A segunda matéria da série #RioSemÁgua2 fala sobre os riscos de barragens existentes no estado do Rio, considerando suas condições estruturais e o histórico recente de barragens rompidas em Minas Gerais. De acordo com um relatório Instituto Estadual do Ambiente (Inea), de 2019, no Rio de Janeiro eram 29 barramentos, deste total, 6 apresentaram um alto Dano Potencial Associado (DPA).
Para se ter ideia, a barragem de Brumadinho (MG), considerado um dos maiores desastres ambientais da mineração do país, foi classificada como “alto potencial de danos associados“, pela própria empresa responsável pela barragem. O desastre provocou a morte de 259 pessoas e o desaparecimento de outras 11. Também em Minas, em 2014, havia ocorrido o rompimento da barragem da Herculano Mineração, em Itabirito, com três mortes.
As barragens que mostram alto Dano Potencial Associado no Rio de Janeiro são Juturnaíba, Saracuruna, Rio Imbuí-UT Triunfo, Lago Javary e Gericinó.
“É preciso fazer um monitoramento constante dessas barragens, principalmente as barragens de resíduos, que não são de concreto. Porque quando acontece um rompimento quem sofre é o meio ambiente e as pessoas. Esses resíduos, alguns cancerígenos, vão parar nos rios e consequentemente na água que bebemos. Esse problema de rompimento de barragens é gravíssimo. Não podemos deixar de estarmos alertas”, destaca Adacto Otoni, engenheiro, professor da UERJ e especialista no assunto.
Apesar de todo o problema em curso existem planos para a criação de novas barragens no estado do Rio, como a do Rio Guapiaçu. Ideia que vem sendo criticada.
“Uma barragem gera grande impacto ambiental no rio. Você muda toda a fauna e flora pra pior. E cria um espelho d’água e isso faz o Rio perder agua, por causa da evaporação. Quanto maior o porte da barragem, maior o impacto. Em vez de construir barragem, temos que melhorar a qualidade da bacia hidrógrafa, com reflorestamento, controle de erosão. A barragem do Guapiaçu, que é um projeto, vai inundar áreas onde tem muitas plantações, agricultores, então, além do impacto ambiental, você vai gerar desemprego, entre outros problemas”, frisa o professor Adacto Otoni.
O Estado do Rio de Janeiro não tem uma legislação específica sobre a regulamentação de barragens. Existe um projeto o lei 7.192, de janeiro de 2016, de autoria Bruno Dauaire (PRP), que foi apresentado e aprovado na Alerj, mas não chegou a ser assinado pelo então governador Luiz Fernando Pezão (MDB). A lei, que estabelece a Política Estadual de Segurança de Barragens e Açudes e regula o Sistema Estadual de Informações sobre Segurança de Barragens e Açudes, foi apresentada ao governador Wilson Witzel (PSC), antes de todo o processo que pode levá-lo ao impeachment.
A terceira e última matéria da série #RioSemÁgua2 vai mostrar uma pilha de lixo químico que se encontra na beira do Rio Paraíba do Sul, que como destacamos na matéria anterior, é responsável pelo abastecimento de água diário de 9 milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.