No final da década de 1950 foi erguido e inaugurado o Viaduto Negrão de Lima. O maior viaduto do país na época leva no nome de um antigo governador do estado do Rio de Janeiro. A construção, que corta parte dos subúrbios da cidade, ganhou grande importância cultural com o passar das décadas.
“O viaduto Negrão de Lima foi inaugurado em setembro de 1958. Ligando os 3 lados do bairro de Madureira“, destaca a página de pesquisa Madureira: Ontem & Hoje.
Fundamental para a mobilidade urbana da Zona Norte da cidade do Rio, o viaduto, com o tempo, foi ganhando um caráter cultural, com manifestações artísticas acontecendo na parte de baixo de sua imponente estrutura.
“É um local mágico, único. Só o Rio de Janeiro para ter uma energia dessas, um evento desses, todas as semanas, num viaduto”, afirma o vendedor Sérgio Marques, frequentador do Baile Charme há mais de 20 anos.
Foi aí que, em 1990, embaixo do Viaduto, teve início um dos principais movimentos culturais da cultura negra da cidade do Rio: o Baile Charme de Madureira, considerado atualmente o maior do país.
Foto: Rio de Memórias
O charme é um ritmo que vem da Black Music americana. Contudo, os bailes-charme e suas manifestações têm origem na Zona Norte do Rio. O termo “Charme” foi cunhado pelo DJ Corello em um evento no clube Mackenzie, no Méier, nos anos 1980. Antes de chegar em Madureira, em 1990, o Charme circulou e ganhou fama em bairros como Marechal Hermes e Abolição.
No ano de 2013, o Viaduto Negrão de Lima passou a ser oficialmente o local do Baile Charme, que já acontecia por lá há 23 anos. Um decreto da Prefeitura publicado no Diário Oficial passou a autorizar o uso da área pelo Espaço Cultural Rio Hip Hop Charme, responsável por organizar o evento, que acontece aos sábados.
Neste sábado, 11/08, a partir das 22h, será especial., pois acontece o aniversário de 34 anos do Baile de Charme do Viaduto de Madureira. O espaço vai ganhar um Museu da Negritude Urbana.
“O Viaduto de Madureira, emblemático espaço de cultura negra e urbana do Rio de Janeiro, está prestes a se transformar em um ‘museu vivo’ graças ao Projeto Zona de Arte Urbana (ZAU). Criado em 2023, o ZAU foca em ações artísticas e educativas por meio do grafite. Idealizado por Airá Ocrespo, grafiteiro que pintou “a primeira ministra negra do STF”, a revitalização marcará os 34 anos do Viaduto e contará a história da Black Music brasileira tanto na parte externa quanto interna. Além de Airá, outros quatro artistas participam da ação, entre eles Amora, Agarte, Cety e Seon“, conta o jornalista Alessandro Valentim.
É a história sendo construída. Contada. Cantada. Mixada. E dançada.