A Prefeitura do Rio realizou, nesta sexta-feira (05/07), na Serra de Inhoaíba, em Campo Grande, na Zona Oeste, a primeira ação de reflorestamento com uso de drones semeadores. A aceleração de reflorestamento, realizada em áreas de difícil acesso com uso de inteligência artificial e drones, é parte das medidas do Município para mitigar os impactos das mudanças climáticas no Rio.
O reflorestamento irá restaurar uma área de 30 hectares nos próximos três anos e realizar o enriquecimento com espécies nativas da Mata Atlântica em outros 30 hectares. A ação é feita pela Secretaria de Meio Ambiente e Clima (SMAC) em parceria com a greentech franco-brasileira Morfo, que fez a primeira dispersão de sementes de espécies nativas.
“O tema das mudanças climáticas é um dos mais importantes nos dias de hoje. Realizar ações de reflorestamento ajuda o meio ambiente. Nesse sentido, o trabalho com drone colabora para agilizar esse processo, além de facilitar o acesso a lugares complicados. Vamos seguir trabalhando no aumento da cobertura verde da cidade”,afirmou o prefeito Eduardo Paes.
A Serra de Inhoaíba é considerada um local estratégico para a manutenção e aumento da cobertura verde na cidade. A presença de vegetação nativa ameniza os efeitos das ondas de calor e também aumenta a absorção de água pelo solo, evitando inundações e deslizamentos na região.
Por conta da área extremamente inclinada e de difícil acesso, a metodologia que utiliza a dispersão de sementes encapsuladas por drones é uma opção mais segura que o plantio tradicional. O método exige ainda equipe menor e sem a necessidade de subir encostas. Ao longo dos próximos três anos, a startup fará a restauração completa em 30 hectares e o enriquecimento com espécies nativas da Mata Atlântica em outros 30 hectares.
“Esse é um novo formato de plantio na cidade, uma ação de complementação ao trabalho dos mutirões de reflorestamento que já existem há mais de 30 anos. É uma complementação a partir de novas tecnologias. Com o drone vamos dar uma velocidade maior ao reflorestamento no Rio de Janeiro“, disse a secretária de Meio Ambiente e Clima, Eliana Cacique.
A Morfo dará suporte às equipes de campo do Refloresta Rio para melhorar a capacidade operacional e a velocidade do trabalho de reflorestamento. Isso porque uma equipe de duas pessoas e um drone pode replantar 100 vezes mais rápido um campo do que pelos métodos tradicionais. Outras vantagens são a amplitude da biodiversidade de espécies utilizadas e a redução de custos. Numa ação, pode-se contar com pelo menos 20 espécies nativas, a um valor até cinco vezes mais barato, não só pela rapidez de plantio, mas também porque o plantio com sementes evita a estruturação de um viveiro e sua manutenção por vários meses.
A nova solução de reflorestamento não se limita ao lançamento de sementes por drones. O trabalho incluirá o monitoramento das áreas reflorestadas, com fornecimento de dados de resultado de forma constante, transparente e de visualização simples em um dashboard personalizado. Este acompanhamento com imagens atualizadas por satélites e drones e a análises de dados permitirá que a Prefeitura acompanhe o trabalho realizado, melhore os processos de gestão, além de informar sobre cobertura vegetal, biodiversidade e estoque de carbono nos espaços reflorestados.
O uso de drones semeadores faz parte de um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo que estão sendo adotadas pela Prefeitura para minimizar os impactos para a população das ondas de calor e temperaturas extremas. Além dos drones, entre as ações anunciadas, estão a criação de parques e o aumento no plantio de árvores nas áreas mais quentes da cidade, com o objetivo de ampliar o conforto térmico dos cariocas. Os drones semeadores são uma aposta para dar velocidade ao reflorestamento no Rio. Investir em soluções inovadoras é uma maneira de ampliar a atuação do poder público, uma vez que fazer crescer uma floresta é uma tarefa que demanda espaço físico, clima adequado, tempo e disponibilidade de equipe técnica qualificada.
“A ideia é que a gente consiga melhorar as frentes de trabalho, os mutirões de reflorestamento principalmente, pois eles têm que acessar muitas vezes morros e montanhas. Esse processo acelera o trabalho de reflorestamento e treina os nossos jovens, os novos funcionários dos mutirões para acessarem novas tecnologias”, disse a vereadora e ex-secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula.
Etapas do reflorestamento
O primeiro passo é fazer o diagnóstico do solo, a partir de imagens de satélite e de drone, para mapear a topografia, os recursos hídricos e a cobertura vegetal existente – se é composta de vegetação nativa ou de espécies invasoras, por exemplo. Em laboratório, outras características são analisadas, como a compactação, a umidificação e a composição mineral e orgânica.
Com o estudo em mãos, a próxima etapa consiste na identificação de, no mínimo, 20 espécies nativas com mais chances de sucesso para aquele solo, incluindo variedades dos três estágios da sucessão ecológica, como plantas rasteiras, arbustos e árvores. Essa seleção também é feita em laboratório, com testes que avaliam a taxa de germinação, as substâncias necessárias para a fixação e crescimento e quais podem ser plantadas in natura e quais vão precisar serem envoltas em uma cápsula nutritiva.
Após essa definição, o plano de plantio é feito por inteligência artificial, que calcula quais sementes serão plantadas em quais áreas, junto com quais espécies, a proporção de sementes de cada uma delas e a quantidade necessária para cada espaço, criando padrões de plantio complexos, que a própria Morfo chama de “plantação inteligente”.
A terceira etapa é a dispersão das sementes encapsuladas e in natura de acordo com o plano, feita com uma equipe de duas pessoas e um drone. Uma das vantagens desse método é a facilidade de logística para áreas de difícil acesso, sem a necessidade de deslocamento de uma equipe numerosa, tornando o processo mais seguro para os colaboradores envolvidos. Além disso, o drone tem todo o plano de voo pré-determinado, a fim de garantir o nível máximo de segurança para a equipe. Como um único drone é capaz de dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto, chega a ser até 100 vezes mais rápido do que soluções tradicionais de reflorestamento, reduzindo o tempo de permanência da equipe em locais isolados. O método também dispensa os meses de nutrição em viveiro das mudas, assim como o transporte delas até a região do plantio.
Com as sementes no solo começa a etapa de monitoramento, feito com imagens de satélites e de drones, que utilizam inteligência artificial para estudar a evolução da cobertura vegetal e também da biodiversidade. Essa avaliação também permite detectar imprevistos, como eventos climáticos adversos ou o surgimento de espécies invasoras. Todas essas informações ficarão disponíveis em uma plataforma personalizada e intuitiva, à disposição da SMAC, para que o trabalho possa ser acompanhado. O uso da tecnologia permite um olhar diferente para momentos distintos do processo, além de permitir observar não só a taxa de cobertura vegetal, mas também a variedade e desenvolvimento da vegetação presente, além de possibilitar a identificação de eventuais problemas para uma reação muito rápida.
Mutirões de reflorestamento na Serra de Inhoaíba
Na Serra de Inhoaíba, a SMAC tem o objetivo de realizar o reflorestamento total da Serra da Posse. Na unidade de conservação de Mata Atlântica, localizada em Campo Grande, serão plantadas 160 mil mudas de árvores, pois já foram plantadas nos últimos anos 62 mil mudas de mais de 100 espécies, ampliando a área de mata para 950 mil metros quadrados, equivalente a 95 campos de futebol. Também serão realizadas ações de recuperação de mananciais e de proteção da fauna e flora nativas.
Refloresta Rio
Desde o início do projeto, nos anos 80, foram reflorestados o equivalente a 3.600 campos de futebol e plantadas mais de 10 milhões de mudas, em mais de 200 comunidades atendidas com serviços ambientais, gerando vários benefícios para a população. Em 38 anos de vida, o programa teve a participação de mais de 10 mil colaboradores e voluntários, contando atualmente com cerca de 470 mutirantes (voluntários com ajuda de custo). Desde 2021 o programa Refloresta Rio já plantou mais de 368 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica com uma diversidade que já ultrapassou mais de 168 espécies nativas do Bioma. Mais de 60% dos plantios foram realizados na AP5, principalmente na APA de Inhoaíba, Santa Eugênia e Cantagalo, na ARIE da Serra da Posse e na Serra de Sulacap.