Pode parecer clichê, mas não tem jeito: a concretização de um sonho começa muito antes da sua realização. Tenha certeza de que existem muitas coisas nos bastidores que somente quem viveu enxerga, pois as pessoas em sua grande maioria pensarão algo do tipo “nossa, do nada eles estão no Ushuaia”.
Nosso objetivo não é te mostrar os pormenores sobre estratégias de planejamento, já existem inúmeros livros consagrados que tratam do tema. Porém, o assunto é muito relevante e acreditamos que ilustrando com a nossa experiência, você consiga se motivar em tirar os seus sonhos do papel.
Chega de conversa fiada.
A primeira coisa que procuramos compreender melhor é o que estávamos buscando. Sem dúvidas o leque de opções da vida te permite se embaralhar de uma tal forma que é capaz de caminhar para inúmeras direções ao mesmo tempo e simplesmente perceber, ao final de tudo, que a sua jornada foi em círculos. Uma dica que funcionou conosco é a eliminação daquilo que não queríamos: acumular bens para um dia futuro desfrutar da vida, especialmente porque tivemos em casa quem conquistou e por motivos de saúde não pode mais aproveitar com a mesma vitalidade. Amamos viajar e decidimos viver um período na estrada.
Logo, precisávamos delimitar as alternativas, colocar no papel os prós e contras de cada uma delas para estabelecer o que era ou não essencial, compreender o que seríamos capazes de abrir mão. Existem diversas maneiras de viver na estrada, por exemplo: (i) acampando, se hospedando em pousadas, Airbnb, resorts ou em um motorhome; e (ii) utilizando transporte público, como ônibus, trem e avião, ir de bicicleta, carona ou carro.
Cada escolha, uma renúncia. A seleção do que faríamos impactou diretamente no orçamento estimado, no período e nos destinos. Por razões óbvias viajar de avião para resorts nos permitiria ficar um tempo diferente em lugares distintos de acampar de bicicleta. O equilíbrio para nós foi viver em um motorhome.
Certo, mas qual? Poderíamos optar por um veículo com barraca de teto, um trailer ou que nossa casa fosse em uma kombi, ônibus, caminhão ou furgão. Listamos o que seria indispensável para nós: ter um banheiro interno e a praticidade do veículo. Depois de muitas pesquisas, ligações e conversas, precisávamos fazer alguns test drive para colocar à prova nossas convicções, o que não foi nada simples em virtude da cultura ainda crescente no país. Feito! Decidimos então pelo furgão.
Maravilha, agora vai. Nem tão depressa, não foi tão simples como parecia. Qual a marca e tamanho do furgão? Seria vidrado ou fechado? O que muitas vezes parece uma escolha fácil e certeira, não é. Descobrimos que o único furgão com a tração traseira desejada seria da Mercedes-Benz; nosso layout de casa se encaixaria na versão extralonga e de teto alto; e seria mais prudente e prático instalar janelas do que retirá-las. A repercussão de tudo isso na parte financeira era grande e faltava o principal: novo ou usado?
Talvez essa seja uma das perguntas que mais recebemos. Em uma pesquisa de campo conseguimos apurar alguns dados que nos facilitaram: os valores dos veículos usados estavam muito altos em razão da pandemia (faltavam peças para que os novos saíssem das fábricas) e, em contrapartida, suas condições não eram boas, especialmente pela destinação usual para transporte de cargas. Outra solução seriam aqueles oriundos de leilões, normalmente ambulâncias de hospitais ou do corpo de bombeiros, mas a procedência que encontramos não nos trouxe segurança. Dois outros fatores contribuíram na escolha: a probabilidade de o usado precisar de manutenção no meio do caminho e não termos amplo conhecimento de mecânica. Nosso carro seria novo.
Compramos nossa casinha, como carinhosamente costumamos chamar. Coração acelerado, ansiedade à flor da pele depois de meses de planejamento e, finalmente, uma semana depois, chegou o grande dia de buscá-la.
Era oficial, tínhamos o nosso próprio terreno. Era hora de começar a levantar a casa.
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