Desde a campanha eleitoral de 2020, para o meu primeiro mandato, que eu costumo dizer duas coisas simples: que um vereador deve ser o link entre o cidadão e o poder público e procurar encaminhar suas demandas, não importando a que instância administrativa elas se refiram. E que a classe política deve servir à população – e jamais se servir DA população. O que está acontecendo no Rio de Janeiro, principalmente a partir do Pacote de Maldades do prefeito, é exatamente isso: uma administração que cada vez mais se vivia em fazer uso do patrimônio público, do poder público, para obter benefícios políticos e pessoais.
Nesta terça-feira (26/11), a Câmara dos Vereadores vai votar o famigerado pacote de Paes em que ele acaba é com a paz dos servidores. É um pacote que precisa ser analisado em um campo que vai além da fria interpretação literal do que a lei diz. Não podemos fazer uma avaliação correta sem entender profundamente a realidade em que vivemos e, principalmente, as intenções nefastas daquele que o propõe.
O que parece inicialmente o pacote? À fria análise e aos olhos de um ou outro inocente, pode parecer uma adequação de certos “privilégios” de uma pequena parcela dos servidores públicos. Se fosse assim, é possível que isso fosse justo, ainda mais quando entramos no imaginário comum da população – que muitas vezes projeta a imagem de servidores que ganham exorbitantes ganhos e privilégios nababescos, os famosos “marajás”. Tal tema já elegeu inclusive um Presidente da República, de tanto apelo que tem junto aos brasileiros.
Mas aí em vez de olharmos a árvore, contemplemos a floresta: a grande maioria dos servidores ganha, em termos líquidos, menos que dois ou três salários-mínimos. E ganham 12 reais de vale-alimentação, quantia que, hoje em dia, compra no máximo um salgado e um guaraná!
Portanto, antes de discutir esse pacote que o prefeito quer impor, é fundamental fazer ajustes profundos tanto em planos de cargos e salários, mas também nas condições de trabalho! O que temos hoje no município é desumano: professores em escolas sem condições sofrendo agressões diárias, área de saúde em hospitais depauperados e sem estrutura e insumos; médicos desmotivados e que assistem angustiados seus rendimentos líquidos derreterem, principalmente diante da inflação promovida pelo atual governo federal; guarda municipal sem farda, sem alojamentos dignos, recebendo um tratamento sem nenhuma dignidade!
Este cenário dantesco já seria o suficiente para que classificássemos a lei como no mínimo imprópria para o momento. Mas há mais que isso em jogo: a real intenção do prefeito é entregar o município nas mãos das Organizações Sociais, as OSs. O que parecia uma ideia para tornar as ações públicas mais ágeis acabou se tornando na verdade uma estrutura de poder para Eduardo Paes: nas OSs, ele faz o que quer, sem se submeter ao Poder Legislativo e à fiscalização, nomeia cabos eleitorais sem critério algum, faz orçamentos e pagamentos sem transparência e promove um verdadeiro criadouro de indicações políticas. Os funcionários públicos? Se tornam reféns destes que são nomeados. Se você tem dúvida, vale lembrar do show de horrores que vimos nas eleições de 2022, quando o prefeito colocou todos os seus nomeados das OSs no famoso comício dele com seu chefe Lula, dentro do Complexo do Alemão – vários usando o famoso boné CPX, popularizado por seu secretário de – pasmem – Educação.
Nós, vereadores, não podemos compactuar com isso. Não podemos dar o quórum esta semana para que o pacote de Maldades prevaleça e, com isso, se dê a Eduardo Paes mais poderes ditatoriais ainda, com mais capacidade de servir seu chefe Lula do que nunca. O “reizinho” do Rio precisa de 26 votos – e a hora é de os vereadores mostrarem que estão a serviço da população, e não se servindo dela. O cidadão que contemplar o painel de votação verá dois tipos de vereadores: os que estiverem com o SIM, verde, ao lado do nome, estão a serviço de Paes. Os que estiverem em vermelho, com NÃO, ou mesmo faltosos ou abstenções, estão a serviço da população. Que nesta terça sejamos oposição, sejamos abstenções, sejamos até faltosos. Mas nunca vassalos!A OS de Paes é a forma, definitivamente, que ele encontrou para se servir cada vez mais da população. Seremos, todos, apenas números na urna. A serviço de sua Majestade, o Prefeito.
Caro vereador, extensivo aos cidadãos do Rio: Não adianta agora reclamar e vocês, vereadores, são parte disso, pois são do mesmo “campo político”. Da mesma forma que ocorreu na eleição presidencial de 2022 no Brasil e EUA em 2024, ao ser obtida larga votação no cargo majoritário Executivo apoiado por eleitos em cargos secundários do Legislativo, criminalizações são varridas para debaixo do tapete, escolhas e projetos questionáveis são validados e até estendidos e a burocracia que opera o sistema público é mais que moldada ao gosto do ungido. Agora vão reclamar?
Faz o E!
Esse e outros projetos VÃO SEGUIR EM FRENTE. A população meteu o dedo na tela da urna e escolheu. Os vereadores já vem votando com o prefeito e ele só precisa não de 1.800.000 cidadãos mas somente de 26 pessoas pra endossar seus atos até 2028 e a bancada corresponde com sobras aos seus 60% de aprovação. Com mais 4 anos, sem reeleição a frente e com a máquina na mão, só resta torcer para que o Rio não piore ainda mais como o país está mergulhando em seu ecossistema produtivo e econômico.
Que Deus, Maomé, Oxalá, Zeus ou outra divindade em quem você acredita e tenha misericórdia da cidade do Rio.
Começou bem. No Brasil…RJ…Planeta Terra…
Terminou em Ratanabá. Hahahaha. Uma viajada na maionese legal.
Mas, sim. A maioria dos servidores públicos são assalariados com baixos salários e benefícios defasados. O maior benefício continua sendo a estabilidade do cargo mesmo.
Sim, as OS são um câncer na cidade (como toda privatização deliberada). A questão central não é o Paes (um mero lacaio) e sim os donos e responsáveis pelas OS, que são as pessoas que de fato lucram com elas e conseguem poder político. Esses sim, devem ser investigados e punidos.