Acordamos com a vista fantástica da Ruta Panorámica Carlos Páez Vilaró, uma rua sobre morros que entra no mar como se fosse um imenso píer, permitindo uma vista privilegiada. Infelizmente estava chovendo e não conseguiríamos subir com o drone para fazer a filmagem aérea que tanto sonhamos, tampouco contemplar o pôr do sol. Estávamos chateados, pois esse era um dos nossos principais destinos no Uruguai. A previsão do tempo não trazia boas notícias e teríamos que seguir em frente, mas não deixaríamos de ao menos visitar a Casapueblo e conhecer um pouco mais sobre a vida e obra do Vilaró.
A entrada custou $U350 – R$43,75 por pessoa, sendo permitido entrar e sair do museu. Curtimos demais, aprendemos sobre sua história, arquitetura e descobrimos que ele tinha um pezinho no Brasil. Repare que o formato da Casapueblo lembra o nosso mapa. Encantados, desistimos de ir embora, resolvemos almoçar em casa, beber um vinho gostoso, contemplar a vista sensacional e retornar para a cerimônia do pôr do sol. Todos os dias, com chuva ou sol, há a declamação de um poema na voz do próprio Vilaró, não poderíamos perder. Melhor escolha que fizemos, pois parou de chover e conseguimos subir um pouco com o drone (o vídeo está um poema literalmente – corre no nosso insta para conferir).
No dia seguinte fomos para Piriápolis (29km), uma cidade costeira pouco conhecida no Brasil e com muita coisa para oferecer. Apesar do clima chuvoso que continuava: (i) caminhamos pela região do Puerto; (ii) subimos de carro o Cerro de San Antônio, mas há também um teleférico no valor de $U200 – R$25,00 por pessoa se preferir; (iii) visitamos o Castillo de Francisco Piria (gratuito), fundador da cidade, que tem um jardim belíssimo e uma área interna de exposições (parcialmente fechada quando estivemos); (iv) conhecemos a Iglesia de Piria, uma obra gótica que nunca foi concluída; (v) fomos no Castillo Pittamiglio; e (vi) ainda arrumamos um tempinho para bater perna na Rambla de los Argentino, onde fica o artesanato e comércio local. Fechamos o dia com chave de outro em um encontro com dois casais de amigos viajantes, uma noite de vinho, chuva e muitas risadas.
Acordamos com um dilema: ir ou não para Montevidéu. As chuvas dos últimos dias causaram enchentes na cidade, o que somado ao nosso receio de cidades grandes nos fez optar pela segurança e refazer os planos. Fomos para Colônia de Sacramento, um trajeto mais longo do que os últimos, 280km das boas retas uruguaias, sem trânsito e pouquíssimos pedágios, em uma longa tarde de estrada. Antes, porém, queríamos conhecer um verdadeiro achado do nosso roteiro: os cânions da Cantera de Nueva Carrada. O lugar é belíssimo (nos lembrou Capitólio) e recomendamos fortemente a visita para quem estiver ali, fica a apenas 19km de Piriápolis.
Chegamos no final da tarde em Colônia do Sacramento e conseguimos para os próximos dias um lugar estratégico para nossa casa no coração do centro histórico ao redor da Plaza Mayor. Após um dia inteiro sentados dentro do carro, não resistimos e fomos andar por aquelas pitorescas ruas coloniais em uma noite agradável.
Colônia do Sacramento é simplesmente uma graça, o estilo colonial é de fato contemplado nas ruas, praças, bares e restaurantes do centro, conferindo um charme especial ao bairro. A região do Puerto é muito bem cuidada, compondo a região de forma única. Curiosos, subimos nosso primeiro Farol com a esperança de, de fato, conseguir enxergar a vizinha Buenos Aires, tão distante e tão perto. Não é que conseguimos?!
Passeamos pela Rambla de Las Américas por aproximadamente 4km, um trajeto lindo e plano (recomendamos fortemente fazer de bicicleta), até chegarmos na Plaza de Toros Real de San Carlos, a única praça de touradas do cone sul. A praça foi parcialmente restaurada e estava fechada para visitação, mas conseguimos subir com o drone e gravar imagens incríveis! (FOTO 8)
Com a melhora do clima a Dani teve a brilhante ideia de fazermos um piquenique no jardim da praça em frente de casa. Nosso primeiro piquenique na estrada foi em solo uruguaio. Preparamos alguns petiscos e bebemos umas cervejas maravilhosas, transformamos nossa noite em uma verdadeira Farra.
Outra experiência bacana que tivemos foi conhecer a Playa Ferrando, uma praia de água quente e doce, decorrente da desembocadura do Rio Uruguai. Se o litoral uruguaio nos marcou tão positivamente, não poderíamos deixar de dar um último mergulho.
Nossa estadia em Colônia do Sacramento não poderia passar batida na parte gastronômica. Experimentamos o famoso chivito, que consiste basicamente em um sanduiche de filé completo com tudo o que tem direito – $U250 – R$31,25 no Carrito los Farolitos; e uma parrilla uruguaia completa, com direito ao também famoso assado de tira, chorizo (linguiça), morcilla (embutido de sangue), chinchulin (intestino), pamplona (rocambole) de frango e de porco – $U2050 – R$ 256,25 na Parrillada El Portón (é para quatro pessoas).
Infelizmente em Colônia do Sacramento tivemos o nosso primeiro perrengue com água. Isso mesmo, foi a primeira vez que ouvimos um sonoro não ao pedirmos água nos postos de gasolina para abastecer nossa caixa d’água. Sério, como alguém pode simplesmente negar água? E não foi apenas uma, mas três vezes! Somente fomos conseguir abastecer em uma torneira localizada no pátio da Feira Artesanal.
Chegado o dia de levantar acampamento, seguiríamos viagem em direção à fronteira.
Após uma rápida passagem por Carmelo (77km), seguimos para Fray Bentos (138km), a primeira cidade possível de fazermos a fronteira terrestre com a Argentina. Fomos direto para a Puente Internacional General San Martin, queríamos tirar algumas dúvidas sobre documentação e verificar a disponibilidade de um laboratório com resultado do teste rápido na cidade. Chegamos no laço, uma hora antes do final do expediente e conseguimos fazer lá os exames do PCR, cujos resultados ficariam prontos na tarde do dia seguinte ($U2.000 – R$250 por pessoa).
Sem podermos dormir nas proximidades da fronteira, fomos para a cidade. Adivinhem só, pegamos o pôr do sol mais laranja de toda a viagem! A Rambla Fray Benos, principal avenida costeira, estava lotada, pessoas de todas as idades tomando seus mates em bancos ou cadeiras contemplando aquele momento único. Que ritual incrível! Não havia maneira melhor de nos despedirmos. (FOTO 9)
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