Samba do Rio: Xangô da Mangueira – uma lenda, um mito

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Por Bernardo Moura

 

Xango da Mangueira  Nesta semana, a coluna Samba do Rio presta homenagem a, nada mais e nada menos que, Xangô da Mangueira. Como se sabe, o senhor Olivério Ferreira veio a falecer na semana passada e passou a encantar o outro lado.

 

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A história de Xangô começa quando ele surge numa época na qual o samba não era “engolido” ainda pela classe formadora de opinião.

 

O menino que passou a infância em Paracambi (na Baixada Fluminense), não deixou por menos e foi tentar sua vida musical. Com claras influências de Cartola e Paulo da Portela, uma vez que quando criança, ele sonhava em ser um dos dois um dia, o jovem operário da fábrica de tecidos improvisava seus versos a partir da linguagem do cotidiano da roça. A canção “Moro na Roça” (Moro na roça, iaiá/nunca morei na cidade/compro jornal da manhã/para saber das novidades) é um bom exemplo.

Algum tempo depois, sua voz potente despertou em Paulo da Portela, a sua carreira promissora nos sambas das escolas. Pois, nesta época, as escolas eram verdadeiros berços de partido-alto. Estilo que encantou nosso mestre saudoso e que ficou famoso por volta dos anos 70. Fazendo com que, Xangô lançasse seu primeiro LP “O Rei do Partido-alto” (1972).

 

xangodamangueira_282 Para o historiador e pesquisador Haroldo Costa, Xangô foi um partideiro por excelência: “Versava como poucos e tinha um jeito especial para cantar. “Quando eu vim de Minas” e Moro na Roça” são exemplos do seu talento e da sua capacidade de observação como compositor.”

 

Começando na Unidos de Rocha Miranda e depois, sendo alçado para azul-e-branca de Madureira, Xangô e Paulo foram para Lira do Amor. Coisa que não durou muito tempo, ocasionando na ida, concedida por seu mestre, do rei do partido alto à verde e rosa. Lá, teve que provar à comunidade de sua capacidade num concurso de talentos. Ficando em primeiro lugar, ganhou um posto de terceiro diretor de harmonia da escola. Posto que também foi versado e cantado em seu LP na canção “Diretor de harmonia” (‘Sou eu o diretor de harmonia/aviso para entrar a bateria/sou eu quem manda o mestre-de-sala/se apresentar a porta-bandeira Maria”).

 

Xangô, o operário engraçadinho da máquina de rolos que colocava apelidos em todos, ganhou ali o seu. Por uma provocação simples, um operário novo que acabara de chegar à fábrica decretou o apelido eterno do partideiro.

 

Nos dias atuais, Olivério Ferreira deixou um legado impressionante para o mundo do samba. Cantado por velhos e novos, ele fará parte eternamente dos bailes, dos shows, dos ensaios, das festas etc. Rodrigo Carvalho, vocalista do grupo Galocantô, o nomeia como uma das mais importantes figuras do mundo do samba:

“Sua essência é o próprio samba, do partido alto ao samba de enredo, do canto à dança. Há dez anos, o Galocantô, nos seus primeiros cantos, já fazia a roda de samba do Mestre Xangô. Era na Casa da Tia Elza, no Horto. Boas recordações e o aprendizado que nunca se perde. Salve!”

Falando em aprendizado, Xangô está presente também nas escolas de música de todo o país, quiçá do mundo. Aqui no Rio, algumas especializadas em carnaval propriamente dito, dispõem de partituras de Olivério para aqueles que querem aprender um instrumento de percussão, ou até mesmo, na voz.

Logo, Xangô da Mangueira ficará para a história e não mais desaparecerá dela. A frase de Haroldo Costa, relata o traço marcante que este homem deixará para o mundo: “Além de ter sido um dos mais competentes diretores de harmonia, não só da Mangueira, como do próprio carnaval”.

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