Retorno das aulas deflagra muitos problemas na rede estadual

Às vésperas do ENEM, alunos do ensino médio se queixam de déficit educacional

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Há exatamente um mês, a rede estadual de educação retomou o ensino 100% presencial nas escolas públicas do Rio de Janeiro. O que era para ser um reencontro tranquilo e esperançoso acabou mostrando uma série de problemas.

De acordo com dados do relatório final da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) sobre o retorno das atividades escolares: uma a cada quatro escolas com problemas de ventilação; 40% das escolas tem apenas uma entrada 30% das escolas não possuem espaço de convivência ao ar livre; 50% das salas de professores não possui ventilação adequada; 46,6% das salas de aula não respeita o distanciamento de 2m.

Embora a vacinação esteja avançada no Rio de Janeiro e os casos de mortes e internações caindo, especialistas ainda alertam que algumas medidas devem ser mantidas, como a ventilação de espaços fechados.

Outro problema é a reposição de profissionais da educação que faleceram por  Covid-19. Em 67% das escolas houve essa triste situação e não há grandes planos de novas contratações até o momento.

“Eu sugeri um programa para contratar monitores, alunos mais velhos, universitários, para ajudar os alunos mais novos nesse processo de volta às aulas, mas não foi posto em prática”, disse o ex-secretário estadual de educação Pedro Fernandes.

Em meio a tudo isso estão os alunos. Muitos, que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no próximo domingo, 28/11, não se sentem confiantes.

“Eu penso nessa prova desde quando entrei no ensino médio. Hoje, me sinto inseguro para fazer. Por mais que eu tenha estudado por fora, não é a mesma coisa, nem acho que seja o suficiente”, frisa Douglas Rocha, aluno da rede estadual do Rio de Janeiro.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que “em agosto, o secretário de Estado de Educação, Alexandre Valle, recebeu das mãos do presidente da Comissão de Educação da Alerj, deputado Flávio Serafini, um relatório da comissão contendo o resultado de uma vistoria realizada pela Comissão em 98 unidades escolares de 33 municípios do estado.Reconhecendo a importância do trabalho da Comissão e sua contribuição para melhorias na área da educação, o secretário explicou que a Seeduc intensificou a fiscalização das 1.230 escolas dos 92 municípios e que as reivindicações apresentadas no relatório serão agregadas a esse trabalho já iniciado.
O secretário afirmou, ainda, que está trabalhando com seu corpo técnico para atender antigas demandas como, por exemplo, a reavaliação das janelas fechadas em algumas escolas, procedimento necessário para a climatização das unidades em período bem anterior à pandemia.
Na oportunidade, também foram apresentadas recentes ações da Seeduc para melhorar a gestão escolar, como a oferta de cursos permanentes de capacitação para diretores e professores, a avaliação de gestores escolares, os cuidados no retorno às aulas presenciais e a distribuição de mais de 3 milhões de kits alimentação, entre outras iniciativas.
Em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Seeduc fez diversas atividades visando a preparação dos estudantes da rede estadual para a prova. O programa “Vem Que Tem Enem”, série de aulas com os conteúdos mais abordados nas últimas edições do concurso, está sendo exibindo na TV Band e TV Alerj. Diariamente na Rádio Roquette, esse mesmo programa é veiculado num formato reduzido de 10 minutos com pílulas pedagógicas. Além disso, em parceria com o Instituto YDUQS e o Enem Action, a secretaria promoveu um aulão de redação”.

Izabel Costa, coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), comenta que a evasão escolar, pois jovens mais pobres precisaram trabalhar para ajudar na renda de casa, é uma situação que merece bastante atenção do Governo do Estado.

A coordenadora geral do Sepe detalhou, também, que o Enem deste ano já é considerado um dos mais excludentes da história.

Ela destacou, ainda, que a falta de apoio aos alunos mais pobres durante o período mais agudo da pandemia, quando as aulas presenciais estavam suspensas, ocasionou no abismo que acontece e leva às dificuldades de aprendizado.

“Nós sugerimos, inclusive, a criação de uma espécie de quarto ano na rede estadual, não obrigatório, mas para alunos que não se sentem preparados terem conteúdo de reforço, mas essa, infelizmente, não é a postura da Seduc, a postura da Seduc é aprovar todo mundo e jogar para frente”, afirmouIzabel.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021 teve 3.109.762 pessoas com a inscrição confirmada, menor número desde 2005.

Como exemplo, nesta semana, cerca de 500 jovens não conseguiram fazer o Enem no último domingo, 21/11, por conta de um tiroteio no Complexo Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Retorno das aulas deflagra muitos problemas na rede estadual

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui