Tragédia do Museu Nacional, culpa de todos

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O trágico incêndio do Museu Nacional, ontem, é claro que gerou a boa e velha acusação política, em especial, de quem hoje é oposição ao governo de Michel Temer (MDB) que, claro, é culpado, mas não é o único. O culpado pelo incêndio do Museu Nacional, somos todos nós, inclusive este site e você que está lendo.

É o atual governo, que é parte presente de todos os governos desde a redemocratização, pelo menos, e nunca levou a sério a questão da cultura e da pesquisa no Brasil. E aqui incluo MDB, PSDB e quem quer que seja, que em todas as votações nunca pensaram na necessidade de aumentar o destino de verbas para os museus, mas é claro, a população nunca se mexeu quanto a isso.

A culpa é também dos 12 anos do governo PT, que diferente do que quer mostrar o candidato ao senado, Lindbergh Farias (PT) vem cortando a verba para o museu, desde 2013 estão sendo feito cortes. E a situação do museu não deteriorou absurdamente nesses 2 anos de Temer, já são quase 20 anos de integrantes do Museu Nacional reclamando da situação e do perigo de incêndio no local.

Também temos de culpar o PSol, que tentou se aproveitar politicamente do desastre, mas tem em seus quadros o reitor e boa parte da direção da UFRJ. A mesma entidade que já passou por vários incêndios nos últimos anos, não encontra uso para o Canecão, cujo terreno poderia arcar com boa parte das despesas do Museu Nacional. Mesma reitoria que tem orçamento bilionário, e liberdade para gastar como quiser, mas não era capaz de cortar parte de suas despesas para tentar salvar o museu. Provando a incapacidade de gestão e também devem ser culpados.

Não posso deixar de culpar o próprio Diário do Rio, que nestes 11 anos falou pouquíssimas vezes do Museu Nacional, salvo em caso de eventos e em alguns posts sobre a História do Rio. Talvez se fosse diferente, e falado mais sobre visitas ao local, que ano passado teve menos visitantes que o número de brasileiros no Louvre, poderíamos mostrar que o carioca gosta de cultura, pesquisa e museus. Mas não, foram menos de 20 matérias. E também é culpa do resto da mídia, seja as de televisão, jornal ou mesmo Instablogs.

Também o leitor é um pouco culpado, a grande maioria nunca foi ao Museu Nacional, ou apenas uma vez. Também escolhe mal os seus representantes em Brasília ou na ALERJ, sem pesquisar como deve ser feito, e sem saber as propostas. Quando o faz escolhe aquele com as mesmas cores ideológicas, seja pela direita ou pela esquerda, e torna o debate político estéril, em que a proposta importa menos do que quem a apresentou.

Finalmente, o debate da conservação agora está dentro do debate político, os candidatos a presidente, deputado, governador e senador vão ter de falar o que pensam e o que podem fazer para que anos de história e de pesquisa não virem cinzas como neste fatídico domingo. Talvez não seja sonho, que pelo menos nessa hora parte de política brasileira mudem e façam um grande acordo de que, não importando quem seja eleito, a história do Brasil e de quem a pesquisa, nunca mais será deixada em 2º plano.

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