Um case inovador de uma Organização da Sociedade Civil que está combatendo a crise climática

Como iniciativas locais podem efetivamente promover a conscientização ambiental e ajudar a combater esses impactos negativos

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Comunidades periféricas são as que mais sofrem com as consequências de um modelo de desenvolvimento que explora de maneira desproporcional seus recursos naturais e expõe seus moradores aos danos causados pela poluição e pela crise climática. Por isso, é importante falar do sucesso do EcoMercado e de outras iniciativas sustentáveis do Núcleo Especial de Atenção à Criança (NEAC), em Campo Grande, Rio de Janeiro – apoiado pelo Instituto Phi -, como um case de como iniciativas locais podem efetivamente promover a conscientização ambiental e ajudar a combater esses impactos negativos – obviamente, a maior responsabilidade é a governamental.

Fundado pela assistente social Selma Pacheco em 1993, o NEAC atende cerca de 200 crianças e 800 famílias com programas de educação, cultura, esporte e assistência psicossocial. O primeiro olhar de Selma foi para a urgente necessidade de promover ações ambientais na comunidade de Comari II, que enfrentava sérios problemas de poluição, especialmente com o lixo jogado no Rio Cabuçu. O impacto do descarte inadequado de resíduos foi tão grave que, em um ano de chuvas fortes, o rio transbordou, inundando a comunidade e o próprio NEAC. Esse episódio foi o ponto de partida para uma série de iniciativas que buscavam mitigar os danos ambientais e melhorar as condições de vida da população local.

Em 2002, o NEAC iniciou a criação de um sistema de troca de materiais recicláveis com as crianças da comunidade, que podiam trocar esses materiais por bolas de gude e outros itens. Esse modelo simples, mas eficaz, gerou uma enorme mobilização em torno da coleta seletiva. O que começou como um pequeno projeto foi se expandindo e, em pouco tempo, o NEAC criou o EcoMercado, um espaço onde os materiais recicláveis são trocados por itens essenciais, como material escolar, alimentos e materiais de higiene e limpeza. Com o uso de uma moeda ecológica própria, o EcoReal, a comunidade não apenas deu um destino para o lixo, mas também gerou recursos que são reinvestidos em atividades educacionais e culturais para as crianças e adolescentes atendidos pelo NEAC.

Além do EcoMercado, outras ações do NEAC reforçam seu compromisso com a sustentabilidade. A implantação de hortas comunitárias, onde as próprias crianças e suas famílias cultivam alimentos saudáveis, é uma das iniciativas mais significativas. Esses alimentos são usados para suprir a alimentação das famílias e também alimentam o Programa Prato Feito Carioca, que distribui diariamente 280 quentinhas a famílias com maior vulnerabilidade no território.

O resíduo gerado na preparação dessas refeições vai para a compostagem e é utilizado como adubo nas hortas, criando um ciclo fechado que beneficia tanto o meio ambiente quanto a economia local. Com apoio de uma empresa especializada, o NEAC criou também um minhocário, que vem ajudando a decompor resíduos orgânicos em húmus, composto muito rico em nutrientes para adubo na horta e no pomar.

A organização investiu ainda em tecnologias mais limpas e sustentáveis, como a instalação de placas solares que garantem a economia de energia, com redução da conta de luz, e reduzem o impacto ambiental. A água da chuva é armazenada para uso em atividades externas, e o consumo é rigorosamente controlado.

A meta do NEAC é, até 2025, tornar-se uma OSC Lixo Zero. Este objetivo ambicioso reflete não apenas um compromisso com a sustentabilidade, mas também com a justiça social, pois as comunidades mais vulneráveis, como as atendidas pelo NEAC, são as mais impactadas pelas consequências do descaso ambiental e do desperdício de recursos.

“O Instituto Phi tem muito orgulho de apoiar o NEAC ao longo dos últimos seis anos e acompanhar essa construção de uma relação mais harmônica entre as pessoas e o meio ambiente, criando um futuro mais justo e saudável para todos”, diz Luiza Serpa, diretora e fundadora.

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Renata Granchi
Renata Granchi é jornalista e publicitária com mestrado em psicologia. Passou pela TV Manchete, TV Globo, Record TV, TV Escola e Jornal do Brasil. Escreveu dois livros didáticos e atualmente é diretora do Diário do Rio. Em paralelo, presta consultoria em comunicação e marketing para empresas do trade.

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