Dados do Censo de População em Situação de Rua de 2020, realizado pela Prefeitura do Rio em parceria com o Instituto Pereira Passos e analisados pelo Instituto Rio21, parceiro do DIÁRIO DO RIO, mostram que o principal problema enfrentando por 31,5% dos moradores de rua nos abrigos disponibilizados pelo município é a dificuldade de relacionamento, ameaças ou violência por parte de outros abrigados ou funcionários.
Em segundo lugar vem a falta de liberdade, que inclui a ausência de flexibilidade de horários e regras (16,7%). Já a terceira questão mais reportada foi a falta de infraestrutura nos edifícios (11,1%), conforme pode ser visto no gráfico abaixo:
Os dados também evidenciam que mais da metade das pessoas que vivem nas ruas já frequentaram abrigos ou unidades de acolhimento da Prefeitura, mas deixaram de frequentar. Apenas 5,4% dos entrevistados afirmaram que já dormiram nesses locais e continuam dormindo lá sempre ou de vez em quando.
Dentre os que já dormiram em abrigos e unidades de acolhimento da Prefeitura, 50,9% ficaram acolhidos por, no máximo, um mês. Observa-se que o mais comum é que o acolhimento seja de curta duração. Poucos são os casos de pessoas em situação de rua que frequentaram abrigos e unidades de acolhimento por anos.
A pesquisa indica que a baixa taxa de adesão não se deve a dificuldade para arrumar vagas. Quase 60% (58,7%) dos entrevistados afirmaram que não tem dificuldade para arrumar vagas, contra 20,9% que afirmaram ter dificuldade para ingressar nos abrigos ou unidades de acolhimento da Prefeitura. Além disso, a falta de familiaridade com os serviços não é um problema, visto que são de amplo conhecimento da população: apenas 1,9% não sabiam o que eram esses serviços.
“O levantamento da Prefeitura do Rio de Janeiro nos mostra que apesar da população em situação de rua conhecer e, no geral, declarar não ter dificuldade para conseguir vagas em abrigos e unidades de acolhimento, a maioria opta por não dormir nesses locais. Para alterar esse cenário, é necessário que governo municipal formule políticas públicas e transforme os abrigos levando em consideração os problemas apontados pelas pessoas em situação de rua. É necessário, principalmente, melhorar a segurança e infraestrutura desses locais” destaca Carolina Carvalho, pesquisadora do Instituto Rio21.