Rio ganha Circuito da Igualdade Racial, com placas que homenageiam personalidades negras

O circuito teve sua primeira placa de patrimônio instalada onde morou a autora, antropóloga, filósofa e política Lélia Gonzalez

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Foto: Divulgação

A Prefeitura do Rio e o Projeto Negro Muro lançaram, neste sábado (30/09), o Circuito da Igualdade Racial, projeto que irá identificar locais relacionados à cultura da população negra com placas do patrimônio cultural. O circuito teve sua primeira placa de patrimônio instalada onde morou a autora, antropóloga, filósofa e política Lélia Gonzalez.

O pontapé inicial foi dado na casa onde morou Lélia d’Almeida Gonzalez, com lançamento neste sábado, em frente ao número 106 da Ladeira de Santa Teresa. Outras três placas já estão confirmadas: Maestro Anacleto de Medeiros, em Paquetá; o Granes Quilombo, em Acari; e a casa de Lima Barreto, em Todos os Santos.

As placas de identificação de bens e locais de relevância começaram a ser instaladas pela Prefeitura do Rio em 1992, mas, a partir de 2010, os Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca deixaram de ser focados em arquitetura e passaram a abranger temas mais amplos, ligados à cultura carioca. Já são 31 circuitos com bens culturais espalhados por toda a cidade.

Desde 2018, o projeto Negro Muro vasculha a memória negra brasileira para trazer à tona alguns dos nomes de maior representatividade, mapeando a memória negra na cidade, por meio de murais que demarcam a relação de personalidades históricas com o território onde viveram ou tiveram alguma relação de afeto. Já são 52 muros pintados pelo Rio, todos pelas mãos do artista e muralista Cazé.

O primeiro foi Felacut, no Grajaú. Martinho da Vila está na sua Vila Isabel, que não é só de Noel. O maior é o da Dona Ruth de Souza, vizinho ao Teatro Municipal, Cinelândia. Atrás dela vem Pixinguinha, no Museu da Imagem e do Som (MIS), na Lapa. O circuito também contempla imóveis tombados, dois murais no interior do Muhcab (Gamboa), o estádio de São Januário, a quadra do Império Serrano (Madureira), da Caprichosos de Pilares e do GRES Pau Ferro, no Irajá. O projeto também pintou os muros das casas onde residiram o sambista Candeia, em Oswaldo Cruz, e João Cândido, o Almirante Negro, líder da revolta da Chibata (1910), em São João de Meriti.

Circuito da Igualdade racial – Os 4 primeiros:

Lélia Gonzalez (1935 – 1994)

Ladeira de Santa Teresa 106, Santa Teresa

Intelectual de suma importância para o pensamento feminista negro brasileiro e latino-americano, Lélia Gonzalez deixou um legado de luta e produção acadêmica cada vez mais influentes no Brasil.

Maestro Anacleto de Medeiros (1866-1907)

Rua Príncipe Regente 44, Paquetá

Nascido e falecido na Ilha de Paquetá, Anacleto foi um dos compositores mais expressivos da música brasileira. Foi regente da banda do Corpo de Bombeiros e é autor dos clássicos “Santinha”, “Três Estrelinhas” e “Não Me Olhes Assim”.

Granes Quilombo (1975)

Rua Ouseley 810, Acari

Espaço consagrado pela resistência e celebração do samba e da ancestralidade africana no Rio de Janeiro.

Lima Barreto (1881 – 1922)

Rua Major Mascarenhas 26, Todos os Santos

Sua relação com o bairro de Todos os Santos é evidente em sua produção textual. Romancista, cronista, jornalista e contista, o intelectual negro carioca definiu sua própria obra como “militante”.

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