Neste final de semana, o Brasil viverá momentos históricos e decisivos, que provavelmente ditarão diversos rumos referentes ao futuro do nosso país. Muito mais do que o afastamento de Dilma Rousseff, o impeachment pode e deve representar a busca dos brasileiros por um novo caminho, uma nova política, que se traduz em uma nova maneira de organizar as coalizões que dão suporte aos governos, de lidar com o dinheiro público e de enxergar as consequências dos atos dos governantes.
A disputa política faz com que os governistas chamem o processo de impeachment de golpe, argumentem que Dilma foi eleita legitimamente e digam que não houve crime de responsabilidade por parte da Presidente. Contudo, até mesmo os defensores de Dilma sabem que o próprio Supremo Tribunal Federal, guardião da constitucionalidade e formado, em sua maioria, por membros indicados pelo próprio PT, definiu o trâmite do impeachment de acordo com a legalidade. Sabem também que Michel Temer foi igualmente eleito de forma legítima, ao contrário de Lula, que pretendia tomar o governo a partir da Casa Civil sem ter recebido nenhum voto para tal. Por fim, até mesmo os petistas reconhecem, nos bastidores, que a gestão econômica de Dilma tem sido pífia e que o governo, tentando maquiar essa situação e vencer a eleição de 2014, cometeu crimes fiscais que justificam o pedido de impeachment da Presidente.
Portanto, não há golpe, não há ilegitimidade em uma eventual presidência de Michel Temer e não há inocência da Presidente quanto a crimes de responsabilidade. O que há, isso sim, é falta de competência, de credibilidade, de honestidade e até mesmo de vergonha por parte de um governo e de um partido que, na reta final, ao mesmo tempo em que apregoa ser inocente, estaria oferecendo dinheiro em troca de votos contra o impeachment, demonstrando sua incoerência, sua desfaçatez, sua desonestidade intelectual e sua corrupção.
A sucessão de erros políticos, equívocos administrativos e enganos econômicos do PT e de Dilma colocou o país um uma crise múltipla e sem precedentes. Mesmo assim, até pouco tempo atrás, o governo fingia que estava tudo bem e só mudou de posição quando a situação se tornou insustentável.
Percebam que há muito para se comentar sobre os desmandos do governo Dilma sem nem mesmo citar a corrupção na Petrobras. A tudo que já foi dito se somam os bilhões e bilhões desviados de empresas públicas, recursos que fizeram falta na saúde e na educação e que rechearam os bolsos de petistas e aliados, completando um cenário catastrófico que Dilma, Lula e o PT só podem creditar a eles mesmos.
Já são mais de 13 anos de um governo Lula-Dilma onde o Movimento Sem Terra elogia o PT enquanto os trabalhadores continuam sem terra, onde a União Nacional dos Estudantes fica calada quando o financiamento estudantil é cortado, onde aqueles que melhoraram de vida na verdade tinham apenas crédito e agora estão endividados e desempregados e onde a articulação política governamental não consegue garantir nem mesmo um terço dos votos na Câmara dos Deputados contra o impeachment.
Em resumo, há tantos motivos para o impeachment de Dilma Rousseff que um texto apenas não consegue abranger todos os itens. Certo é que, caso esse final de semana histórico e decisivo nos traga a aprovação do afastamento da Presidente, teremos apenas alguns minutos para comemorar, pois a sociedade e os governantes precisarão, logo depois, dialogar e pensar em soluções para tirar o Brasil da crise e, principalmente, construir as condições para que a nossa política, transformada positivamente pela Operação Lava-Jato, mude de uma vez por todas, para que Dilma não se repita.