Thais Ferreira: Se o racismo obstétrico violenta a pessoa negra que está parindo, ele viola também os direitos do bebê que está nascendo

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Crédito da foto: Michael Magalhães

Hoje, dia 07 de abril, é o Dia Mundial da Saúde. A data foi concebida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e celebrada na data de criação da organização, com o intuito de conscientização a respeito dos diversos e amplos aspectos que envolvem e afetam a saúde das pessoas. E como é sabido, o racismo é um desses aspectos que ameaça o direito à saúde da população negra.

Neste ano de 2024, o tema do Dia Mundial da Saúde é “Minha saúde, meu direito.”. Esse tema foi escolhido na intenção da defesa do direito de todas as pessoas, em todos os território terem acesso a serviços de saúde de qualidade e outros direitos como moradia digna e condições de trabalho decentes, além de viverem livres de discriminação. Portanto, a OMS afirma a relevância de se compreender que uma vida livre de discriminação, afeta de forma positiva a saúde das pessoas. Sendo assim, precisamos pensar na urgência que é combater o racismo na saúde para garantir a saúde e o bem viver de forma plena, enquanto direito, para a população negra.

Como mulher preta, mãe, periférica e Vereadora presidindo a Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, me preocupo com o cuidado prestado pelas equipes de saúde na recepção dos bebês negros. Porque se o Racismo Obstétrico violenta a pessoa negra que está parindo, ele viola também os direitos do bebê negro que está nascendo. Quais serão então os efeitos na Primeira Infância de uma criança negra atravessada pelo racismo no momento de seu nascimento? É socialmente aceitável ainda que os bebês negros sejam recebidos no mundo a partir de tamanha violência?

Escrevo esse texto enquanto penso em Queli Santos Adorno, mãe negra que pariu seu bebê negro no chão da recepção da maternidade em que foi buscar cuidado e assistência para seu parto, numa nítida demonstração de negligência médica e de como o racismo opera no ambiente obstétrico. Que estratégias de sobrevivência ao racismo ela precisará ensinar para seu bebê recebido em meio a violações dos direitos de sua mãe? Queli, apesar de ter amamentando seus outros filhos, ainda não conseguiu amamentar o recém-nascido. O racismo já atravessou a vida e a saúde de seu filho no momento do seu nascimento.

Advertisement

Enquanto parlamentar, seguirei trabalhando de forma imparável pelo combate irrestrito ao racismo em todos os campos, na defesa do excelente trabalho do Comitê Técnico de Saúde da População Negra, pelo cumprimento do Programa Municipal de Saúde Integral para a População Negra, pela aprovação do Estatuto Municipal da Igualdade Racial, como todas as mães negras que lutam pelas vidas de seus filhos, para que todas as pessoas tenham de fato direito à saúde e dignidade desde o começo da vida.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Thais Ferreira: Se o racismo obstétrico violenta a pessoa negra que está parindo, ele viola também os direitos do bebê que está nascendo
Avatar photo
Thais Ferreira, é mulher preta, mãe e cria do subúrbio. Especialista em políticas públicas para maternidades e infâncias, é filiada ao Movimento Negro Unificado (MNU) e atualmente é vereadora pelo PSOL e presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Advertisement

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui