Você já deve ter escutado alguma versão de “você precisa aprender a ficar com sua própria companhia, em solitude.” Mas será que você precisa mesmo?
Pessoalmente, sempre gostei da minha companhia e de ficar sozinho. No entanto, ao morar por quase 3 anos em Tóquio, no Japão, entrei em depressão justamente pela solidão. Descobri que existe uma grande diferença entre estar só por opção e estar só porque você não tem ninguém. Foi nesse momento que comecei a desconstruir a famosa “solitude”.
Como psicólogo, percebi que essa meta estava longe de ser realista para a maioria das pessoas. Muitas não queriam ficar sozinhas; na verdade, tinham pavor. No início, achava que deveria orientá-las a descobrir o prazer da própria companhia. Mas que ingenuidade a minha! Felizmente, com o tempo, aprendi a respeitar que nem todo mundo quer ou consegue essa façanha. Aprendi a respeitar essas decisões e não tentar impor o que muitos recitam como o único caminho para o autodesenvolvimento. Afinal, existe uma grande diferença entre teoria e prática, não é mesmo?
Assim, comecei a me questionar: “Será que estamos nos forçando a aceitar um ideal que não é para todos? Será que não estamos romantizando a solitude?”
Em um mundo que constantemente nos bombardeia com a ideia de que precisamos estar em um relacionamento para sermos completos, surge uma nova regra: ficar em solitude.
Estamos cercados. Cercados de regras bonitas no papel, mas difíceis ou quase impossíveis de implementar na prática.
Contudo, é preciso alertar sobre os riscos de não conseguir. O medo de ficar sozinho pode levar a decisões impulsivas, como entrar rapidamente em relacionamentos, muitas vezes não saudáveis, apenas para evitar o silêncio ensurdecedor da própria companhia.
E o grande medo por trás disso? O terror de ficar sozinho para sempre, de ser o único a não encontrar “a sua metade da laranja”.
No final das contas, a questão não é se você consegue ficar sozinho, mas se consegue estar em paz consigo mesmo, seja sozinho ou acompanhado. Porque a maior solidão é se sentir sozinho dentro de um relacionamento.
Temos que parar de forçar esses conceitos nas outras pessoas. Faça sua escolha, mas pelos motivos certos. E não seja influenciada pelas regras fictícias criadas por outros. Só você sabe o que é melhor para si.
Fique em paz e vamos parar de romantizar a solitude.