O DIÁRIO DO RIO inicia a partir desta quinta-feira (05/09) uma série de reportagens sobre uma das maiores manifestações culturais do Rio, as Rodas de Samba. Espalhadas por toda cidade, os tradicionais encontros tem como trilha sonora o estilo musical mais popular do Brasil, que reúne cariocas e turistas festejando, esse que é dos grandes patrimônios da Cidade Maravilhosa.

Vamos começar falando de uma das rodas mais conhecidas do centro da cidade, a Roda Mal de Raiz, localizada na Rua do Ouvidor com Rua do Mercado. O encontro, realizado todos os sábados de 14 as 18h, é fruto da parceria entre o Bar Léo, o Bar dos Mercadores e o Restaurante Al Kahyam (localizados na Rua do Ouvidor – esquina com Rua Mercado) que resolveram se juntar para agitar a região aos sábados e trazer mais amantes do samba de raiz para essa área do Centro.

Após 3 anos tocando no Bar Samba Café, o grupo Mal de Raiz, se apresenta desde 2013 na Ouvidor, responsável por colocar todo mundo para cantar e dançar, o conjunto é composto por uma família de gaúchos que há 21 anos vivem no Rio de Janeiro e executam no seu repertório o melhor do samba de raiz.

O grupo nasceu na Lapa e já tocou em vários pontos tradicionais de samba da cidade, como: Botequim Vaca Atolada, RioScenarium, Cortiço Carioca, Memórias do Rio, Taberna da Vila, Estudantina, além de shows em Teatros, como Teatro Rival e Teatro Carlos Gomes.

Vocalista e uma das fundadoras do grupo, Juliana Rodrigues, diz que apesar de terem nascido no Sul, a sua família dedicou a vida ao samba desde que seus pais eram muito jovens. E com a mudança para o Rio, eles se envolveram mais intensamente com as Rodas Cariocas, até formarem seu próprio grupo. E, Apesar de terem uma larga experiência tocando em palcos, é nas rodas de samba que eles se sentem à vontade.

Ela diz ainda, que o setlist da roda de samba Mal de Raiz, é composto de músicas antigas e conhecidas, mas que quase não são mais tocadas. Artistas como Cartola, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Wilson Batista, Ismael Silva, emocionam os presentes e são ponto alto do evento.

“Nosso Samba não tem compromisso com a “modernidade” e muito menos com as exigências do mercado. A nossa roda é frequentada por gente de todos os estilos e matizes. Turistas, sambistas, gente que passa por lá e acaba ficando para curtir nosso som. É uma Roda democrática, informal onde se faz amizade até sem querer. Costumamos cantar e contar as histórias das composições, curiosidades sobre os autores e sobre as Escolas de Samba. Exaltamos as Favelas como berço do samba e da Cultura Carioca e o Negro como protagonista da Cultura Brasileira. Enfim uma Roda para se cantar e para se contar sobre a História do Samba“.

De acordo com a intérprete, o motivo para que esses movimentos ainda sejam relevantes, é o fato de elas colocarem o povo mais próximo possível da cultura que lhes pertence.

“Na Roda o povo se sente parte do Samba. Percebo claramente a maneira como as pessoas se identificam e se misturam a um espetáculo tão simples e tão emocionante cantando junto, batendo na palma da mão e batucando na mesa. A Roda é um show de democracia“, destaca Juliana, complementando que a inspiração do nome do grupo vem de um Samba composto por de Paulo César Pinheiro e Wilson das Neves que diz: “O Samba é Mal de Raiz, quem é de Samba é que Sabe o que diz…”

Para o proprietário do Bar Léo, Renan Ferreira, os eventos nos centros culturais (Banco do Brasil, Correios, Museu Histórico Nacional e Casa França Brasil) ajudam a consolidar uma programação cultural nos finais de semana na região central da cidade.

“Essa região da Rua do Ouvidor é rica em histórias, arquiteturas, arte e o samba faz parte dessa região. As pessoas podem vir aos centros culturais ver uma exposição, depois almoçar em um dos nossos restaurantes da região e acompanhar o Samba. Esse é um sábado perfeito repleto de cultura“, explicou, Renan.

O empresário diz ainda, que os eventos realizados durante o fim de semana, impulsionados pela roda de samba, ajudam a movimentar e aquecer a economia do comércio local.

“O Restaurante Al Kahyan, por exemplo, não abria aos sábados por não ter presença de público na região para frequentar seu restaurante, mas a partir de agosto, ele decidiu abrir e isso é uma demonstração que a região do Corredor Cultural da Praça XV vem trazendo mais visitantes depois do período pós Olimpíadas“, concluiu.

SERVIÇO:
Roda de Samba do Grupo Mal de Raiz
Horário: Todos os sábados de 14h as 18h
Local: Esquina da Rua do Ouvidor com Rua do Mercado.
Entrada: Gratuita
Bares que dão suporte ao Evento: Bar Mercadores, Bar Léo e Restaurante Al Kahyam.
Integrantes:
Waldir Rodrigues – Violonista (Violão sete cordas)
Elvina Rodrigues – Cantora
Juliane Rodrigues – Cantora
Henrique Vasconcelos – Cavaco
Sergio Lange – Voz
Hugo Batera e Betto Timbó – Percussão.