Retrospectiva: a Ilha do Governador em 2015 e as projeções para 2016

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Vista da Baía de Guanabara através de um avião por AndrevRuas

O ano de dois mil e quinze está próximo de nos deixar, porém ficará para a Ilha do Governador recordações marcantes, tanto positiva quanto negativas.

Um Excelente Ano nos Esportes

Estádio Luso-Brasileiro por Junius

As boas lembranças deste ano em nossa região estarão muito mais associadas ao esporte do que a outras áreas. Ficará na nossa memória a excepcional campanha realizada pela equipe profissional de futebol da Associação Atlética Portuguesa, que, apesar de não ter se sagrado campeã, retornou à primeira divisão do Campeonato Carioca, após épicas partidas vitoriosas que restaram o prestígio e o orgulho insulano pelo clube.

Outros destaques no campo esportivo foram os eventos realizados por aqui, como o Ilha Top Fitness, os circuitos de corrida e caminhada realizados pelo portal Ilha Carioca e os eventos de futevôlei e outras modalidades ocorridos nas areias da Praia da Bica. E quase no apagar das luzes do fim do ano, a Prefeitura do Rio inaugurou a Vila Olímpica Nilton Santos, após cinco anos de obras, polêmicas e atrasos.

A Cultura em 2015 na Ilha do Governador

Lona Cultural Renato Russo

No âmbito da cultura, a Ilha tem de fato algo o que comemorar, embora também tenha o que lamentar. As boas recordações são atribuídas unicamente a sociedade civil organizada, que, sem apoio do poder público, fez acontecer manifestações populares na região, como a Primeira Feira Literária e as edições da Maratona Cultural “Eu Quero um Teatro na Ilha”. Ambos eventos reuniram grande público e manteve acesa a chama da cultura popular insulana.

A baixa mais significativa foi a manutenção do funcionamento precário da Lona Cultural Renato Russo, equipamento de grande relevância para diversas atividades culturais que permaneceu subutilizado ao longo deste ano, sem promover um grande show de música, como ocorreu nos primeiros anos de seu funcionamento. Além disso, o espaço recentemente foi objeto de licitação pública para a mudança na gestão, o que gerou – entre outras coisas – o fechamento do local e uma grande polêmica.

Crise Econômica atingiu a Ilha

Estaleiro EISA

No bojo da crise econômica e política que acomete o Brasil, a Ilha do Governador também experimentou seus desdobramentos. O Estaleiro EISA, um dos principais do Estado do Rio de Janeiro, demitiu no fim do ano milhares de trabalhadores, que foram às ruas da região em forma de protesto.

Da mesma forma vimos grandes concessionárias de automóveis fechar e o mercado imobiliário enfraquecer drasticamente, resultando em desemprego.

Na contramão desse quadro, apenas o consórcio RioGaleão, que assumiu recentemente o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, manteve (ao que me parece) o desenvolvimento, com as obras no sítio aeroportuário que acabam gerando empregos.

A PEU e a Política na Ilha do Governador em 2015

Se tem um tema que tomou grande proporção na Ilha em 2015 foi o fatídico PEU (Plano de Estruturação Urbana), projeto de lei complementar 107/2015, que tramita na Câmara de Vereadores. Apesar do assunto ter surgido pela primeira vez em 2013, foi neste ano que a pauta tomou grandes proporções, mobilizando políticos locais favoráveis (ou não?) e moradores amplamente mobilizados contra a aprovação do pacote de mudanças urbanísticas. Levando-se em consideração o peso e a pressão em cima da aprovação desse projeto ao longo de grande parte do ano, devemos reconhecer que o fato dele não ter sido votado já foi uma vitória para sociedade insulana organizada, sobretudo se imaginarmos que encaminhar esse assunto para o próximo ano, cujo calendário reúne Olimpíadas e Eleições municipais, é a certeza do desgaste político-eleitoral. E muito político vai querer evitar isso, certamente.

Ainda no plano político, a Ilha do Governador não tem muito do que recordar em 2015. A atuação do poder público, principalmente estadual e municipal, foi muito limitada, basicamente resumindo-se em ações muito pontuais, como asfaltamento de ruas, iluminação etc. Não grande projeto ou política pública de relevância, nos moldes do que experimentamos na década de 90 e início dos anos 2000 nas gestão do ex-prefeito Cesar Maia. E talvez esse medíocre quadro se reflita em 2016, em meio aos grandes eventos e as campanhas políticas.

2016 será um ano de luta e superação para o insulano

Portanto, o próximo ano terá que ser de luta e superação de desafios para todos nós insulanos. A Ilha do Governador não pode despontar no cenário dos Jogos Olímpicos apenas como a “porta de entrada” para o Rio de Janeiro, através do Galeão. É preciso que retomemos o protagonismo que conquistamos nas duas últimas décadas.

Nossa região não pode ser mais refém de promessas boas mas não cumpridas, como foi o caso das novas barcas (catamarãs) anunciadas pelo governador Pezão antes de sua campanha. Também não podemos aceitar silenciosamente o aumento da favelização, da desordem na mobilidade urbana e a desmantelamento da educação de referência, como podemos observar nos casos do Newton Braga e do Lemos Cunha.

Aproveitando as eleições municipais, que elegerão prefeito e vereadores, devemos estar atentos aos candidatos, sobretudo aqueles que sempre assumiram e honraram compromissos com a Ilha, dando um voto de confiança para a continuidade ou para a renovação. Não tenho dúvida que os desafios serão enormes, mas jamais superarão nossa imensa capacidade de enfrentá-los para, juntos, mudarmos o curso da história.

Feliz 2016!

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Nascido e criado na Ilha do Governador, a família está lá desde o final do século XIX. Seu bisavô foi André Gomes Bonel, popularmente conhecido como “Seu André”, proprietário da primeira farmácia da da Ilha, no Zumbi. Com 28 anos, Allan possui graduação em Sociologia pela Universidade Candido Mendes (UCAM – RJ) e Pós-graduação em Política e Planejamento Urbano, pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR – UFRJ).

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