O físico norte-americano John Clauser, ganhador do Nobel de Física de 2022 por suas pesquisas inovadoras relacionadas às partículas de luz nos anos 1970, chocou a comunidade científica internacional ao afirmar que não há crise climática global. A afirmação do pesquisador foi feita durante um evento da Coalizão Depósito da Fé, grupo que reúne entidades católicas.
Na ocasião, Clauser, de 80 anos, afirmou ser um “negacionista climático” e que o mundo não está em risco. Para o físico e outros participantes do evento, o aquecimento global seria uma farsa elaborada por instituições globais como a Organização das Nações Unidas (ONU).
John Clauser, que nunca publicou um artigo revisado por outros cientistas sobre o tema, elaborou a sua própria teoria, segundo a qual a temperatura do planeta seria determinada pela cobertura de nuvens, não somente pelo dióxido de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis. De acordo com o seu raciocínio, as nuvens cumpriram um efeito líquido de resfriamento da Terra.
A teoria, no entanto, foi negada pelo professor de ciências atmosféricas da Texas A&M University, Andrew Dessler. Segundo o estudioso, na verdade, as nuvens potencializam o aquecimento. Dessler declarou ainda que “a comunidade científica passou o último século estudando as mudanças climáticas e, neste momento, praticamente tudo o que está acontecendo foi previsto”. “Puro lixo” e “pseudociência” foram os termos usados pelo cientista climático da Universidade da Pensilvânia, Michael Mann, sobre o argumento do físico norte-americano.
Em junho deste ano, Clauser esteve em Seul, capital do Coreia do Sul, onde participou de uma conferência sobre ciência da informação quântica. No local, ele teria dito que não acredita em uma crise climática. A afirmação foi feita um mês depois do pesquisador se juntar ao conselho de administração da Coalizão CO2, grupo defende que o dióxido de carbono é bom para o planeta.
Entre os vencedores de prêmios Nobel, John Clauser não foi o único a se colocar contra teses então sustentadas por seus colegas. O vencedor do Nobel de Medicina, em 2008, o virologista Luc Montaigner que descobriu o vírus do HIV (patógeno da Aids), teria feito indagações e afirmações contrárias às posições científicas correntes sobre a Covid-19 e a vacinação, prática que poderia criar variantes da doença, por isso deveria ser evitada, segundo Luc. Ivar Giaever, de 94 anos, ganhador do Nobel de Física, em 1973, que fez descobertas experimentais sobre fenômenos de tunelamento em semicondutores e supercondutores, também discorda da tese do aquecimento global, opinião que o levou a renunciar a um cargo na Sociedade Americana de Física (APS), em 2011. Já o Nobel de Medicina, de 1962, James Watson teve a sua imagem manchada por declarações racistas.
Com informações do Estadão e do Olhar Digital