Crescemos numa cultura que perpetua a ideia do amor romântico. Quando crianças, assistimos a desenhos animados em que a princesa é surpreendida por um herói que conquista seu coração, tira ela de uma vida monótona e sem sentido e juntos embarcam em uma aventura cheia de emoções. Quando adultos, vemos filmes com cenas mágicas onde duas pessoas se esbarram por destino, trocam olhares tão intensos que até o telespectador se apaixona. Sabe aquele olhar em que a pessoa parece ver sua alma e você a dela? É aí que começa todo o problema.
O problema é acreditar que a vida deveria ser igual a esses contos de fadas. Na vida real, as pessoas raramente olham umas para as outras, com a maioria das cabeças voltadas para baixo, para os celulares. E o mais incrível é que muitas dessas pessoas estão consumindo conteúdos românticos, frases inspiradoras, desejando aquilo, mas, ao invés de olhar para frente e aumentar as chances de encontrar alguém na vida real, vivem na fantasia de ter aquilo que foram induzidas a desejar.
Veja bem, não tenho problema algum com romance; afinal, quem quer viver de forma cética, sem acreditar que pode encontrar seu herói ou seu príncipe? Seria muito chato viver assim.
No entanto, percebo que as pessoas criaram uma fantasia quase inalcançável. O que vemos em 2 horas de filme está longe de ser transferido para a vida real. Vemos apenas o ápice, a paixão. E, sinceramente, ninguém deveria querer viver só de paixão, pois por mais gostoso que seja, ela tem um prazo de validade por um motivo… é nela que nos sentimos embriagados com nossas emoções, cometemos atos de loucura, perdemos nossa racionalidade, vivemos ansiosos com as mensagens não respondidas e com os convites ainda não feitos. É uma constante imprevisibilidade e montanha-russa emocional. Vivemos em constante ansiedade.
E, que fique bem claro, eu amo essa fase. Mas, ela deveria ser só isso, uma fase. A paixão e essa aventura tendem transmutar para algo mais calmo, mais estável e seguro. Podemos até tentar equilibrar ambos: amor e paixão, mas nem sempre é certo que conseguiremos.
Acredito que tudo na vida são fases e por isso devemos viver intensamente cada uma delas, seja o frio na barriga ao conhecer alguém que te surpreende, seja na calmaria do sofá, bebendo um vinho e assistindo a uma série que vocês só podem ver juntos.
Nos filmes, vemos só a fase da paixão e extrapolamos isso, acreditando que os relacionamentos deveriam ser daquela forma. Acreditamos nisso porque a vida é dura demais e sonhar com paixão e intensidade nos faz sair da monotonia da vida.
Mas, em determinado momento, devemos descer da carruagem e construir algo sólido. Algo que, de fato, seja aplicado à vida real.
Atendo muitos casais nos quais uma das partes quer terminar para viver uma grande paixão. Eu mesmo já passei por isso. Mas sabe qual é sempre o desfecho de quem se separa para viver isso?
Saudade. Saudade da vida real, da calmaria, paz, da segurança, da parceria e da estabilidade.
Se você está solteiro ou solteira, busque uma paixão que te comova, mas saiba que ela passa. E é nesse momento que fazemos a decisão mais madura de toda nossa vida: construir ou sonhar.
Porque é isso que essa escolha representa: ficar e escolher um relacionamento onde vivemos intensamente a primeira fase e construímos todo o resto juntos; ou terminar e se negar a amadurecer e evoluir para a próxima fase.
No final das contas, não existe certo ou errado. A escolha é sua.
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