A Polícia Civil do Rio e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai prenderam, na noite de sábado (13/02), Gabriel Mendes da Silva, conhecido como o Turco, investigado como o responsável por fornecer armas e drogas para facções que dominam o tráfico no Rio de Janeiro. A prisão correu em Assunção, capital do país vizinho.
De acordo com informações da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Turco foi preso em uma mansão avaliada em R$ 2,5 milhões. Quando foi encontrado pela polícia, ele apresentou um documento falso e foi preso em flagrante.
Os agentes também apreenderam uma arma, munição para pistola e fuzil, celulares e um computador. Turco ficará preso no Paraguai.
O criminoso foi um dos 76 detentos que conseguiram fugir por um túnel de uma cadeia em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. O caso ocorreu em janeiro de 2020.
De acordo com as investigações, ele é o braço-direito do paranaense Ricardo Luiz Picolotto Pedroso da Silva, conhecido como R7, ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
De acordo com as investigações, ele é o braço-direito do paranaense Ricardo Luiz Picolotto Pedroso da Silva, conhecido como R7, ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo a Desarme, R7 também tem negócios com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe do tráfico do Complexo do Alemão, localizado na zona norte da cidade, que está foragido no Paraguai e também é alvo das investigações da Desarme.
“R7 é um traficante violento e metódico e ainda pouco conhecido das polícias brasileiras, mas é o líder de uma nova facção autointitulada “Os Manos” que possui estreita ligação com o PCC”, informou a Desarme.
R7 foi alvo de uma ação simultânea na cidade de San Bernardino, a 50 quilômetros da capital paraguaia, mas conseguiu fugir. Ele deixou uma mansão na região pouco antes de a polícia chegar e encontrar a mulher dele e o filho recém-nascido. O traficante tem mandado de prisão expedido pela Justiça do Rio Grande do Sul.
Segundo a Desarme, no Paraguai, R7 recebe armas dos Estados Unidos, de Israel, da Europa, da China e até mesmo da Austrália. Do país vizinho, ele envia esse material bélico para vários estados do Brasil. Na ação, os agentes apreenderam uma planilha onde ele anota os modelos e as origens de cada arma que traficada.
“Ricardo R7 é um personagem ainda obscuro para as polícias brasileiras. Muito metódico, ele anota detalhes das armas que envia para o Brasil, inclusive suas origens”, destacou a Desarme.
Na verdade, ainda vivemos uma briga insana e inglória entre polícia e bandido…
Com o objetivo simplório de instituir e manter a lei e a ordem, estabelecido na primeira instituição policial brasileira, o Corpo da Guarda, inaugurada ainda na época da presença do Marquês de Pombal no Brasil, final do século XVIII, estamos longe de vislumbrar uma polícia que tenha o objetivo de segurança do povo.
Certamente, o elemento surpresa, associado à conivência judicial e policial, já determinam a vitória dos bandidos, sem falar que o orçamento para este combate NUNCA será suficiente para confrontar o superlucro da criminalidade.
Portanto, sem uma estruturação eficiente das comunicações e a instituição de uma filosofia realmente de segurança pública pelas cúpulas das polícias atuais, viveremos em eterno e infrutífero combate contra a criminalidade.
Isto é, a cada dia perderemos mais uma batalha, até perdermos a guerra.
Pelo que a polícia sabe, já dava para ampliar investigações e amealhar provas suficientes para acabar com o tráfico.
No entanto, os sistemas de comunicação entre polícias precisa de mudança radical, bem como os sistemas entre a polícia e a justiça.
Informação e comunicação são fundamentais para as estratégias de segurança e a evolução desta comunicação é até básica para a própria Corregedoria identificar conivências de policiais com o crime organizado.
Não falta somente dinheiro, mas principalmente, a organização das cúpulas de segurança, em torno de uma estratégia administrativa que seja focada na segurança do cidadão e não na manutenção da ordem.
Ainda temos muito o que remar nesse mister, até encontrarmos terra firme.
Enquanto isto não acontece, assistiremos a venalidade da justiça e a conivência policial criando muros intransponíveis para o exercício da lei, da ordem e, principalmente da ausente proteção do cidadão.