Acordamos muito cedo, estávamos ansiosos pelo grande dia de finalmente buscar a nossa casa. Quando chegamos no galpão passou um filme pela cabeça dos últimos seis meses: a escolha do veículo, a compra, as inúmeras dúvidas da obra, as dificuldades de produtos e materiais. Ualll!!! Conseguimos concluir a construção e a casinha estava muito linda! Nos sentimos muito orgulhosos, a satisfação em ter colocado cada detalhe como queríamos é algo indescritível.
Porém, era hora do test drive da casa. Isso mesmo, você não leu errado. Precisávamos testar como estavam as funcionalidades da casa na prática, verificar o que necessitava de ajuste antes de partirmos. Só havia uma forma de fazer isso: morando dentro dela por alguns dias.
Começamos pela cozinha, arrumamos todos os utensílios que queríamos levar conosco pelas gavetas. Agora precisámos abastecer a dispensa, fomos fazer nosso primeiro supermercado para a casa. Embora fosse algo pequeno, faríamos uma viagem de uma semana para a Região Serrana do Rio de Janeiro, não nos lembramos de ter demorado tanto dentro de um mercado conversando sobre cada item, quase duas crianças dentro de um parque de diversões.
O passo seguinte era arrumar as roupas de cama, banho e o guarda-roupas. Em que pese por poucos dias, precisávamos ter uma noção do espaço interno dos armários. Definimos precisamente onde ficariam as roupas de cama e banho, bem como que cada um levaria somente uma mala de mão.
Além disso, tínhamos uma questão do furgão para resolver. Nosso carro anterior era muito pequeno, especialmente comparado ao novo. Sabíamos que precisávamos instalar uma câmera de ré e sensores traseiros para auxiliar nas manobras. Não foi fácil, mesmo no Rio de Janeiro, encontrar uma empresa que tivesse disponível os equipamentos e a expertise para fazer a instalação, sua grande maioria fazia esse tipo de serviço apenas em veículos de passeio. Depois de um dia inteiro de instalação, mais uma questão: a câmera ficava com ruídos de imagem ou não ligava. Os sensores e voltagens dos fios do carro não comportaram. Precisamos adquirir uma peça específica e teríamos que retornar no dia seguinte pela manhã para concluir.
Levantamos animados para retornar à oficina e começarmos a viagem. Ao entrarmos em casa um susto: a geladeira não estava funcionando. A bateria estava carregada, as luzes e tomadas normais. Não sabíamos o que estava acontecendo. Rolou um desespero, pois tínhamos um almoço marcado com a família da Dani para apresentarmos a casa em Itaipava, distrito de Petrópolis, e poderia ir tudo por água abaixo logo na primeira programação que fazíamos. Fomos para oficina aflitos. Resolvemos o problema da câmera e sensores. Só que nada de geladeira, teríamos que retornar ao galpão que ficava em um caminho completamente oposto ao da viagem. Não teve jeito.
Após algum tempo debatendo, tivemos que retirar a geladeira do lugar. Como ela ficou embutida no móvel da cozinha, não era algo simples, mas não tínhamos como escapar. Ao fim e ao cabo, um fio levemente solto perdeu o contato. Dos males o menor, solucionamos em poucas horas e conseguiríamos chegar a tempo de um almoço mais tardio.
Pegamos a estrada e logo vieram os sorrisos nos rostos. Durariam pouco mais de uma hora, até entrarmos na serra propriamente dita. A primeira curva fechada para direita abriu nosso gavetão de panelas. Cada nova curva nesse sentido, abria novamente. Depois de inúmeras paradas, a Dani foi sentada no chão da casa por alguns quilômetros segurando a gaveta para conseguirmos terminar de subir a serra. Uma sensação angustiante, pois durante o trajeto a casa toda range por conta da madeira trabalhando. Finalmente chegamos, estacionamos no horto municipal e o clima já era de festa.
Mostramos a casa, almoçamos em família e retornamos no início da noite. Chegando tivemos a surpresa de estar rolando um evento de carros no estacionamento, repleto de jovens com som alto ligado e bebedeira. Tivemos que buscar um novo lugar tranquilo para dormir. Paramos a casa em frente uma galeria ao lado do posto policial.
É impressionante como as novas experiências marcam e uma simples atividade como banho pode ser um evento. Tomamos o primeiro banho dentro de casa. Apesar do frio serrano, o aquecedor de passagem deu conta do recado e conseguimos uma ducha super quentinha.
Arrumamos a cama e hora de dormir. Nossa cama ficou bem grande, quase uma cama queen size, um pouco mais curta e mais larga (1,90m x 1,74m); e confortável, escolhemos uma espuma com densidade D33, ideal para o nosso peso e altura. A cereja do bolo foi uma chuva leve que começou a cair, a novidade do seu barulhinho na lataria embalou o sono. Pelo menos o do Livio. A sensação de dormir em um espaço pequeno com o teto muito mais próximo do que o usual trouxe uma leve sensação de sufocamento na Dani, que as cinco horas da manhã já estava com os olhos arregalados de pé.
Saímos pela cidade em busca de uma solução paliativa para nosso gavetão de panelas, pois o caminho para Nova Friburgo também seria repleto de curvas. Compramos em uma loja infantil duas travas de neném que fixamos com fita dupla face, não danificando o móvel e controlando a questão.
Partimos para Nova Friburgo, onde a chuva aumentou e descobrimos o porquê de a água ser uma questão para quem vive em motorhome. No ponto em que estacionamos a casa ficou levemente inclinada, nossos banhos alagaram a parte em frente à porta, vazava água pelas partes do meio e debaixo da nossa porta. Ademais, descobrimos um gotejamento dentro do armário embaixo da pia, uma das braçadeiras não estava dando conta do recado. Acrescente frio e chuva ininterrupta e o resultado em dois dias já são todos os panos de chão e toalhas encharcados, não secava nada.
Em poucos dias os diagnósticos preliminares eram claros: o test drive foi certeiro e precisaríamos retornar ao galpão.
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