Dois cariocas se encontram em um barzinho, um pede um chopp, pois veio de Uber. O outro está dirigindo e pede um mate. Encontram no boteco três amigos de longa data. Juntam as mesas. Comemoração pelo reencontro, risadas e um pedido de petisco ao garçom de sempre.
No meio da conversa, um dos membros da mesa começa a se lamentar, fala que é tudo um absurdo, que os caras só querem saber de si, que falam uma coisa hoje e amanhã dizem outra, que a formação dos jovens está prejudicada, que os altos recursos financeiros são desperdiçados ou desviados, ninguém sabe, ninguém viu. Toda hora aparecem reviravoltas, viradas de mesa, acordos obscuros de bastidor, traições e xingamentos pela imprensa. Até de compra de voto se tem suspeita.
Os amigos concordam, realmente essa política brasileira está demais. É preciso renovar. É urgente terem mais ética e mais competência. Mais profissionalismo. Ninguém aguenta mais ler as tristes notícias que saem todo dia.
Aquele que iniciou o papo dá uma pancada na mesa. E grita: Que mané política? Estou falando do Vasco, pô.
O garçom escuta tudo e arremata: Mas tem diferença entre a política e o Vasco?
Dizem que cada sociedade tem o governo que merece. Os valores coletivos são refletidos nas ações de governo e nos parlamentos. As condutas das pessoas no bairro, no local de trabalho e nas instituições onde participam dão o tom de como se comportariam se estivessem em posição de autoridade.
Voltamos ao boteco. Os amigos concordam que os cenários são parecidos. Pedem mais uma rodada. Agora o assunto já é outro. O vascaíno fica quieto, pensativo. Reflete se deveria abandonar a torcida pelo clube. Mas chega a uma conclusão: Agora mesmo é que eu vou participar para mudar isso.