa história nacional, como o assíduo filólogo Antonio Houaiss (1915-1999), que ia pessoalmente à cozinha dar palpites sobre as receitas. As paredes do salão em pé direito altíssimo têm fotos de outros fregueses renomados, como o embaixador José Sette Câmara (1920-2002) e o ministro Pedro Leão Veloso (1887-1947), que teria passado a receita da adaptação da sopa francesa bouillabaisse – de peixe, lula e camarão -, que acabou levando o seu sobrenome. O ex-presidente José Sarney também é um dos comensais famosos do lugar, que tem na batata portuguesa, que é dos seus mais famosos acompanhamentos, uma das suas opções gastronômicas preferidas.
À frente do Rio Minho está Ramon Isaac – da quarta geração de proprietários do restaurante -, que é sinônimo de tradicional e alta gastronomia na região do Centro da cidade e funciona há mais de um século em uma edificação da Imperial Irmandade da Santa Cruz dos Militares, que teve como um dos seus integrantes o Conde D’Eu.
Com a pandemia, a casa ficou fechada, deixando uma legião de amantes das suas deliciosas iguarias desesperados. Com a volta das atividades na cidade, o Rio Minho reabriu, registrando casa lotada todos os dias em celebração à vida e à boa gastronomia. Com a revitalização do Centro do Rio, o restaurante, que fica nas proximidades de museus, centros culturais e da recém-revitalizada Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, recebe frequentadores de todas as partes do Rio, além de turistas nacionais e internacionais. Todos querendo desfrutar de um bom prato e de uma boa companhia no salão refrigerado de lambris de madeira e azulejos portugueses de Alcobaça.
Muitos são os destaques gastronômicos do Rio Minho. A famosa sopa Leão Veloso, batizada em homenagem ao ministro Pedro Leão Veloso, é apenas um dos pratos que compõem o riquíssimo menu da casa. O polvo é outra iguaria espetacular, com seus tentáculos suculentos e crocantes por fora. As casquinhas de siri e de cavaquinha são excelentes, sendo que esta última uma versão mais nobre e deliciosa da de siri, feita com pedaços da cavaquinha e um creme delicioso. O bolinho de bacalhau do Rio Minho, segundo a sua clientela, pode ser considerado o melhor do Brasil.
O Rio Minho funciona de terça a sábado, das 11h às 17h. O restaurante fica na Rua do Ouvidos, nº 10, no Centro do Rio de Janeiro.
Certa vez fui almoçar com um amigo de infância, advogado, que marcou de encontrá-lo em frente ao seu escritório na Erasmo Braga em cima do restaurante Chamego do Papai e defronte à EMERJ. Após as saudações de praxe ele me disse “vou te levar num restaurante que tem uma comida excelente mas você não deve se assustar com o local”, no que retruquei “é uma espelunca?” e ele só riu e seguimos já abordando outros assuntos. Quando lá chegamos confesso que a sombra da Perimetral me incomodou e ainda perguntei a ele se tinha certeza que aquele lugar poderia ter uma comida minimamente decente! Qual não foi a minha surpresa em saborear entradas, prato principal e sobremesa!
que legal um restaurante com tantos anos funcionando. quantas histórias não tem para contar? quanta história não passou por suas portas? quantas pessoas ilustres? vale um livro.