Rogério Amorim: A vida acima de tudo

O colunista do DIÁRIO DO RIO comenta sobre Projetos de Lei que passam na Câmara dos Vereadores

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto: Câmara dos Vereadores/Divulgação

Em um antigo livro da série Para Gostar de Ler havia uma crônica na qual uma velhinha todos os dias passava a fronteira entre dois países montada em uma lambreta e com uma grande mochila nas costas. Os guardas da fronteira a paravam, examinavam a bolsa, mas só encontravam roupas e a deixavam passar. Isso se repetiu mais de uma dezena de vezes até que os guardas descobrem que a velhinha era, na verdade, contrabandista de lambretas.

Tal anedota veio à minha memória quando vi que na pauta da Câmara dos Vereadores estava mais um projeto da esquerda disfarçado de velhinha: o PL 16/2017, que institui o Programa de Atenção Humanizada ao Aborto Legal e Juridicamente Autorizado no Município do Rio de Janeiro. Outro dia queriam criar o “Dia da Maconha Medicinal”. Depois tentaram criar um projeto que anuncia a possibilidade do aborto em hospitais. Tudo, tudo são muito mais disfarces do que contenção de danos. No caso do projeto de Atenção Humanizada, já há profissionais de Serviço Social e de Psicologia gabaritados para essa missão – e se não os há, que se faça concurso, ora essa. No caso da maconha, o que se deve louvar é o canabidiol, esse sim, um avanço para a saúde – não há “maconha medicinal”. E no PL 442/2017 a esquerda queria que todo hospital contivesse um cartaz escrito “em caso de uma gravidez decorrente de estupro, você tem direito ao aborto permitido por Lei”. Ora, todo profissional de saúde de emergências e também de segurança tem perfeito conhecimento disso e pode, sim, oferecer às vítimas essa alternativa – ainda que, na minha opinião, a doação sigilosa do bebê é a escolha mais humanitária. O feto não deveria receber a pena de morte por um crime cometido por um terceiro! Mas enfim: por que anunciar em cartaz, fazer programas de apoio, criar dias comemorativos?

Tudo tem um objetivo: o “contrabando”, a pressão da opinião pública pela legalização. Manipulam a Janela de Overton para tentarem empurrar goela abaixo de nosso povo a legalização do aborto e das drogas.

Particularmente, neste momento o Supremo Tribunal Federal vota a ADPF 442, proposta pelo PSOL, que pede o fim da criminalização do aborto. Li todo o documento, em que o PSOL faz apologia ao fim dos prazos trimestrais e cita Roe x Wade – decisão da Suprema Corte americana que foi anulada em junho do ano passado. Mas acima de tudo, o PSOL tenta atribuir a todos nós, que somos contra a legalização do aborto, uma pecha de fanáticos religiosos tentando se impor sobre um estado laico (e não confessional, como efetivamente somos). Em sessão no STF, o bispo Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da CNBB, é definitivo, quando questiona, diante da ministra Rosa Weber:

“Onde está o fanatismo religioso em aderir aos dados da ciência que comprovam o início da vida desde a concepção? Onde está o fanatismo religioso, em acreditar que todo atentado contra a vida humana é um crime? Onde está o fanatismo religioso em defender que haja políticas públicas capazes de atender à saúde de mães e de filhos?”
Dom Ricardo ainda cita dois artigos constitucionais – o 1º, sobre a Dignidade, e o 5º, sobre a Inviolabilidade. E arremata lembrando que a vida é um direito intrínseco à condição humana, jamais uma concessão do Estado. E cabe aqui lembrar, de uma vez, que há evidentemente diferença genética entre o embrião e o corpo da mãe que o abriga. O feto não é um órgão – e portanto, qualquer limite, qualquer trimestralidade, é meramente arbitrária. Quem defende esses limites está se comportando como se fosse eticamente aceitável extirpar uma vida como quem extrai um apêndice ou a vesícula. E vejam: de um lado temos a crença de que a vida começa com a concepção. Do outro, o lado de quem defende o aborto, a vida começa em um momento qualquer.
Olavo de Carvalho certa vez propôs um exercício, mas em um tempo no qual não se tinha certeza, como se tem hoje, de que a vida começa na concepção. O exercício de Olavo era simples: se a vida realmente começa depois da concepção, nós que somos contra o aborto em qualquer etapa estaríamos no máximo sendo ingênuos.

Se comprovado, como realmente o é, que começa na concepção, estes que defendem são meramente apologistas de assassinatos.

Vamos ver se o projeto que protocolei em setembro terá o apoio ou não da esquerda. Nele, eu sugiro que nos hospitais as vítimas de estupro sejam lembradas de que podem fazer doação sigilosa de seus bebês, vivos, para famílias que sonham com a bênção da maternidade e da paternidade. No projeto, fica estabelecida a obrigatoriedade de afixação de placas ou cartazes informativos acerca do aborto em unidades de saúde do município, contendo as seguintes frases:

1 – Aborto pode acarretar consequências como infertilidade, problemas psicológicos, infecções e até óbito.

2 – Você sabia que o nascituro é descartado como lixo hospitalar?

3 – Você tem direito a doar o bebê de forma sigilosa. Há apoio e solidariedade disponíveis para você. Dê uma chance à vida!

E é isto que queremos: que a esquerda, junto com a gente, aprenda a dar uma chance à vida e ao bem-estar das famílias. Chega de contrabando de lambretas! Chega de falsidades, de invencionices! A vida está acima de tudo!

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Rogério Amorim: A vida acima de tudo

1 COMENTÁRIO

  1. Lacrou.

    Mulheres ricas, amantes de políticos, empresários e herdeiros abortam desde 1900 e bolinha.

    O discurso (seja do viés que for) não supera a realidade.

    A extrema direita deixa de ser “pró vida” quando “bandido bom é bandido morto” ou um filho indesejado lhe tire o dinheiro e liberdade.

    Pura ladainha.

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui