Um bairro inteiro sem supermercado: único de Santa Teresa fechou e o imóvel está para alugar

O supermercado da rua Leopoldo Fróes serviu a comunidade por mais de 50 anos, e depois de seu fechamento os moradores estão tendo que recorrer aos mercados do Centro da cidade. O imóvel está vazio e tem estacionamento e facilidade de carga e descarga, coisa rara na região

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O antigo supermercado Maracanã, de Santa Teresa: único imóvel plenamente apto a receber um supermercado no bairro, com alvará e espaço pra carga, descarga e até estacionamento. / FOTO: Diário do Rio

Há mais de 50 anos todos os moradores do bucólico bairro de Santa Teresa sabem que o supermercado da Rua Leopoldo Fróes, 31, é o único de toda a região. Sinônimo de frutas, verduras, carne e produtos de varejo em geral, o antigo Supermercado Maracanã – construído com fachada modernista que de certa forma até lembra o velho estádio acabou se transformando em Big Market, depois em Cariocão e por fim ostentava um grande letreiro da Rede Economia. Tirando micro-mercados e delicatessens, o prédio modernista da Leopoldo Fróes era o único supermercado de porte do local.

O imóvel, de esquina, tem quase 800 metros quadrados em dois pisos mais um grande sótão, e fica no principal entroncamento do trânsito do bairro central; é visível da Almirante Alexandrino, maior artéria do bairro, e fica bem em frente à 7a. Delegacia de Polícia e ao acesso à rua Aprazível, que ocorre através da rua Francisco de Castro. É um dos poucos imóveis do bairro que conta com amplo estacionamento em frente, e que tem capacidade para grande volume de carga e descarga. O caráter apertadinho e sinuoso de Santa Teresa não favoreceu o surgimento de outros mercados maiores, sendo ele a única opção para os moradores, agora, a ida até o hipermercado Mundial, lá embaixo, na rua do Riachuelo.

O DIÁRIO esteve no local e conversou com moradores. Uma senhora que se identificou apenas como Hilda disse que o bairro ficou completamente órfão do mercado: “A gente reclamava que era caro, que nem sempre a verdura era a mais fresca. Mas o que ocorre é que agora temos o mesmo problema, e ainda temos que pagar o táxi pra ir até a rua do Riachuelo“, resume. Segundo informações de freqüentadores, um dos sócios teria se aposentado, e com isso não houve quem tocasse o negócio, depois de décadas de funcionamento. Para Antônio Morais, que disse ser cliente do antigo estabelecimento “seria mais bacana se o novo supermercado tivesse uma padaria bacana, talvez uma delicatessen, algo como um empório. O supermercado antigo estava superado, era muito antiquado. O morador do bairro ganharia muito com um negócio assim, e a demanda é grande. Sem contar o grande número de restaurantes que funciona por aqui”.

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Conseguir alvará pra Supermercado em Santa Teresa é quase impossível. Neste prédio, ele já existe. Além disso, possui espaço para carga e descarga, não fica colado em moradias, e ainda tem vagas de estacionamento na porta. Este é o melhor imóvel do bairro para esta finalidade“, diz o corretor Marcus Vinícius Ferreira, da Sergio Castro Imóveis, que está encarregada da locação do imóvel e está organizando as visitas. A mesma imobiliária vendeu o Hotel Santa Teresa em 2004, e o Armazém São Joaquim mais recentemente, tendo forte atuação no Centro e Zona Sul. Segundo Ferreira, o supermercado sempre teve boa rentabilidade e não fosse pela doença de um dos sócios, não teria fechado. Também diz que tem atendido diversas empresas do ramo, que estão analisando a locação, além da compra dos equipamentos que estão lá dentro. “O supermercado está praticamente todo montado“, diz, frisando que toda a parte elétrica está nova, e que o imóvel teria três câmaras frigoríficas.

A pedida de aluguel pelo imóvel não foi revelada, mas segundo o corretor o valor seria realista para o mercado atual: “é uma oportunidade“, diz. “Tomara que alguém chegue logo num acordo com a imobiliária. Não dá pra ficar mais sem mercado aqui“, diz dona Hilda.

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10 COMENTÁRIOS

  1. Aquele ponto pra mercado é ruim, com relação ao acesso, é mto afastado. O jeito é descer pra comprar lá e bx msm, não tem lugar pra mercado daquele porte em Santa Teresa.

  2. Querem um mercado na altura deles,coloca supermercado zona sul,vai ter muita variedade de produtos até importado e uma bela padaria com vários tipos de pães, mas mesmo assim vão reclamar pelo preço que está caro!

  3. O atual prefeito do Rio não sai de lá rodeado de puxa-sacos e de grupos de apoiadores esquerdistas e pode perfeitamente isentar o IPTU caríssimo do Rio e assim compensar o prejuízo que tal estabelecimento tem num bairro que há muito deixou de ser bucólico.

  4. Em primeiro lugar, não confundir Santa Teresa, bairro quase estritamente residencial, com o Centro da Cidade, onde praticamente ninguém mora. Compra de mercado é para consumo em casa, principalmente comida. No Centro, as pessoas não querem comprar em mercado. Alguns que moram no Centro não dão movimento para sustentar as despesas de um supermercado. Santa Teresa é um bairro muito longo, mas com largura quase zero. Não tem população para sustentar mercado. A distância ente a saída dos Arcos e o Silvestre é de uns quero quilômetros. A áreas altas do lado da Riachuelo, Glória e Laranjeiras têm dificuldade, pelo terreno acidentado, para usar qualquer coisa na Alm. Alexandrino, rua central do bairro. Acaba sendo.mais fácil descer aos bairros vizinhos, que dão residenciais e têm bons mercados.

  5. Era fornecedor dessa loja e o grande problema é que esse supermercado não tinha demanda. Realmente precisava de uma modernização, mas investir ali é não ter o retorno esperado é melhor outro ponto.

  6. Ué, gente isso é livre mercado!
    O Rio de Janeiro não é todo liberal? Ninguém pode obrigar ninguém a querer abrir um estabelecimento em tal lugar. Lei da oferta e procura. Não tem procura, o comércio fecha.

    O RJ tem que decidir o que quer ser… Liberal no discurso e esquerdista na expectativa.

  7. Quem vende imóveis no centro acredita que os moradores são ricos, descolados, não fazem comida em casa e vivem a custa de delivery. Só pode ser. Os que resistem são sobreviventes.

  8. O Castelo (zona nobre do Centro do Rio) está assim há mais de 40 anos e ninguém diz nada. Último supermercado da região, as Casas da Banha que funcionavam na Av. Presidente Antonio Carlos, fechou há décadas e nada abriu para substituí-lo. E o prometido mercado na Senador Dantas (ocupando uma grande loja que já foi cinema e livraria) ficou só na promessa. Para piorar, o mercado mais próximo (o Zona Sul da Candelária) também fechou. É assim que querem atrair novos moradores para o Centro?

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