Nosso primeiro café da manhã fora de casa tinha chegado, a jornada do dia anterior havia sido magnífica, mas exaustiva. Merecíamos esse mimo. Buscamos ao longo da nossa jornada fazer essas pequenas economias, pois com a vida na estrada cada escolha é uma renúncia de orçamento. Embora não pareça, de café em café, medialuna em medialuna, os gastos sobem bastante. Além do mais, somamos o útil ao agradável, precisávamos trabalhar e a cidade não tinha sinal de telefone e internet.
Escolhemos na avenida principal parar na Vouná, uma cafeteria charmosa, mas que com o tempo verificamos que a internet não era boa. Cogitamos uma peregrinação em busca de um sinal melhor, mas as pernas cansadas nos fizeram desistir de qualquer passo extra desnecessário. Se você não sabe o motivo de estarmos assim é porque perdeu a última coluna, então corre lá para conferir. Repousaríamos o máximo possível porque no dia seguinte teríamos novas aventuras.
Levantamos mais um dia com as galinhas, ainda no escuro, para uma trilha de 18km (ida e volta), faríamos o Sendero Laguna Torre. Porém, dessa vez a informação era de que seria plana, com pouca elevação.
Estava tão frio pela manhã que quando saímos de casa e começamos a trilha estava caindo floquinhos de neve, dava para ver que eram branquinhos e o formato deles era igual de desenho animado. Custamos a acreditar, mas conversando com um casal de holandeses no caminho tivemos a certeza.
Dani estava indignada que havia sido enganada, porque nos primeiros 2km tinha diversos trechos com subidas. Apesar de pequenas, era o suficiente para sua revolta (risos) já que as pernas não estavam totalmente descansadas.
Todo o trajeto é muito bonito, mas destacamos em especial a Cascata das Margaridas e os pontos que permitiam avistar o Cerro La Torre.
Após 2:45h, chegamos em mais uma paisagem espetacular. A Laguna Torre estava repleta de témpanos, pedaços de gelo enormes dentro da água e nas suas margens. Foi a primeira vez que avistamos esses icebergs em uma lagoa. O céu azul limpo completava a visão privilegiada dos cerros.
Aproveitamos para tirar diversas fotos e lanchar nas margens da laguna. Que privilégio podermos completar mais essa trilha e desfrutar de uma vista como essa. Não entendemos como alguém poderia dizer que ela “não é tão bonita assim” (conhecemos um alemão na cidade que nos disse isso).
Depois de duas horas curtindo, começamos o caminho de volta. Retornamos para casa supertranquilos, dessa vez não sentimos quase nenhuma dor. Conseguimos inclusive tirar algumas fotos da parte de cima do morro do início da trilha pegando nossa casa e a cidade.
Depois do banho, fomos atrás de algum lugar com internet e happy hour. Passamos por 4 lugares, todos com atendimento péssimo e cerveja mais cara do que o La Zorra (aliás, a melhor e mais barata que conhecemos). Paramos no Caytano, um bar de rock, cerveja e futebol. Pedimos quatro chopps artesanais, uma entrada de batata doce frita na mostarda com mel e queijo por cima indicada pelo dono, finalizamos com um hambúrguer (péssimo, sem gosto de nada). Pagamos ARS$3950,00 – R$ 100,00. EM que pese o ambiente legal e o bom atendimento, caro para o que veio.
Noutro dia, caminhamos pela cidade e fomos conhecer o Chorrillo del Salto, uma cachoeira que fica no início da ruta de rípio que leva até o Lago Desierto (abordamos a missão desse lago porque todos no falaram que o estado da estrada era péssimo, não gostamos de sacrificar a casa). Importante dizer que existem mais algumas trilhas naquela direção, porém são em propriedades particulares, logo, além de pegar estrada de rípio há um valor de entrada cobrado. Optamos por não ir, há muitas coisas lindas pelo parque mais perto da cidade que são gratuitas.
Decidimos voltar e passar o dia ao redor da ponte do Río Vueltas, um cantinho que a Dani se apaixonou desde o dia que chegamos. Voamos com o drone, descansamos as pernas, cozinhamos e bebemos de frente para o rio. Por essas e outras que escolhemos nossa casarodante, para desfrutarmos de varandas diferentes a cada dia.
Quando acordamos vimos que o tempo não estava muito bom e conversando durante o café da manhã, decidimos que partiríamos de El Chalten. Não fazia sentido ficar se não iríamos para nenhum passeio, não tínhamos internet para fazer as coisas que precisávamos, o mercado era caro e a comida cara e ruim (as que provamos, claro).
Antes de partir, nos despedimos do centrinho da vila saindo devagarinho, passamos no centro de informações para completar a caixa d’água e, pela primeira vez, a Dani pediu para abastecer nosso galão de água potável ali. Ela tem um certo trauma de uma vez que bebeu água supostamente potável e passou mal, então normalmente compramos galão. Como ela viu muita gente pegando água para beber dali, provou e não sentiu nada, resolveu arriscar.
É do centro de informes que partem algumas trilhas, decidimos fazer a última que queríamos e o tempo permitia, o Mirador de Los Cóndores. Um pequeno sendero de 1km te leva para uma vista panorâmica do povoado e permite ver os Cerros Torre e Fitz Roy.
Era próximo de meio dia quando finalmente partimos da Capital Nacional do Trekking. Antes, porém, uma parada no menor posto de combustível YPF que vimos por todo o caminho, havia somente uma bomba e um contêiner. Para nossa sorte, havia o nosso infinita diesel e pudemos viajar supertranquilos com o tanque cheio.
Estávamos preocupados porque teríamos pela frente “Los 75km Malditos” da Ruta Nacional 40, o maior trecho de rípio da Mística estrada na região da Patagônia. Um trajeto com esse nome, não poderíamos esperar algo muito bom pela frente.
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