Já imaginou uma experiência no Rio onde o turista pode desfrutar da gastronomia e bares da cidade sem o impacto da geração de resíduos descartáveis? Ou então, ter contato com um container de recicláveis que, por meio de uma leitura a laser, consegue diferenciar os diferentes tipos de materiais que poderão ser aproveitados? Quem sabe uma moeda sustentável para que o reciclável recolhido na praia se transforme em créditos para consumo em estabelecimentos nas praias cariocas?
Esses e outros projetos que já foram implementados internacionalmente foram debatidos durante uma agenda de três dias promovida pelo Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP) em parceria com a cidade do Rio de Janeiro. A convite da União Europeia, o Rio recebeu a visita de comitiva formada por representantes de 9 organizações públicas e privadas que discutiram modelos de ações e projetos circulares que já funcionam em diferentes cidades da Dinamarca, Suíça, Suécia, França, Espanha e Portugal.
A troca de experiências teve início com o evento “Oportunidades para uma Economia Circular de Plásticos no Brasil: Experiências e Soluções Europeias”, no Centro de Convenções Bolsa do Rio, nesta segunda-feira (21). Na terça-feira, (22) foi a vez de um workshop para a apresentação de soluções de economia circular aplicados à cadeia de valor do plástico, que contou com a participação de representantes de secretarias municipais, institutos de pesquisas, organizações do setor e iniciativa privada.
“Estamos com entidades europeias de diferentes elos da cadeia de valor do plástico para conhecermos o que há em termos quantitativos, quais são as iniciativas que já estão sendo desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro para fomentarmos a colaboração, integrando todos os parceiros possíveis. Só assim, com todos juntos, é que vamos conseguir avançar nesta agenda tão importante para a cidade”, afirmou a pesquisadora portuguesa Luísa Magalhães.
Destino Sustentável
Na quarta-feira (23) foi realizado um encontro com o trade turístico do município e do estado com o objetivo de impulsionar iniciativas que reduzam o consumo de plásticos e a geração de resíduos, consolidando o Rio de Janeiro como um destino sustentável. Na ocasião, os participantes debateram sobre a oferta de serviços e atrações turísticas pautados pela circularidade no uso e na gestão de materiais recicláveis, assim como a conscientização de seus visitantes para que se tornem turistas mais responsáveis na cidade.
Também foi apresentado pela Orla Rio e Pólen o projeto Praia Circular, que vai ser implementado na praia de Copacabana no verão de 2023 e que consiste no envolvimento de operadores de quiosques e barraqueiros para a redução de 20% a 30% da quantidade de plásticos usados em suas operações.
O vice-presidente da Orla Rio, Guilherme Borges, destacou a integração não somente do trade turístico, mas de todos os agentes envolvidos no evento, que se mostraram dispostos a colaborar para buscar alternativas viáveis à gestão e ao consumo sustentável do plástico na orla carioca. “A gente entende que esse passo na agenda verde é muito importante para a cidade. É uma questão econômica, uma ação de posicionamento do negócio e o turismo está cada vez mais consciente e atuante nesse sentido. Estamos trabalhando juntos, saindo do intangível para o tangível, para poder engajar os visitantes e poder mostrar que no Rio as pessoas realmente se importam com o meio ambiente”, comentou.
O encontro reuniu importantes parceiros do programa e organizações nacionais e internacionais atuando na esfera de Turismo e Meio Ambiente, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), representando a iniciativa da Organização Mundial de Turismo (WTO) e da Ellen MacArthur Foundation – Iniciativa Global de Plásticos no Turismo, Secretaria de Turismo do Estado, RioTur, Associação dos Barraqueiros de Copacabana, Rio CVB, Instituto Rexponsa, o cluster ambiental dinamarquês Clean e a empresa Pangea Lab.
Plásticos Circulares nas Américas
De acordo com a coordenadora do CPAP, Tathiana Colturato, a escolha do Rio para a implementação do Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP) se deu muito pelo conjunto das características naturais da cidade, mas também pelo interesse e engajamento de lideranças da cidade.
“O CPAP tem o objetivo de apoiar soluções concretas, engajando atores do setor público e privado para implementarmos e validarmos inciativas que sejam replicáveis em maior escala e que impactem positivamente a gestão de resíduos na cidade. Estamos buscando soluções conjuntas, olhando para esse grande ecossistema, analisando quais são os gargalos e as transformações necessárias para implementarmos um plano eficiente, com ações voltadas à incorporação da inovação, de novos modelos de negócios e novas formas de engajar a população no propósito comum de repensar o consumo e a gestão dos plásticos no nosso dia-a-dia”, concluiu a coordenadora.
O Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP) é uma iniciativa financiada pela União Europeia que escolheu a capital fluminense para a troca de experiência em ações de fomento à agenda verde. O CPAP tem o objetivo de apoiar a transição para uma economia circular de plásticos por meio do diálogo e da cooperação internacional, no Brasil e na Colômbia.
