Sebos e livrarias tornam-se palcos do turismo carioca

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Além de serem e possuírem um acervo único, sebos, livrarias e cafés são marcados pela por sua estética e estilo nostálgico e também por suas histórias que se confundem com o próprio surgimento das cidades e seus polos culturais. Foi pensando nisso que a guia de turismo Juliana Fiuza criou o walking tour “Um Rio de Livrarias, Sebos e Cafés”, que passeará pelos principais marcos livreiros do Rio, neste sábado (26/10).

O roteiro é uma oportunidade para conhecer a origem dos sebos, que possuem uma relação especial com as raízes da Cidade Maravilhosa. A origem da palavra ‘sebo’, por exemplo, tem toda uma história cercada de lendas. Entre as inúmeras versões que explicam sua etimologia, a mais conhecida é que seria uma metonímia sobre livros que são muito manuseados ficarem ensebados. Quem conta essas histórias é Juliana, que foi a fundo nas pesquisas e nos livros para montar o roteiro do passeio cultural:

“Eu recebi um folheto com a referência de todos os sebos e livrarias do Rio, alguns eu não conhecia, mesmo frequentando mensalmente a maioria deles. Como já faço inúmeros passeios no meio literário, resolvi criar um que falasse dos sebos e das livrarias, sem excluir os cafés que coexistem em algumas. A pesquisa se concentrou então e livros escritos por cronistas, como João do Rio, Luís Edmundo, Machado de Assis e Lima Barreto, que se preocuparam em registrar o Rio e sempre abriam um espaço para a literatura. Artigos acadêmicos também foram essenciais”, afirma a guia de turismo.

O tour tem a concentração inicial no Theatro Municipal e passa pelos principais sebos da cidade: Academia do Saber, Letra Viva e Antiqualhas. Outro ponto bem conhecido dos cariocas também é lembrado durante o passeio. A Saraiva, da Rua do Ouvidor, também faz parte do roteiro. Durante a realização do tour, haverá uma vitrine preparada especialmente para os participantes do passeio, com livros selecionados sobre o Rio e escritores cariocas, além do sorteio de um kit preparado pela loja para um dos participantes. As maiores e mais antigas livrarias alternativas da cidade, Folha Seca e Leonardo da Vinci, também não ficam de fora. Esta última existe há mais de 50 anos e atualmente é comandada por Daniel Louzada que trouxe novos ares para a livraria, como café e coleções interativas e instigantes.

“Trabalho com livros há muito tempo. A Da Vinci foi a oportunidade de realizar um sonho pessoal e continuar trabalhando com livros em algo que fizesse sentido para mim, uma livraria independente que não fosse um mero entreposto de venda, mas um espaço de discussão e troca para a comunidade, para a cidade. Acredito que esse é o presente e o futuro possível para o comércio de rua com as nossas características. A Da Vinci se baseia, em primeiro lugar, no espírito que a livraria cultivou e desenvolveu ao longo de décadas. Esse é o pilar fundamental. Em segundo lugar, estamos sempre atentos ao que as livrarias independentes estão fazendo no mundo e no Brasil para se manter em conexão com os leitores e cidadãos”, afirma Daniel.

O passeio “Revelando Um Rio de Livrarias, Sebos e Cafés” é dedicado a todos aqueles que amam livros, cultura e história, sendo uma oportunidade para conhecer um pouco mais sobre as origens do Rio. Para participar, é pedido uma contribuição a partir de R$10, que pode ser pago no dinheiro ou cartão, para a manutenção do projeto e remuneração dos guias, que não recebem qualquer tipo de patrocínio e o projeto é financiado com as contribuições dos próprios participantes. Outras datas estão previstas para acontecer o mesmo tour, para mais informações basta entrar em contato com a guia de turismo Juliana Fiuza pelo telefone e whatsapp 21 98091-2606

Três histórias cariocas que ilustram como o Rio mudou o mercado editorial no Brasil:

1) Outra descoberta de Juliana foi a forma como os livros eram vendidos e que contrasta com o cenário atual do setor livreiro. Em “A Alma Encantadora das Ruas”, João do Rio detalha sobre os livreiros, que não só eram muitos pelas ruas, mas que também recitavam versos e histórias para venderem as obras: “O curioso é que ele informa que era uma profissão muito rentável, que o lucro do dono de uma livraria era de seiscentos por cento, e que a comissão dos livreiros ambulantes era ótima, portanto, se vivia tranquilamente só vendendo livros. Hoje vivemos em uma crise do mercado editorial, e se passaram só cem anos”, explica Juliana.

2) A livraria José Olympio, com fundador homônimo, foi criada em 1931, em São Paulo, mas logo depois, em 1934, foi transferida para o Rio, na Rua do Ouvidor, 110. Foi a maior editora do país nas décadas de trinta e quarenta. Entre os trabalhos editoriais mais proeminentes de Olympio estão uma coleção de José de Alencar, de 1951; e, em 1952, publicou a primeira tradução brasileira de Dom Quixote.

3) Numa época em que o comércio de livros era dominado por estrangeiros: Garnier (francês), Laemert (irmãos e alemães), surge o fluminense Pedro da Silva Quaresma, que comprou a Livraria do Povo. Por cinquenta anos foi o único livreiro brasileiro. Ele sentiu que tinha um público-alvo a ser conquistado: a população semiletrada e ofereceu um livro fácil de compreensão e bem prático de ser lido. Propõe então um livro de cunho popular em formato reduzido, o que chamamos hoje de Pocket Book. Acessível também no preço. Ficaram conhecidos como “Edições Quaresma”.

Serviço: Revelando um Rio de Livrarias, Sebos e Cafés / Walking tour que revela as origens dos livreiros do Rio de Janeiro através de visitações a sebos, livrarias e cafés históricos do centro da cidade / Data: 26 de outubro (Sábado) / Horário: 11h / Duração: 3h aprox. / Começa: Escadaria do Theatro Municipal / Termina: Livraria Folha Seca (Rua do Ouvidor) / Guia de Turismo: Juliana Fiúza / Sugestão do que levar: Água, sapatos e roupas confortáveis / Valor: Contribuições a partir de R$10. É possível pagar em dinheiro e cartão de crédito ou débito.

Link do evento.

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