Um Café Executivo: Transformando Chefes em Líderes

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Liderança é um tema bastante requisitado em minhas palestras e muito presente em meus livros. Como entender e atuar com os conceitos universais de liderança?

Históricos líderes mundiais nasceram com as circunstâncias, quando sua nação estava sob iminente ameaça, em momentos de enormes desafios, catástrofes, ou guerra. São seres marcados pela coragem, valentia, decisão, visão do caminho e a capacidade apaixonada de compartilhar essa visão. Fazem seu povo resgatar a esperança e desenvolvem elevada capacidade de resiliência: no instante da crise, não se deixam dominar pelo estresse e não param de pensar.

Hitler foi um líder? Muitas pessoas me fazem essa pergunta. Admito que alguns dirigentes encarnaram o perfil de líder no início da sua jornada, conquistaram a confiança de sua pátria, mas depois degeneraram. Estes não foram autênticos e integrais, foram líderes acidentais. Hitler é um eloquente exemplo do desastre que falsas lideranças podem causar. No início, com seu invulgar carisma, incorporou o sonho de recuperar o moral do povo alemão, esgarçado na Primeira Grande Guerra Mundial. Teve enorme competência em compartilhar seu propósito e alçou o mais elevado posto de seu país. Mas como se comportou no poder? Foi sugado pela obsessão de ser um predestinado e exaltava a si próprio como o infalível enviado dos deuses. Jamais admitia ao seu lado alguém que ousasse contrariar suas idéias. No momento derradeiro, quando Berlim já está sendo invadida pelas forças aliadas, antes de colocar uma bala em sua própria cabeça, declarou que o povo alemão foi covarde, não soube lutar.  Disse que não foi ele quem perdeu a guerra, o povo alemão é que não estava a altura do seu comando.

O líder integral tem valores elevados, sabe ouvir e jamais culpa sua equipe por seus próprios fracassos.

Quais são as novas fronteiras que separam chefes de líderes?

Quais são as habilidades essenciais que um gestor precisa desenvolver para merecer ser chamado de líder?

Leadershipr por TassieEye

Líder não é sinônimo de quem manda, é um conceito muito maior. O líder autêntico é empreendedor, educador, inspirador, inovador, cultivador de valores e agente de transformação; portanto, deve ter foco nos resultados, mas sem esquecer as pessoas. Ele compartilha a visão, aponta a missão, estabelece conceitos e significados, é exemplo de humanismo, ética e confiança. Deve ser também comunicador, agregador, pacificador, negociador, ecoalfabetizado, facilitador do clima organizacional, da justiça e do relacionamento interpessoal. Não pode lhe faltar a percepção do essencial, a capacidade de formar equipes de alto rendimento, a paixão pelo sonho e a clareza do papel de cada um na construção desse sonho. O líder jamais para de se aperfeiçoar.

São muitas virtudes para caber num só ser humano? Pode parecer, mas quem quer preencher o vácuo de liderança que existe na organizações e no mundo não pode ignorar esses valores.

Por que um líder é exemplo de postura ética e inspiradora?

A briga pelas posições de maior hierarquia nas empresas tem deixado um rastro de destruição; a competição é uma guerra sem armas, mas que fere com a mesma profundidade e dor. O poder dos cargos passa e costuma deixar um doloroso vazio, quando não é exercido com inteligência e sensibilidade. As funções vitais na teia das organizações globais terão que ser ocupadas por seres de espírito forte, que sabem da grande responsabilidade que devem assumir com a humanidade, com Deus e com seu próprio futuro espiritual.

Por que a formação de líderes é a maior preocupação das organizações modernas?

As empresas terão que ser socialmente justas, éticas e ecologicamente corretas; verdadeiros celeiros de seres humanos de elevada estirpe, benfeitores da humanidade. Para uma empresa sobreviver, não é necessário que os concorrentes sejam perversamente destruídos, porque Isso se opõe à responsabilidade social e humanitária que lideranças e instituições devem cultivar.

Há um grande desafio para as instituições que querem se perpetuar. O líder identifica as lacunas, descobre as necessidades que ainda clamam por ser atendidas na humanidade. Uma instituição só é sustentável quando atende uma real aspiração do ser humano. Qualquer empreendimento tem que ser socialmente correto e fazer o bem. Mas cada trabalhador deve ser a alavanca dessa mudança, é algo que deve se tornar primeiro real em nós próprios.

Todo líder é um empreendedor, mas nem todo empreendedor é um líder.

Por que muitos trabalhadores não se demitem da empresa, demitem-se dos seus chefes?

Follow the Leader por David Spinks

A ausência de lideranças autênticas tem sido a causa de uma realidade inaceitável em algumas organizações: o assédio moral. Onde o ser deveria crescer, sente-se diminuído. A arrogância de pessoas despreparadas para os cargos de gestão causa traumas psicológicos, doenças, insegurança afetiva e até desestruturação familiar. Já atendi pessoas humilhadas no trabalho, dizendo que não tinham coragem de olhar os filhos quando retornavam para casa. Há estudos que provam que muitas pessoas se sentem tão abaladas com as atitudes desumanas do seu chefe quanto com a morte de um parente. Essas vítimas comparam o ambiente de trabalho com uma penitenciária, onde o carcereiro recebe o nome de chefe, gerente ou diretor.

No tempo do Império Romano, a maior glória era o General retornar vitorioso de uma campanha de guerra. Na sua entrada triunfal na cidade de Roma, tinha que ter um vassalo aos seus pés, agachado, para ficar lembrando que apesar de toda aquela glória ele era um simples mortal. No caso de um verdadeiro líder essa lembrança é feita pela sua consciência, que não o deixa exceder a própria medida. Mas ainda existem chefes que só percebem essa advertência tardiamente, quando seu castelo imaginário afunda na areia movediça das amargas frustrações.

Os gestores vivem uma crise; alguns entram num ritmo frenético para sustentar sua ambição de poder, mas, no final das contas, não se declaram pessoas felizes.

Por que os métodos tradicionais de chefiar no passado estão deixando de funcionar?

O chefe comum só sabe comandar e controlar, tudo o que ele pretende é que as pessoas façam o que é preciso ser feito; o líder, ao contrário, consegue que as pessoas queiram fazer o que é preciso. Isso é saber motivar. É possível ser duro com os problemas, sem ser cruel com as pessoas.

É evidente que empresa não é clube e que a relação de chefes com subordinados não é igual à de pai e filho. Mas o ambiente de trabalho não pode ser fonte de sofrimento, como vem sendo percebido por milhões de trabalhadores.

Há programas corporativos em todo o mundo voltados para os direitos humanos e pela igualdade de gênero e raça. Essas iniciativas são importantes, mas não suficientes. Há também alguns movimentos sindicais positivos, mas ainda existem os radicais, que reivindicam ilimitados direitos para o empregado, sem considerar o trabalho sério e necessário para a saúde da organização.

A competição é uma prática que merece atenção especial. Não se pode negar que a competitividade saudável, para dentro e para fora das organizações, é importante porque estimula o progresso. Há pressão do mercado, dos concorrentes e exigências cada vez maiores dos clientes. Mas o apelo neurótico a estratégias e modelos de competição tem se transformado num impiedoso combate. Parece que para o empregado cumprir suas metas ele precisa se vestir de gladiador. Essa prática não é sustentável, porque está criando um grande passivo humanitário para as futuras gerações.

É certo que o gestor precisa dar resultados, visar o lucro. Para alcançar as metas da empresa, não se pode negar que às vezes é necessária certa dose de arbitrariedade e autocracia. Mas aí reside o segredo da arte. Por quê? Porque ao mesmo tempo em que faz a roda da produção girar  o gestor precisa ser justo, educador, respeitoso, estimulador e tirar o melhor das pessoas. É sua missão fazer com que as pessoas se sintam importantes, realizando um trabalho que tenha importância em suas vidas. São poucos os que conseguem combinar estes dois fatores aparentemente díspares, antagônicos. Combinar o alcance de metas cada vez mais desafiadoras com a prática de uma administração democrática não é fácil, é uma mistura heterogênea, que o gerente precisa transformar em mistura homogênea. É essa habilidade que transforma chefes em líderes.

É possível comparar uma empresa ao corpo humano? Se for, qual é a função do líder? Talvez seja o pulsar do coração, bombeando o sangue imaterial dos estímulos por todas as artérias da instituição. Mas o líder pode exercer o papel da transpiração: uma empresa precisa transpirar entusiasmo por todos os seus poros. Quer saber se um gestor é um líder? Observe se ele age como o núcleo de um átomo, que irradia a força do seu entusiasmo e sua evolução para todos que o rodeiam.

Jarbas Mattos

Jarbas Mattos

Jarbas Mattos é Administrador com larga experiência na Área de Recursos Humanos e Operacional dos Correios. No campo privado, é consultor e palestrante na área de liderança, motivação e desenvolvimento do potencial humano. É docente da Fundação Logosófica – Em prol da Superação Humana e investigador dos segredos da mente e dos conhecimentos superiores que envolvem o mundo interno humano. Profere palestras em congressos, seminários e universidades. Publicou diversos artigos e livros, dentre eles: O Sentido da Vida no Mundo em Crise (Ed. Record) e Reflexões Essenciais para Entender e Dirigir a Vida (Ed. Vozes), também publicado pela Ed. Palabra Ediciones e distribuído em todos os países de fala espanhola, inclusive EUA. Escreveu também os livros: 1 – Como acender a mente e iluminar a vida – Onde fica o interruptor? 2 – Como falar sem medo e conquistar o público. 3 – Como ser feliz e entender a morte, e 4 – Como triunfar na profissão e evoluir a alma no trabalho.

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