Em uma cerimônia marcada para quinta-feira (22/02), a Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa, localizada em Botafogo, será oficialmente elevada à condição de Basílica Menor. A solenidade será presidida pelo Cardeal Dom Orani Tempesta, em reconhecimento à relevância histórica e à beleza arquitetônica da paróquia.
O título de Basílica Menor foi concedido pelo Papa Francisco, destacando a importância da igreja e sua contribuição para a fé católica. Esta será a sétima basílica menor no Rio de Janeiro, somando-se às aproximadamente 80 existentes em todo o Brasil.
A escolha da data para a celebração coincide com a Festa da Cátedra de Pedro, momento em que se celebra a autoridade do primeiro pontífice da Igreja Católica. Fundada originalmente em 1809, na Lagoa, a São João Batista da Lagoa é considerada a primeira igreja da Zona Sul do Rio de Janeiro, com laços históricos com a Família Real portuguesa. Desde 1836, a paróquia está localizada na Rua Voluntários da Pátria, desempenhando um papel central na vida espiritual e cultural da região.
Dentre outras presenças ilustres, a cerimônia contará com a presença dos cavaleiros e damas da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, milenar organização católica que sustenta as obras da Igreja na Terra Santa.
No Rio, há outras basílicas menores, como Imaculado Conceição em Botafogo, Nossa Senhora da Penha na Penha, Imaculado Coração de Maria no Méier, Santuário São Sebastião e Igreja dos Capuchinhos na Tijuca, e Nossa Senhora de Lourdes em Vila Isabel. Todas possuem ao seu lado direito um Umbraculum, a insígnia papal parecida com um guarda-chuva, além do Tintinnabulum, um pequeno sino que figura na procissão do Corpus Christi e outras solenidades.
As únicas basílicas maiores estão na Cidade de Roma e são quatro: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros.
História da Igreja de São João Batista da Lagoa
O Príncipe-Regente Dom João VI , ao chegar no Rio de Janeiro em 1808, teve como um de seus primeiros atos o Decreto Régio de 6 de novembro de 1808 que mandava desapropriar o Engenho e as terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, incorporando-as aos bens da Coroa. Na época, D. João recebeu uma petição dos moradores da Lagoa e Botafogo, reivindicando a criação de uma freguesia própria.
Em 1809 foi expedida a Resolução nº10, criando a Freguesia de São João Batista da Lagoa, com sede provisória na Capela de Nossa Senhora da Conceição. A Capela próxima à Lagoa Rodrigo de Freitas, era uma pequena construção rural de 1732, localizada em um lugar isolado. A Capela desabou em 1826, forçando a transferência da Matriz para a primitiva capela de São Clemente, que era ainda menor.
Em 1831, o Marquês Joaquim Marques Batista de Leão doou à Paróquia um terreno na rua nova de São Joaquim aberta pelo mesmo Batista de Leão em 1826, em terras de sua chácara. Em junho de 1831 foi lançada a Pedra Fundamental do novo templo, pelas mãos do próprio Bispo do Rio de Janeiro, D. José Caetano. Com a morte do Bispo, coube ao Major Beaupaire Rohan o projeto da Matriz, sendo a Capela-mor consagrada em 1836 e no ano seguinte, a do Santíssimo Sacramento, concluída em 1841.
Por volta de 1860, o templo ainda em obras, o vigário Pe. José Correia de Sá Coelho, transferiu definitivamente a pia batismal para a nova a nova sede, abandonando em definitivo as Capelas de Nossa Senhora da Conceição e São Clemente. A modesta arquitetura da Mariz já não satisfazia a alta sociedade botafoguense, daí em 1873 decidiu-se pela reconstrução total, rapidamente iniciada. Em 1877 já estavam prontas as obras do corpo da Igreja, sendo concluídas as torres em 1900. Curiosamente os sinos só foram colocados em 1947, fundidos pelo Arsenal da Marinha. No início do século passado foi instalado na Matriz seu famoso órgão, considerado o de melhor sonoridade no Rio de Janeiro.
Em 1958, a municipalidade resolveu alargar a Rua Voluntários da Pátria. Baseado nessa premissa, o Vigário de então decidiu demolir a velha Matriz botafoguense e erguer um templo moderno. Os altares laterais, a Capela do Santíssimo e o retábulo em madeira de estilo rococó tardio, foram danificados. Foram demolidas também as paredes laterais e do templo, bem como o batistério e sumindo a histórica pia batismal, datada do início do século XVIII. Com a estabilidade afetada, a pesada abóbada de alvenaria rachou, e a fachada se inclinou sobre o adro e a rua.
Quando se iniciava a demolição final do templo, houve um protesto dos fiéis, que conseguiram não só interromper a destruição como também substituir o pároco. Assumiu então o Pe. Arlindo Thiesen, que arcou com a difícil tarefa de salvar a antiga Matriz. A partir de 1967, foram executadas as obras de restauração, que conseguiram cessar a inclinação frontal. Foram abertos alguns arcos na nave principal. Em 1999 foi instalado na torre um novo relógio, de fabricação francesa. O templo foi elevado à categoria de Igreja Matriz em 3 de maio de 1809. Em 1987 é tombada pelo Institutio Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e em 2024 é elevada a condição de Basília Menor por Sua Santidade Francisco, Bispo de Roma.
Com a criação da Paróquia de São João Batista da Lagoa. Tem capacidade para 250 fiéis sentados e desenvolve programas sociais através das pastorais da Saúde, da Terceira Idade e da Esperança, além de outras. Há ainda a Pastoral da Criança, os Alcóolicos Anônimos, Narcóticos Anônimos e Neuróticos Anônimos e Emocionais Anônimos.
Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro, Orlindo José de Carvalho – Manual, 2009