Ruas da Saara, no Centro do Rio, serão reurbanizadas

Prefeitura vai investir quase R$ 25 milhões para revitalizar vias e calçadas de uma área de 190 mil metros quadrados; projeto faz parte do pacote de obras do programa ‘Reviver Centro’

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Saara, no centro do Rio. | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

O Centro do Rio de Janeiro ganhará um novo visual em 2023. Desta vez, a mudança acontece nas calçadas e ruas da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega, mais conhecida como Saara. A Prefeitura do Rio vai urbanizar, até o fim de abril, 16 ruas da região comercial.

A promessa da gestão municipal é que com as obras, que vão durar dois anos, os pedestres atravessarão a Saara sem tropeços. No plano, pedras portuguesas, que estão gastas e irregulares, serão substituídas por um novo tipo de piso, conhecido como intertravado – já adotado na região da Zona Portuária do Rio. Também será feito o nivelamento das calçadas com as ruas. Haverá ainda modificações no sistema de drenagem, transferido para o centro da via.

A Saara representa uma das regiões mais democráticas do Rio de Janeiro. É o encontro secular de imigrantes que reconheceram na cidade uma oportunidade de recomeçar a vida, empreendendo aqui, fato que a tornou referência comercial do Rio. Nosso papel, enquanto Subprefeitura, é garantir que a requalificação da Saara irá atualizar e revitalizar o local, respeitando características urbanas e sociais, além de acompanhar as etapas das obras e trabalhar para que o impacto ao comércio seja o mais brando possível“, disse o subprefeito do Centro, Alberto Szafran.

De acordo com os arquitetos do município, a região ganhará ainda mais espaço para quem bate perna pela movimentada Avenida Passos, que divide a região da Saara ao meio. Hoje, as calçadas são estreitas, principalmente do lado esquerdo da via. O tráfego de veículos continuará em três faixas, mas não tão largas.

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O projeto, que tem um orçamento de R$ 24,6 milhões, será focado numa área de 190 mil metros quadrados.

A última grande obra na Saara aconteceu nos anos 1990, quando oito vias, incluindo as ruas da Alfândega e Regente Feijó, foram fechadas de vez ao trânsito. Na nova reformulação, elas continuarão exclusivas para pedestres.

Reviver Centro

As intervenções fazem parte do programa Reviver Centro, sancionado em 2021. O programa visa revitalizar urbanística, social e economicamente, além de dar espaço para projetos residenciais crescerem na região central da capital fluminense.

“As maiores cidades do mundo têm feito, ao longo dos anos, intervenções para melhorar a circulação de pedestres em seus centros comerciais e nas áreas históricas. O objetivo aqui é preparar também essa área para atender os futuros moradores do entorno”, explica a secretária municipal de Infraestrutura, Jessick Trairi.

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Foto Cleomir Tavares / Diario do Rio

Impacto nos comércios

De acordo com Trairi, reuniões serão realizadas com os comerciantes para discutir uma estratégia que evite maiores impactos no dia a dia. Uma preocupação válida de quem trabalha na Saara, que chega a receber cem mil pessoas por dia às vésperas de datas comemorativas como Natal e carnaval.

Saara

A Saara é composta por mais de 1.200 lojas e é considerado o maior shopping ao céu aberto do mundo. E sua história começou em meados do século XX.

As guerras e as crises econômicas que abalaram o mundo, no início do século XX, forçaram muitas pessoas a deixarem seus países de origem. O Brasil, país pacato e com oportunidades de trabalho, virou porto seguro para muita gente.

Nesse período, muitos imigrantes sírios e libaneses desembarcaram no Brasil. Instalados no Brasil, esses imigrantes até tentaram outros tipos de trabalho, como o rural, a exemplo de italianos, alemães e japoneses. Entretanto, o talento deles era mesmo para as vendas.

E essas vendas ambulantes passaram a ter um ponto fixo. Esses comerciantes sírios e turcos se instalaram na Rua da Alfândega. O local, em meados do século XX, não era dos mais agradáveis. Contudo, a insegurança e a sujeira do lugar foram dando espaço para as lojas, que, sobretudo, comercializavam tecidos e materiais para costura.

Mas, apenas em 1962, nasceu oficialmente o SAARA: Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega. Embora esses comerciantes já estivessem lá há décadas, ainda não havia essa organização formal.

A organização formal foi motivada por uma situação extrema. O então governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, queria fazer uma via que ligaria a Praça XV até a Central do Brasil. Essa via passaria pela região do SAARA e muitas lojas precisariam ser removidas.

Nessa época, os comerciantes locais foram dialogar com Lacerda, desejando que essa obra não acontecesse. E eles conseguiram isso usando um grande argumento de que eles, comerciantes, eram os maiores pagadores de ICM (imposto sobre circulação de mercadorias) do Estado. O governo não podia perder essa arrecadação e assim nasceu o SAARA.

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8 COMENTÁRIOS

  1. Policiamento , mercados e farmácias ! O resto vem junto …. Sem isso o centro já era !! Só tem bandido lá … qual comerciante , logista ou até camelo quer ter um negócio onde a população sumiu com medo !! Só tá no centro quem tá obrigado pelo chefes a comparecerem !!! Acodemmm

  2. Infelismente nosso prefeito e sub-prefeitos só pensam em embelezar o centro da cidade o resto e resto , O que tem que fazer e organizar estacionamentos e limpar a região acabar com os camelos ou fazer mais camelodromos pela região ,ai sim teremos um lindo centro da cidade e melhorar a segurança por lá . Já ia esquecendo melhor o transito no centro tbm e valido.

  3. Enquanto isso a região da Cruz Vermelha sofre com o descaso dessa subprefeitura, que nada faz por aqui. Ruas esburacadas, asfalto péssimo e cheio de buracos e calombos, sujeira, desordem urbana, moradores de rua, esgoto a céu aberto etc.

    • Falta um Reviver Centro para o eixo Cruz Vermelha-Bairro de Fátima e adjacências. A região residencial da Lapa é negligenciada há anos pelo poder público municipal, que não reconhece o potencial de verticalização que a área pode oferecer ao carioca. Tanto que o VLT passa pela Praça da República, mas não chega onde estão os moradores do bairro.

  4. Não vai adiantar.
    As autoridades deveriam mesmo retirar a maioria dos ambulantes irregulares das calçadas. Está impossível transitar por elas.
    A Uruguaiana, então, é uma vergonha para os pedestres e visitantes.
    Além da sujeira?

  5. Vão descaracterizar o local e tirar as pedras portugueses, bonitas e tradicionais, e colocar um piso estéril e sem nenhum charme que solta à toa? Se a preocupação é impedir que as pessoas tropecem, boa sorte aos passantes do SAARA, porque esses pisos “modernos” soltam, quebram, afundam, com qualquer coisinha. E haja mais dinheiro para os consertos…

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