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SOUNDTRACK, filme agrada aos olhos e aos ouvidos

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SOUNDTRACK, filme agrada aos olhos e aos ouvidos

O que é arte? Qual é o valor da arte? A arte sobrevive ao artista? O filme brasileiro “Soundtrack” aborda essas questões num cenário inusitado. O filme se passa inteiramente numa estação de pesquisa isolada, no meio de uma geleira ártica. O ambiente pode ser frio, mas as emoções que a gente vê na tela são bem quentes.

“Soundtrack” conta a jornada de Cris. Depois de 4 anos de tentativas, ele finalmente ganha permissão governamental para ir morar nessa estação de pesquisa no meio do nada. Chegando lá, ele conhece o botânico brasileiro Cao, o especialista em aquecimento Global britânico Mark, o biólogo chines Huang, e o pesquisador dinamarques Rafnar. Todos estão lá com propósitos particulares, missões que, para eles, podem significar a salvação do mundo. No caso de Cris, a sua missão é artística – ele quer fazer uma série de autorretratos que capturam as sensações causadas por uma série de músicas pré-selecionadas. A ideia era ir para a estação para ter a maior “pureza” de sentimento possível. Mas, convivendo em condições inóspitas com esses outros cinco homens – Cris vê a sua perspectiva do mundo, e da arte, desafiada por novos pontos de vista.

A dupla de diretores do filme, os 300ml, são veteranos do campo publicitário. “Soundtrack” é o primeiro longa metragem de ficção deles. Talvez seja por isso que o filme seja tão profundamente calcado na questão existencial da importância da arte.

Mas mesmo sendo o primeiro longa dos diretores, eles ainda encontraram velhos colaboradores para a empreitada. Dois dos personagens principais de Soundtrack são interpretados pelo Selton Mello e o Seu Jorge. Em 2006, eles protagonizaram o divertido curta-metragem da dupla “O CODIGO TARANTINO”, onde eles, em uma mesa de bar, desconstruíam as teorias cinematográficas do Tarantino-verso. O filme fez sucesso no circuito de festivais – afinal, quem não gostaria de escutar o Seu Jorge falando de Kill Bill?

Mas se “O Código Tarantino” era marcado pelo seu senso de humor, em “Soundtrack” o clima de rigidez e disciplina é levado muito a sério.

Um clima que sem dúvida é reforçado pela colaboração de Ralph Ineson, o temível patriarca do filme de terror “A Bruxa”, como o terceiro personagem principal da trama.

Um filme brasileiro, com aspirações globais e que fala de temas “universais”. A gente não precisa nem dizer que Soundtrack é um filme extremamente ambicioso. E essa é sua maior qualidade. Também salta aos olhos os valores de produção. A gente vê o filme e nem imagina que a base de pesquisa retratada nele na verdade era um cenário montado no Polo de Cinema no Rio de Janeiro. Apenas as imagens de fundo foram rodadas de verdade no Ártico.

Soundtrack é uma festa para os olhos. E, como não podia deixar de ser num filme com esse título, uma festa para os ouvidos.

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