SG: Joia do período colonial, Fazenda Colubandê é totalmente restaurada

Conjunto arquitetônico recebeu R$ 7,3 milhões, em investimentos do Governo do Estado, para colocar em ordem a casa-grande, a senzala e a Capela de Sant’Ana

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Belo conjunto da fazenda do século XVII / Reproduçao e Extra

Um dos marcos da arquitetura colonial, no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana fluminense, a Fazenda Colubandê, antes abandonada e depredada, foi totalmente restaurada pelo Governo do Estado, por meio da EMOP-RJ e com o apoio de uma equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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A construção recebeu R$ 7,3 milhões, em investimentos, para colocar em ordem a casa-grande, a senzala e a Capela de Sant’Ana; a mais antiga das construções. Erguida em 1618, a Capela é composta por torre, nave, capela-mor e sacristia. O restauro pôs a termo as rachaduras que fragilizavam a edificação e que fizeram o teto desabar, fragilizando ainda mais a segurança local a ponto de as peças do altar terem sido furtadas.

Ao lado da igreja, a casa-grande que foi construída utilizando pedra, cal e tijolo, também passou por restauro. Com cerca de 700 m², o casarão conta com pavimento térreo, onde ficava o senhor de engenho; e o porão, usado como senzala e depósito. As paredes da edificação têm 1,5 metro de espessura.

Tanto a capela quanto a casa-grande tiveram os telhados reforçados, após a substituição das telhas e das peças defeituosas. As telhas novas foram instaladas abaixo das antigas e as paredes estabilizadas.

Os procedimentos foram realizados com cuidado para preservar as características originais dos imóveis e o seu valor histórico. Na Capela de Sant’Ana, uma parede inteira foi reconstruída usando técnicas coloniais; sem cimento.

Os azulejos portugueses do templo, que haviam sido roubados, foram recuperadas pela Polícia Federal. As peças foram restauradas ou tratadas e depois reinstaladas. Foi feito ainda o preenchimento criterioso dos espaços vazios, para assegurar a integridade e a autenticidade da capela.

Os técnicos do Iphan ressaltaram que os restauros promovidos entre os anos de 1980 e 1990 recuperaram o valor histórico do conjunto arquitetônico. Assim como agora, na ocasião, foram aplicados os métodos de construção da época para respeitar as características dos prédios. As técnicas modernas foram empregadas apenas para dar suporte estrutural.

O presidente da EMOP-RJ, André Braga, disse que a Fazenda Colubandê, por sua história, é um patrimônio de São Gonçalo e fluminense, por isso representa uma das obras mais importantes já executadas pelo órgão.

História da fazenda

A casa-grande foi construída no século XVII por Catarina Siqueira, que a vendeu com as obras ainda curso para o judeu Benamyn Benevitis, que cultivava produtos na fazenda usando mão de obra escravizada. Por anos, o engenho foi um dos mais produtivos do país.

Perseguido pela inquisição, Benamyn se converteu ao cristianismo, adotando o nome Ramires Duarte Leão. Como muitos cristãos novos, Duarte Leão continuou professando o judaísmo, além de dar abrigo a outros judeus perseguidos de outros países.

Com a sua morte, sua esposa, Ana do Vale, assumiu a fazenda, sendo sucedida por seus filhos e cônjuges, que foram perseguidos e presos pelo Santo Ofício. Em 1713, Igreja Católica confiscou a fazenda, entregando-a aos jesuítas.

Em 1940, a Fazenda Colubandê foi tombada pelo Iphan. O coronel Berlamino Siqueira, Barão de São Gonçalo, foi o último proprietário da fazenda, que abrigou os seus descendentes até 1968.

No ano seguinte, a fazenda foi desapropriada pelo antigo Governo da Guanabara. No local, funcionou o Batalhão de Polícia Florestal da PM, desativado em 2012; ano a partir do qual o espaço ficou abandonado.

A Fazenda Colubandê, de acordo com a Biblioteca do IBGE, é a mais antiga e mais preservada da arquitetura rural brasileira. Como teve vários proprietários, a casa-grande não tem uma identidade arquitetônica. O prédio foi construído segundo a tradição religiosa judaica, nas proximidades de um paço.

Com dois andares, o imóvel tem características do período colonial e influências arquitetônicas barrocas. O teto foi concebido em estilo oriental, as janelas têm clara influência da época de Luís XV, e o entorno da varanda conta com 16 colunas em estilo greco-romano.

Abandono e saques

Com a saída da Polícia Florestal, em 2012, a Fazenda Colubandê foi invadida e saqueada ao longo do tempo, mesmo com o 7º BPM (São Gonçalo) tendo assumido a reponsabilidade de protegê-la. Em em 2015, a guarita da BPM que fazia o controle de acesso ao conjunto, foi abandonada. A partir daí, sucederam-se invasões e furtos.

Segundo o jornal Extra, uma matéria d’O Globo-Niterói, veiculada em agosto de 2015, denunciou o furto de móveis, peças seculares, lustres, torneiras, disjuntores e outros itens da fazenda, que ficou em estado desolador, assim como a capela.

No local, cujos cadeados e fechaduras foram arrombados, foram encontrados vestígios de fogueiras nas salas e na masmorra. Havia preservativos espalhados por quase quase todas as salas, inclusive na capela, que apresentava rachaduras em todas as paredes; com parte do teto no chão; e sem as peças do altar. Da configuração original restava apenas um dos mais de 20 bancos de madeira.

Na parte externa, a piscina virou depósito de lixo, com água podre. O Bosque da Saudade era usado por estudantes como ponto de encontro. O bosque é um memorial no qual cada árvore representa um policial morto na causa ambiental. O complexo de 122 mil m² estava sem iluminação, pois os fios de energia elétrica foram furtados.

O jornal Extra entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do Iphan, que esclareceu ser necessário elaborar um Plano de Ocupação para o conjunto arquitetônico, com regras de uso e de preservação patrimonial. O plano precisa passar pela análise e aprovação do instituto.

A Fazenda Colubandê fica na Rua Expedicionário Ari Rauen, no bairro do Colubandê, em São Gonçalo.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Pena terem deixado o local ficar destruído pra depois tomarem uma providência. Recuperar o que foi roubado,nunca mais,obras de valor inestimável.

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