A UNESCO reconhece a existência de três tipos de educação: (a) a educação formal, que corresponde ao sistema educativo estruturado hierarquicamente, com cursos estabelecidos em sequência cronológica e que começa com a escola de ensino fundamental e se prolonga até as instituições de ensino superior; (b) a educação informal, isto é, o conjunto de procedimento mediante os quais o indivíduo assimila atitudes, valores, aptidões e conhecimentos pela convivência diária com a família, os amigos, os meios de informação e todos os demais componentes do ambiente que o envolve; e (c) a educação nãoformal, que consiste em uma atividade organizada com finalidades educacionais, em paralelo ao sistema oficial estabelecido, e que é destinada a um setor específico e orientada por objetivos claramente definidos.
Cada tipo de educação desempenha um papel muito importante.São interdependentes e se complementam uns aos outros.
Conforme se verifica na Declaração do Rio de Janeiro[1], aeducação nãoformal contribui com o desenvolvimento do indivíduo, em complemento aos outros dois tipos de educação, e ajuda a construir um sistema educacional mais moderno, holístico e inclusivo. Em geral, trata de matérias que estão previstas como temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Ética, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural, Direitos Humanos, Cidadania, Cultura de Paz etc.), além depromover um conjunto de habilidades e competências que ultrapassam ocurrículo da educação formal.
A educação nãoformal é proporcionada por múltiplos agentes. A título exemplificativo, vale a pena citar a plataforma de educação ambiental, chamada “Earth School”,recém criada pela TED-Ed e ONU Meio Ambiente, com o apoio de diversas organizações como UNESCO, WWF, NationalGeographic, The NatureConservancy, BBC, Conservação Internacional, entre outras. Nessa plataforma, estão disponibilizados matéria de excelente qualidade sobre diversos temas relacionados com o meio ambiente.
Edward O. Wilson, Professor da Universidade de Harvard,proeminente e premiado cientista, considerado um dos maiores ambientalistas do mundo, disse, em sua autobiografia “Naturalista” (Ed. Nova Fronteira), que “o Escotismo parecia inventado exatamente para mim”. “O Manual para Escoteiros, que comprei por meio dólar em 1940, tornou-se o meu livro de cabeceira,a minha ‘posse’preferida”.
O Manual estava cheio de informações sobre a vida ao ar livre, mas o que realmente chamou a atenção de Wilson foram as seções sobre zoologia e botânica com “páginas e mais páginas de animais e plantas maravilhosamente bem ilustradas, explicando onde encontrá-los, como identificá-los”. “As escolas públicas e a igreja não ofereciam nada disso naquela época”, continuou. “O Escotismo legitimou a Natureza como o centro da minha vida.”
No caso específico do meio ambiente, assim como foi para o Professor E. O. Wilson quando ele tinha 11 anos, a educação nãoformal pode ser o portal de entrada para a tomada de consciência ambiental, principalmente num momento em que existem pessoas ocupando cargos importantes que, infelizmente, não acreditam na ciência.
Temas como o cuidado com a água e a proteção dos nossos biomas, a importância dos oceanos e da biodiversidade para a vida na Terra, as mudanças climáticas, o consumo consciente, os problemas do lixo e do uso de plásticos descartáveis, o desenvolvimento de fontes limpas de energia, os impactos negativosdas queimadas e dos agrotóxicos,o reflexo dacomercialização de animais silvestres no surgimento de doenças zoonóticas como o ebola, a SARS, a MERS, a gripe aviária e, agora, a COVID 19, não podem mais ser deixados para depois.
Como disse o ator Harrison Ford (em vídeo veiculado pela ONG Conservação Internacional nas suas redes sociais no último dia 02 de junho), “não é sobre animais, árvores e icebergs. É sobre a habilidade de uma comunidade sobreviver. É sobre os seus filhos, o que você consome, o seu futuro. Se nós não pararmos a destruição da Natureza, nada mais importará. Simples assim.”
[1] Em dezembro de 2019, foi realizado o I Fórum Mundial de Educação Não Formal no Rio de Janeiro, em uma iniciativa da Organização Mundial do Movimento Escoteiro em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Escritório do Enviado da Juventude do Secretário-Geral da ONU (UNYouthEnvoy). O resultado das discussões durante os três dias de Fórum está condensadona Declaração do Rio de Janeiro, que pode ser acessada pelo link.