Luto, casas com estruturas comprometidas, bens materiais destruídos, incerteza em relação ao futuro. Essas são algumas das sensações de momento vividas por moradores do bairro de Rocha Miranda, na Zona Norte da cidade do Rio, que foram afetados pelo rompimento de uma adutora na última terça-feira (26/11).
Estima-se que mais de mil pessoas foram afetadas pelo rompimento da adutora. Entre elas, Marilene Rodrigues Lima, de 79 anos de idade, que morreu soterrada após o desabamento de sua casa.
“Marilene foi uma vítima trágica do incidente. Estava em sua casa quando a pressão da água causou danos estruturais que resultaram em um desabamento parcial. A família dela está passando por grande sofrimento, tanto pela perda quanto pelo impacto financeiro e emocional da situação. A comunidade e grupos de apoio local estão prestando solidariedade à família, mas a dor é imensa, especialmente por se tratar de uma vítima fatal”, disse Jairo Magalhães, advogado dos familiares da vítima.
Em outros casos consequentes do rompimento da adutora, moradores de Rocha Miranda tiveram casas danificadas e enfrentaram falta de serviços essenciais, como água e luz por dias após o incidente.
“O custo para reparação de casas é elevado e muitos moradores ainda aguardam o suporte necessário, seja do poder público ou das empresas responsáveis pela infraestrutura da região. Além disso, há o impacto psicológico, que tem sido severo. A sensação de insegurança e o trauma gerado pelo desastre afetam a saúde mental das pessoas, principalmente em uma área já vulnerável, como Rocha Miranda. Sem contar as dificuldades de acesso a serviços básicos como água potável e saneamento, agravadas pelo rompimento da adutora, que contribuem para o estresse emocional da comunidade“, frisa Jairo Magalhães.
Ações emergenciais foram realizados, mas moradores acharam insuficientes
A Cedae realizou reparos na adutora e a Prefeitura do Rio tem oferecido serviços de acolhimento às famílias afetadas, como alojamento temporário e ajuda financeira emergencial. No entanto, a assistência tem sido considerada insuficiente por muitos moradores, que reclamam da falta de uma resposta mais rápida e de medidas preventivas mais eficazes para evitar novos incidente.
“Esse tipo de situação exige uma ação rápida das autoridades, tanto no apoio imediato às vítimas quanto em medidas para evitar que eventos semelhantes ocorram no futuro“, pontua o advogado Jairo Magalhães.
Questionada pela reportagem sobre as reclamações dos moradores, a Cedae informou que “não é responsável pela rede de distribuição de água na Região Metropolitana do Rio, cuida somente do tratamento de água nos sistemas produtores, como Guandu e Imunana-Laranjal” e recomendou que a concessionária Águas do Rio, responsável pelo serviço na região de Rocha Miranda, fosse procurada.
Em nota, a Águas do Rio declarou que em casos de acidentes com adutoras, a concessionária “ativa o plano de emergência para garantir acolhimento, limpeza das áreas e restabelecimento do abastecimento“. A empresa detalhou que ofereceu estadia em hotel e alimentação para famílias afetadas. Entre elas, a de Monique Cristina Braga de Souza, filha da idosa que morreu.
A Prefeitura informou que a “Defesa Civil do município do Rio interditou duas casas e duas garagens no dia 26/11, após uma adutora romper e causar o desabamento de um imóvel. O órgão reitera que as interdições ainda estão em andamento por conta do reparo que a concessionária Águas do Rio realiza no local. À época, a Defesa Civil constatou que não há risco de um novo desabamento de estrutura e fez as interdições como medida de segurança durante a realização dos reparos. Após o término da obra e de uma vistoria feita pela concessionária, as famílias poderão retornar às suas casas”.