Por Bernardo Moura
Continuo a polêmica do post passado sobre as transmissões de Carnaval. Pude perceber que muita gente comentou contra e à favor da Manchete e da Globo. Bom,em todo o caso, fui procurar saber o ponto de vista das emissoras envolvidas.
A emissora de Roberto Marinho encaminhou-me um email dizendo que a meta deste ano do carnaval Globeleza foi "trabalhar com mais integração entre o jornalismo e o entretenimento", segundo um dos novos diretores de núcleo, Roberto Talma (o outro era o Boninho, do BBB). Assim como as imagens 3D que seriam realizadas, passariam em circuito fechado da Sapucaí para um futuro teste de exibição em rede nacional.
Já a infra-estrutura, como disse, foi a ausência da bolha azul e o aumento do Esquina do Samba. Foram sete câmeras ligadas a microlinks, equipamentos que disponibilizam o repórter e cinegrafista entrarem ao vivo sem cabos e, mais, 60 pessoas entre repórteres, cinegrafistas, editores e produtores trabalharam na cobertura. Creio que este tal de microlink foi utilizado nas concentrações e nos camarotes da Avenida.
No jornalismo, fez-se mais presente em "todos os pontos da Avenida". E quanto a estes profissionais, citam que os narradores do Rio, Glenda e Luis Roberto, mergulharam no mundo do samba desde o começo do ano a fim de proporcionarem melhor tradução ao espectador do que estaria vendo. Quanto ao Chico Pinheiro, explicam apenas que estaria posicionado em "espaço próximo aos locutores" e sua estreia na função como apresentador do espaço Esquina do Samba. O apresentado Cléber Machado, sendo assim, ocupa o posto de narração de SP, ao lado de Mariana Godoy:
– O nosso papel é traduzir, da melhor maneira possível, a beleza e a emoção que cada escola traz. E a cada ano é sempre um desafio. Estou feliz por transmitir este espetáculo que mostra ao mundo inteiro o talento e a criatividade do Brasil. E 2010 marca o meu reencontro com o Carnaval de São Paulo – diz Cléber.
Na Manchete, achei um texto interessante no falecido site da emissora, dizendo que o Adolpho Bloch, dono da rede, tinha uma paixão pelos quatro dias de folia. Lá, eram feitos boletins sobre samba e carnaval antes da folia: " Feras do Carnaval" e "Esquentando os Tamborins" e, durante a transmissão, "Botequim do Samba", "Debates do Carnaval" e "Jornal do Carnaval".
Até 1984, a Manchete era exclusiva nos direitos de transmissão dos desfiles do Grupo Especial. E liderava audiência com 30 pontos. Quem ficava a cargo da narração era o saudoso Fernando Pamplona. A partir de 85, a Globo dividia a transmissão com a Manchete, ganhando sempre na disputa por ibope. Mas aí, quem narrava no canal 4 era o Fernando Vanucci.
O diretor da então emissora, Rubens Furtado, dizia que era agora que a Manchete teria de mostrar de melhor: "Carnaval não dava lucro, mas trazia prestígio", dizia. Em 98, seria o último ano de exibição do carnaval carioca pelo canal 6.
Atualmente, a TV Globo ocupa o lugar da Tv Manchete na transmissão. É ela que tem os direitos, em acordo de quantia não revelada pela Liesa, para tal. Porém, esta unanimidade ficou abalada em 2008, quando a emissora do bispo Edir Macedo, Tv Record, se mostrou interessada em transmitir o carnaval. No entanto, a Globo renovou seu acordo milionário com a Liesa deixando a outra a ver navios.O contato com a TV Record foi feito e ela não quis se pronunciar sobre o fato.
Portanto, nós, que assistimos ao carnaval pela TV, ainda teremos que sintonizar no canal 4. Contudo, não se sabe por quanto tempo.
Foto: Carnaval – Rio de Janeiro – 23 por Marcus Correa