Erguido na década de 1920, o simpático sobrado onde funciona a Mote Clínica, dedicada à saúde mental, corre o risco de ser demolido.
A casa tem 233 m² de área total, divididos em uso pela clínica, que ocupa a parte superior do prédio, e pelo Hostel “La Vie en Rose”, que funciona no térreo.
A edificação, localizada na Rua Dois de Dezembro, 119, entre Flamengo e Catete, foi um imóvel residencial até 2003, quando a clínica passou a funcionar na parte superior da estrutura.
No local, que é limpo e muito organizado, trabalham quatro médicos psiquiatras, sete psicólogos e outros profissionais que são responsáveis pela administração e manutenção do casarão.
A casa conta com um salão, uma recepção, sete consultórios, uma área administrativa, dois banheiros e duas cozinhas.
Os ambientes foram todos revitalizados para atender às necessidades da clínica, que realiza cerca de mil consultas mensais.
Além da revitalização interna, os responsáveis pela Mote também fizeram intervenções externas no sobrado.
Sobre o telhado original foi construído outro telhado de estrutura metálica, com um novo sistema de drenagem.
A medida permitiu que a fachada fosse protegida em dias de chuva, evitando infiltrações e a depreciação da parte externa do imóvel.
Mesmo com todas as melhorias, a cínica e o hostel, que no site Airbnb, é muito bem avaliado pelos turistas estrangeiros, receberam uma notificação extrajudicial informando sobre as novas intenções da proprietária do sobrado.
Segundo o comunicado, a dona do prédio pretende fazer uma permuta dos dois imóveis com uma incorporadora, que pretende construir no local um edifício.
Segundo o perfil @riocasaseprediosantigos, o advogado da proprietária teria solicitada à clínica para deixar o imóvel, mesmo o contrato de locação vencendo em 31/12/2027.
Como o sobrado não é tombado, corre o risco de ser demolido. Ainda segundo o perfil, três incorporadores estariam interessadas no prédio e na construção vizinha.
Apesar de centenária, a construção de arquitetura eclética está desprotegida, podendo sumir do mapa histórico da cidade a qualquer momento.
Nas redes sociais, internautas e admiradores do patrimônio histórico da Rio de Janeiro ficaram indignados:
“Essas ‘incorporadoras’ só tem um pensamento: encher de prédios os bairros já lotados do RJ, acabando com a qualidade de vida nos mesmos e enchendo (ainda mais, se isso é possível) suas contas de dinheiro. Para isso, elas têm as prefeituras (sejam lá quais sejam ela, infelizmente) ao seu lado. Será que a gente vai ficar só olhando isso? Só olhando a destruição dessa cidade, mais do que ela já foi destruída?”, perguntou um usuário do Instagram.
“Será que um advogado não consegue o pedido de tombamento do imóvel na prefeitura? Algum político pode ajudar? Muito triste demolir um imóvel histórico, bem cuidado e essencial para a saúde muitas pessoas”, indagou outra internauta.
“Se não entrar com pedido de tombamento para ser preservado, irá tombar ao chão!”, afirmou outro usuário.
“É um conjunto de maldades: Uma ingratidão com os administradores e profissionais da Clínica. Descumprimento contratual. A ganância desta proprietária influenciada provavelmente pelo advogado. E o mais terrível é demolir sem nenhum remorso uma construção tão linda e conservada”, lamentou uma internauta.
“Os dois prédios do mesmo lado da rua Dois de dezembro, de propriedade da Oi, já foram esvaziados e estão esperando a demolição!! Um deles histórico. Detalhe, no prédio mais novo, foi retirado um tanque de combustível enorme que havia ali para alimentar as máquinas que lá funcionavam. Se, em postos de gasolina a regra de demolição e construção é de que tem que esperar alguns anos pra começar a erguer uma edificação, como é que essa construtora pretende demolir e construir um mega condomínio ali ainda este ano? Por favor, verifiquem e denunciem também!”, alertou outro usuário da rede mundial computadores.
“Alô @eduardopaes vamos preservar um pouco do que restou da “Paris Tropical” como o Rio de Janeiro era conhecido! Chega de destruição!, pediu uma usuária ao prefeito do Rio.
O prédio deve ser preservado. Interesse da cidade.
Patrimônio não pode virar pó por conta da especulação imobiliária.
Infelizmente e como a cancao de Caetano Veloso…..Esta e a forca da grana que ergue e destroi coisas belas.
Acho um absurdo as pessoas ficarem se metendo no imóvel dos outros. Se a proprietária quer vender é direito dela. Os que estão reclamando têm imóveis? São proprietários? Gostariam se que seus imóveis fossem tombados e que daí por dia tnão valessem nada? ?? Pimenta no rabo dos outros é refresco.
Interesse histórico deve sobrepor vontade de dono justamente pra evitar que o RJ se torne uma sp da vida, lugar feio da moléstia
Então Ivone, preservar é preciso, caso contrário teremos centros urbanos como o do meu estado São Paulo, lhe pergunto quantas pessoas da América são doidas para visitar e morar na Europa por conta da sua belíssima arquitetura preservada e reconstruida pós 2 guerra, e quantas querem vir morar nas cidades do caos que os governantes do Brasil ajudaram a construir.
Se eu tivesse dinheiro. Compraria tudo e transformaria a parte Interna em três stúdios para mim morar e minhas 2 filhas.
Demolir isso é um crime horroroso.