Samba do Rio: Escolas erram feio

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Por Bernardo Moura

São Clemente A noite de ensaios técnicos de domingo foi pavorosamente inexplicável. São Clemente, Viradouro e Grande Rio, escolas boas no currículo, apresentaram falhas parecendo que surgiram ontem. E o pior: às vezes, o erro era sem motivo. Mesmo assim, num calor de 41 graus, o Sambódromo lotou (45 mil pessoas) e o povo fez a festa. Já é carnaval na cidade!

 

A primeira a chegar foi a São Clemente. Escola da Zona Sul, que aborda sobre o "Choque de ordem na Folia", trouxe 2 mil pessoas à avenida. A comissão de frente não revelou muita coisa. O coreógrafo  Caio Nunes revelou que seus 15 homens virão de guardas do choque de ordem:

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"É para colocar ordem no carnaval", disse.

 

O primeiro casal de mestre e sala e porta-bandeira, Marcelinho e Jaqueline fizeram bonito. Me contaram que sua fantasia irá homenagear o sol do Rio de Janeiro. E olha, no ensaio que fizeram ontem, o mérito é merecido.

 

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Além deles, os destaques da noite foram a rainha de bateria, Bruna Almeida, filha do presidente Renato Almeida Gomes, que irá ser a "xerifa" da escola e, o eterno e célebre gari, Renato Sorriso. Por já ter se tornado uma marca da cidade, ele virá dele mesmo:

" Fiquei bastante honrado com o convite, em fazer parte da história do carnaval. Quando a TV exibe seu talento, é porque você presta. E se você  presta, muita gente acompanha seu talento", avaliou.

Em contrapartida, a São Clemente não foi só plumas e paetês. Quando a bateria estava no meio da avenida, começou a correr até chegar no segundo recuo.Uma vez no box, abriu-se um clarão considerável até que a ala de trás desse conta do espaço. Se fosse o dia do desfile oficial, perdia vários pontos em harmonia e evolução. Sendo que estes iriam aparecer mais vezes ao longo da noite.

Viradouro não canta

 

Viradouro O ensaio da Viradouro marcou pela quantidade de gente em frente ao setor 1. Minutos depois via-se que era a "comitiva" do presidente Marco Lira. Ele, simpático, pediu desculpas à comunidade e ao público presente por apenas fazer um ensaio técnico. Explicou que por motivos de ameaça de fechamento da quadra, o ensaio de dezembro não foi realizado. Mesmo assim, convocou a todos a passarem "uma tarde maravilhosa" no Barreto, em Niterói (local da quadra).

 

Enquanto as arquibancadas ganhavam lencinhos vermelhos, Sérgio Lobato revelava que os movimentos a serem feitos dali a poucos minutos seria para alegrar o povão. Já os movimentos…

"Não posso falar muita coisa. Vou deixar a surpresa para o final", afirmou.

A porta-bandeira, Ana Paula,contava que a fantasia "tem pedras originais francesas. Sabe qual é? Venho cheia de diamante Negro" dizia.Mais pra frente, eles seriam o principal destaque da escola. No decorrer de sua apresentação, paravam e se beijava calorosamente. Desnecessário dizer que eram ovacionados.

O esquenta do ensaio foi o samba de 98, "Orfeu, o negro do Carnaval". Aquele com samba "Hoje o amor está no ar/vaio conquistar seu coração…" Nesta hora, o público cantava em uníssono relembrando aquele belo carnaval.

 

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A escola trouxe um tripé representando o México. Nele, estava um destaque em vermelho e branco. Depois, os 2 mil componentes empolgaram o público. A animação deles era louvável. Porém, havia somente pulos, braços e pés que se agitavam e balançavam. Mas faltava um detalhe hiper importante: o canto. Para cada cem pessoas numa ala, por exemplo, pelo menos, 10 pessoas não cantavam e/ou conversavam. Estes 15, juntos, formavam um bom contigente que atrapalhava a evolução da escola. Eu mesmo pedia aos componentes cantarem. Chato? Pode ser, mas queria que tudo desse certo para o pessoal de Niterói.

 

Depois, a bateria fez um recuo do segundo box perfeito. No entanto, antes de chegar nele, errou feio na volta de uma paradinha, em pleno setor 3. Muita gente fez cara feia na hora do ocorrido, mas depois Mestre Jorjão acertou o pique. Ele, por sinal, fez poucas paradinhas.

 

Na harmonia, a Viradouro tirou nove. Da metade para o final, as alas se pareciam a verdadeiros blocos, ficando desorganizadas.

 

E aqueles lencinhos que foram distribuídos, no início do ensaio, trinta minutos depois, estavam parados ou viraram objetos de brincadeira de crianças.

 

Grande Rio tem pressa

Grande Rio A escola de Caxias, foi a terceira a ensaiar na noite de domingo. E ela veio preparada: 130 ônibus especiais fretados vieram daquele município para o ensaio. Não só eles, como uma pá de seguranças que faziam a vigilância de anônimos e jornalistas que estavam na pista, a fim de protegerem celebridades, artistas e a diretoria da escola.

 

Exatamente, por isso, o ensaio foi conturbado. A começar pela quantidade gigante de pessoas na pista sem motivo. Perguntei a uma delas qual a ligação delas com a escola. Olha a resposta:

"Não sou Grande Rio. Estou aqui porque ganhei a camisa e vim prestigiar", afirmou um fotógrafo que fazia parte do "bolo".

O tal "bolo" estavam artistas e celebridades. O cantor Marcelo Augusto, que estava perdido em outro ponto da escola disse que aquela ala tem a função de "captar energia boa da Sapucaí". Pelo menos, no ensaio, o objetivo não foi cumprido. A Sapucaí ficou parada do começo ao fim do ensaio.

 

Um tripé luminoso com néon com o Arco da Apoteose, de Niemeyer, ao fundo, era palco de duas mulatas e David Brazil fazerem a alegria dos espectadores. Logo em seguida, uma morena com corpo a La Gracyane Barbosa (rainha da Vila Isabel) requebrava o bumbum em cima de um latão da patrocinadora do carnaval caxiense.  Na comissão de frente,. Renato Vieira, afirmava que iria homenagear o samba, o show que é o carnaval com a párticipação da atriz Cris Vianna. Ela, alçada em uma parte da coreografia, achava "tudo um máximo".

 

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Quando o relógio marcava dez minutos de ensaio, a Grande Rio, sem motivo, começou a correr com suas alas.  Sendo que, neste primeiro setor, havia bastante coreografia (passo marcado).

Um ponto bom foi que a escola veio toda delimitada em tripés indicando o setor e o contexto. Curioso perceber que as alas mais animadas eram as de que trajavam camisa verde (todo o resto vestia camisa branca), os componentes de alegorias.

 

Dentre as 3.800 pessoas,de acordo com a harmonia da escola, estavam as alas comercias. Nelas, estavam pessoas que não sabiam cantar o samba e que pareciam perdidas.

 

A evolução e a harmonia, mais uma vez, passaram bem longe de Caxias. Quando a escola estava em frente ao setor 11, as alas, novamente, começaram a correr, fazendo um imenso buraco até o tripé da alegoria 3, que não dando conta de tapar o espaço, corria também. Conclusão: o presidente da escola, Helinho, via tudo com sua ala "captadora de energia", começou a ficar desesperado pela falha grave e, ele mesmo foi tentar consertar o erro.

 

A estréia de Mestre Ciça, no entanto, não foi uma das melhores. Apontado como o inovador do Carnaval, no quesito bateria, fez uma atuação morna. Suas paradinhas, uma delas que duravam alguns minutos, fez a comunidade atravessar o samba algumas vezes. Nem a coreografia de metade da bateria com a rainha, Paola Oliveira, esquentou o público.

 

Feito o recuo, a ala "especial" atrapalhou de novo a escola. As alas que iam em direção à Apoteose, tiveram que desviar dos intocáveis, pois estes estavam ocupando quase metade da pista ao lado do recuo da bateria.

 

Por fim, a noite deste domingo serviu para acabar com as expectativas. As boas, pelo menos, as escolas não fizeram bonito. Como disse um diretor de harmonia: "treino é treino, jogo é jogo". Será?

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