Na era digital, enquanto muitos candidatos investem em estratégias para engajamento nas redes sociais, os veteranos da Câmara do Rio de Janeiro, Rosa Fernandes (PSD) e Jorge Felippe (PP), continuam fiéis a uma abordagem tradicional de campanha. Com mais de 30 anos de experiência e disputando o nono mandato, ambos defendem o contato direto com o eleitorado como peça-chave para conquistar votos. As informações são de Fabiana Paiva/Tempo Real RJ.
Aos 68 anos, Rosa Fernandes, conhecida como “Rainha do Subúrbio”, reconhece a importância de se adaptar às plataformas digitais, mas mantém as raízes na política tradicional, ensinada por seu pai, o deputado estadual Pedro Fernandes. “Chegava da escola e acompanhava meu pai nas andanças pelos bairros. É o que faço até hoje: vou nas casas, ouço os problemas e compro a briga deles” conta Rosa, destacando o valor das conexões presenciais. “As redes são frias. No fim, busco o equilíbrio entre o presencial e o digital, mas conservei o contato direto com o morador.”
Já Jorge Felippe, de 74 anos, relembra seu início na política, quando usava megafone nas ruas e feiras para atrair eleitores. Hoje, modernizado, utiliza microfone e até QR Code nos cartões de visita, mas sua preferência ainda recai sobre a “campanha domiciliar”. “Faço política abraçando, debatendo. Dou meu número de telefone, respondo as mensagens”, afirma. O vereador mantém uma rotina intensa, com 10 compromissos diários, que dobram nos sábados. “Sabe qual o segredo da minha longevidade na política? Eu moro em Bangu, não tenho comitê, faço encontros na casa que foi da minha mãe. Meu eleitor sabe onde me encontrar.”
Rosa Fernandes também mantém o escritório na casa dos pais, em Irajá, reforçando a proximidade com seus eleitores. “Apesar do meu pai já ter falecido há quase 20 anos, até hoje, em todas as ruas da região, sempre encontramos alguém que lembra dele. Estar com as pessoas me faz muito bem.”
Gráfica versus impulsionamento digital
Apesar da popularidade nas redes sociais — Rosa Fernandes conta com mais de 110 mil seguidores — sua prestação de contas parcial revela que a maior parte dos gastos ainda é com material gráfico, somando quase R$ 200 mil, enquanto apenas R$ 5 mil foram destinados ao impulsionamento de conteúdo digital. Já Jorge Felippe, com cerca de 60 mil seguidores, investiu mais no digital, gastando R$ 22 mil com impulsionamento no Facebook, ao passo que destinou R$ 19 mil para material gráfico.
Independentemente da estratégia, ambos os vereadores afirmam que o contato presencial continua sendo essencial. “Com impulsionamento ou não, na reta final, vamos mesmo é gastar sola de sapato”, concluem os veteranos.