Com mais de 30 anos de atuação na Polícia Federal, o delegado Victor César dos Santos, atual secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, atuou em vários casos de grande repercussão, como os que resultaram nas prisões de Sandrinho Beira-Mar, ex-homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar, na Rocinha; e do bicheiro Rogério Andrade. Ele também esteve à frente da segurança do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, e da posse do presidente Lula, no Planalto.
O delegado, que estava prestes a se aposentar e abrir um escritório de advocacia, recebeu um convite do governador Cláudio Castro (PL) para chefiar a ressurreta Secretaria de Segurança, desmontada na administração de Wilson Witzel. Com o convite, Castro propôs reverter os índices de criminalidade no Rio de Janeiro.
Para Victor César, o caminho para desmantelar as quadrilhas de vários tipos que atuam no território fluminense é a asfixia financeira dos grupos criminosos. É preciso seguir e apreender o dinheiro gerado ilegalmente por essas organizações. Sem isso, segundo o delegado, a polícia apenas enxuga gelo
Em entrevista ao site Brazil Journal, o secretário de Segurança fluminense detalhou as estratégias para o enfrentamento da criminalidade insidiosa e deletéria que atua no Estado do Rio há décadas, sem que respostas satisfatórias tenham sido dadas à população. A própria recriação da pasta que agora lidera é uma das tentativas do Executivo estadual de colocar ordem na casa. Mais enxuta, a secretaria passou de 365 cargos para 90, para dar mais agilidade aos procedimentos necessários.
Victor César destaca que o protagonismo deve ser exercido pelas Polícia Civil e na Polícia Militar, que continuarão a ter status de secretarias, para garantir autonomia administrativa e financeira às instituições.
Para ele, a secretaria de Administração Penitenciária também é de extrema importância, uma vez que “tudo começa e termina no sistema penitenciário”, disse ao jornal, acrescentando que a Secretaria de Segurança Pública deve focar no fortalecimento institucional, na valorização da carreira policial e na ampliação do uso da tecnologia no combate ao crime.
De forma imediata, Victor César Santos prioriza o enfrentamento aos roubos com ameaças e violência; além da reincidência da prática criminal. Para o secretário é urgente aumentar a sensação de segurança da população.
Ao veículo, ele afirma que alguns índices criminais estão em recuo, mas os dados não são percebidos pela sociedade por falta de uma comunicação mais eficiente. Sobre a reincidência, Santos destaca que o Governo do Estado está dialogando com o Ministério Público e o Judiciário, para quebrar o ciclo prende-solta, que apavora os habitantes do Rio.
O uso intenso de tecnologia no policiamento é um dos recursos para coibir a atividade criminosa, destaca Victor César, que citou as prisões realizadas durante o Réveillon, por meio do uso de um software de inteligência artificial, que alerta o comando policial quando identifica um criminoso procurado ou a placa de um carro roubado.
A prisão do ladrão que agrediu o comerciante Marcelo Benchimol, em Copacabana, foi resultado do uso da tecnologia nas investigações. Segundo Victor César, o criminoso havia sido abordado pela Polícia Militar 56 vezes, além de ter dez passagens pela polícia, sendo sete como menor e três como maior.
O desafio para a ampliar e consolidar resultados como esse está na comunicação entre os bancos de dados, que ainda é falha, segundo o policial. Por isso, a pasta tem trabalhado na integração das informações. O recurso da inteligência artificial, por exemplo, permitirá à polícia encontrar padrões para a antecipação de ocorrências e realização de ações preventivas.
Quanto ao enfrentamento do crime organizado, Victor César Santos afirma que é essencial impedir que os bandidos façam dinheiro através de atividades, como roubo, venda e receptação de celulares; roubos de fios e de cargas; comercialização de produtos ilegais em feiras, como em Acari, na Zona Norte da cidade.
A ação preventiva, segundo o secretário, é mais eficiente e menos custosa para a população e para os policiais, que ficam desmotivados diante dos baixos resultados. O trabalho de asfixia financeira do crime organizado é de médio e longo prazo, sendo que uma vez desarticulado o caminho do dinheiro, a capacidade bélica, operacional e de corrupção dessas quadrilhas ficam comprometidas.
No Rio de Janeiro, a situação é dramática, pois grupos criminosos disputam território para impor à população o pagamento por serviços, como gás, luz e pela ‘gatonet’. Antes prática de milicianos, hoje de ‘narcomilícias’, a cobrança por serviços é fonte de disputas intensas entre criminosos, como acontece na Zona Oeste da cidade.
O monitoramento dos bandidos, de acordo com Victor César, é essencial para antecipar as suas ações, em especial, as movimentações financeiras, que, por serem impessoais, acabam levando à identificação de várias modalidades criminosas, como: tráfico de drogas e de armas, fraudes em licitações, corrupção, entre outras.
Para que todo esse cenário e suas consequências sejam desmantelados, e a crise de segurança fluminense ultrapassada é preciso haver integração e coordenação dos trabalhos entre as autoridades do Rio e dos outros estados da região Sudeste, ressalta, Victor César Santos.
Informações: Brazil Journal
Se o Rio não fechar as suas fronteiras com os Estados limítrofes (SP, MG e ES), continuaremos ver essas balelas do porque chegamos nessa situação, visto que 90% das armas e drogas que adentram no estado fluminense, e alimenta o crime organizado no Rio, vem daí.
E mais: aprofundando naqueles que realmente aparelha as organizações criminosas no Rio
saberemos que tem dedo das elites financeiras e burocráticas políticas de um estado que se intitulada “motor do Brasil”!