Há um ano atrás, estávamos em meio às Olimpíadas Rio 2016. Competições ocorriam em toda a cidade, visitantes estrangeiros caminhavam pelos bairros com suas camisetas coloridas e a imprensa divulgava o quadro de medalhas, elogiava a nova zona portuária e dizia que o carioca estava tomado pelo espírito olímpico. Haja coração. Teste para cardíaco.
Mas depois a festa acabou. A luz apagou. O povo sumiu. A noite esfriou. E agora, José? Passados pouco mais de 365 dias desde a abertura dos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, procuramos os diversos legados prometidos para a Cidade Maravilhosa: o esportivo, o social, o turístico, o ambiental e o de mobilidade urbana, para citar apenas os principais.
A nível esportivo, o incentivo à formação de novos atletas foi e continua sendo muito pequeno. O Brasil e o Rio não avançaram no esporte mesmo tendo recebido as Olimpíadas. Na questão do auxílio aos atletas mais experientes, temos o exemplo da velocista Rosângela Santos, criada em Padre Miguel, zona oeste do Rio, que está fazendo uma vaquinha online para custear suas despesas, embora seja um dos destaques do atletismo nacional.
No que diz respeito às instalações esportivas, não se ouve falar de algo ocorrendo no Campo de Golfe ou no Parque Radical de Deodoro. Já o Parque Olímpico têm tido pouco uso e sofreu recentemente com um incêndio no Velódromo, quando descobriu-se ainda que os equipamentos do Parque não possuem seguro. Quanta inteligência!
No quesito social, o Rio de Janeiro segue fortemente inseguro, o carioca anda na rua com medo e a maior festa do esporte mundial não serviu para que as modalidades fossem utilizadas como forma de inclusão de crianças e jovens. Enquanto isso, as intervenções na Zona Portuária ainda não geraram a revitalização esperada: não há tantas empresas, serviços e moradias surgindo na região como se garantia.
Já o setor do turismo sofre com uma profunda crise, onde a ocupação da rede hoteleira é baixíssima e os turistas fogem do Rio de Janeiro com medo da violência. Antes das Olimpíadas diziam que no Rio faltavam quartos. Hoje sobram. Sobram muitos. E faltam empregos no setor. Na mobilidade urbana, é preciso reconhecer que tivemos alguns avanços, mas o BRT TransBrasil segue com as obras muito atrasadas, o VLT ainda tem trechos faltando e a construção da estação Gávea do metrô caminha no ritmo oposto ao de Usain Bolt.
Por fim, o legado inexistente, o ambiental: nenhuma das lagoas cariocas foi despoluída, a coleta seletiva ainda engatinha e não se avançou na preservação, embora os mascotes da Olimpíada representassem nossas fauna e flora. Que ironia!
Vale citar que, recentemente, foi criado mais um órgão público, como se essa fosse a solução, para gerir o legado olímpico brasileiro. A Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO) é ligada ao Ministério do Esporte e tem o dever de fomentar o bom uso da “herança olímpica”. Ela substitui a Autoridade Pública Olímpica (APO) e existirá, a princípio, até 2019, quando o trabalho de direcionar o legado olímpico já deverá estar realizado, promete-se.
Estamos todos torcendo pelo Rio e desejando sucesso aos que coordenarão os trabalhos do órgão. As críticas são construtivas. Hoje o Rio está com menos legado e cada vez mais largado.
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