Uso indiscriminado de Zolpidem pode causar mais prejuízos que benefícios, explica o médico José Fernandes

Especialista em neurologia e psiquiatria comenta casos de alucinação após uso do medicamento sem prescrição médica

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Dr. José Fernandes. Foto: Divulgação

Dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), enviados para o portal R7, mostraram que, em 9 anos, o número de caixas vendidas do medicamento Zolpidem subiu 676%. Esses dados referem-se ao período entre 2012 e 2021. Já no primeiro semestre de 2022, foram comercializadas 10,6 milhões de caixas do medicamento. Os números chamam a atenção para uso indiscriminado, e sem receita médica, do medicamento indutor do sono.

O médico neurologista e psiquiatra Dr. José Fernandes comenta que isso é o reflexo de uma população que tem adoecido, porém, a busca por ajuda é feita de maneira incorreta. Um exemplo disso é a autoprescrição medicamentosa, como o Zolpidem, que com frequência têm seu uso e efeitos colaterais debatidos nas redes sociais, tornando o remédio cada vez mais popular.

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“Da mesma forma que o Rivotril foi uma medicação muito utilizada nos anos de 1980 e 1990, com um disparo na comercialização, o Zolpidem tem sido agora. Porém, ele induz ao sono. Esse boom no uso de medicações do tipo é um reflexo do adoecimento psiquiátrico da população em geral”, comentou o médico.

“A forma correta do uso do Zolpidem, em primeiro lugar, é por prescrição médica. Nós o indicamos para pacientes com insônia inicial, aquela insônia que pessoa deita pra dormir e não consegue, quando demora mais de 30 minutos pra pegar no sono. Geralmente, são pessoas que têm uma rotina de vida diária muito difícil. Por exemplo, o empresário que trabalha e não tem hora para chegar em casa; ele não consegue ter uma rotina de sono. Nesse caso, o Zolpidem se torna um grande aliado”, completou.

Nas redes socias, com frequência, surgem relatos de pessoas que, após o uso do Zolpidem, fizeram coisas que não se lembram depois. Conversaram, enviaram mensagens, andaram pela casa, fecharam negócios e, até mesmo, compraram pacotes de viagem. Tudo isso sob o efeito do medicamento e sem recordar do ocorrido no dia seguinte. O médico explica que, por ser um indutor do sono, ele deve ser tomado no momento exato de ir dormir. Caso contrário, terá efeitos colaterais.

“As pessoas tomam o Zolpidem e não fazem antes a higienização do sono, então, não chegam ao resultado total do medicamento, que é induzir a dormir. Nesses casos, vem o efeito colateral da medicação. Nele, pode acontecer alucinação, delírio e chegar ao estado de consciência de obnubilação, quando não está dormindo, nem acordado, mas sim em uma situação de confusão mental”, disso.

“A forma correta de usar é depois que você tomou banho, deixou tudo organizado, já respondeu as suas mensagens, resolveu os problemas da empresa e não há mais absolutamente nada para ser feito. Então, você toma o Zolpidem e dorme. Mas, tudo que precisa ser feito deve acontecer antes. Ele tem um tempo de vida útil de quatro horas; se você acordar de madrugada durante as primeiras quatro horas de efeito, corre o risco de não se lembrar, devido ao estado de hipnose que a medicação deixa”, acrescentou.

Ainda de acordo com o médico especialista em neurologia e psiquiatria, o Zolpidem age no sistema nervoso central, isso resulta em uma cascata de eventos que levam à sonolência e à indução do sono. Por isso, ocorrem os casos de alucinação, delírio e esquecimento durante seu uso, ainda mais em casos indiscriminados.

“Ele é uma medicação controlada, e deve ter a prescrição de um médico com conhecimento dentro dessa questão da melhoria na qualidade do sono, ou seja, psiquiatra ou neurologista. Esse medicamento não pode ser consumido sem orientação médica, porque também é uma medicação que gera dependência. Então, o uso indiscriminado, pode trazer mais prejuízo ao paciente do que benefícios”, concluiu.

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