O terrível massacre ocorrido em Suzano, interior de São Paulo, sem dúvida nos comove e nos leva a questionar o porquê de pessoas tão jovens decidirem acabar com a vida alheia e com a própria existência daquela maneira. Ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com as famílias e amigos, precisamos refletir sobre ações que possam evitar que algo semelhante aconteça novamente.
No caso específico do Rio de Janeiro, nossa rede educacional precisa estar atenta para que não se repita o que houve em Suzano. Tanto no que diz respeito à segurança das áreas escolares quanto ao que se relaciona com o ambiente psicológico de nossos colégios, precisamos estar vigilantes e aplicar políticas públicas que minimizem os riscos e, principalmente, olhem pela saúde mental de todos os membros da comunidade: alunos, professores, funcionários e responsáveis.
Como filho de dois professores de ensino médio, tive a oportunidade de nos últimos anos ouvir muitas histórias não só sobre a precariedade da estrutura de nossas escolas mas também sobre a falta de valorização dos professores, a desatenção dos alunos quanto às aulas e aos conteúdos e as relações problemáticas e muitas vezes violentas dos alunos entre si e destes com os professores que, ao invés de serem tratados como mestres, são olhados por alguns alunos com desprezo.
Recentemente uma equipe de reportagem do jornal O Dia percorreu escolas municipais do Rio e não teve problemas para entrar em 9 delas sem qualquer restrição. O que isso diz sobre nossa política de proteção do ambiente escolar? Já o jornal O Globo publicou matéria informando que a cada 3 horas um professor da rede municipal pede licença por motivos psicológicos. O que isso diz sobre nossa política de valorização do professor e promoção da saúde mental na escola que, além de ambiente de trabalho, deveria ser local de ensino e aprendizado? Será que o Rio se esqueceu que já viveu tragédia semelhante no caso da escola Tasso da Silveira, em Realengo?
O triste caso de Realengo deveria servir, pelo menos, para que ele mesmo não se repetisse. Voltou a ocorrer em Suzano. E os dados do Rio de Janeiro mostram que as políticas municipais que ajudariam a evitar esse tipo de episódio estão falhando gravemente.
O prefeito Crivella alega que a cidade não recebe hoje grandes investimentos e não realiza grandes obras para poder ter recursos para “cuidar das pessoas”. Se não cuidados de nossas crianças, nossos professores e nosso ambiente escolar, estamos cuidando de quê? Que prioridade poderia ser maior? Certas situações são difíceis de prevenir, mas cabe ao prefeito fazer sua parte.