As cenas de caos que aconteceram na Avenida Brasil, na altura da Cidade (Complexo de Israel), por conta de uma operação policial, na manhã da última quinta-feira (24), com todos os seus transtornos e desdobramentos, especialmente três mortos com tiros na cabeça, além de três feridos, continuam reverberando.
Nesta sexta-feira (25), o presidente do HotéisRio, Alfredo Lopes, disse em entrevista ao jornal O Globo que a imagem da cidade está se dissolvendo em decorrência do cotidiano de violência provocada pela guerra sem fim entre bandidos, milicianos e policiais. Alfredo Lopes destacou que os governos federal, estadual e municipal têm responsabilidade por esse cenário de guerra, ao não agirem de forma integrada
“Todo mundo é responsável. O estado parece não ter uma política de segurança efetiva e tenta enxugar gelo. Mas o que aconteceu na Avenida Brasil mostra que nem isso está conseguindo. A prefeitura tem responsabilidade, não adianta dizer que não, na medida que ela falha no ordenamento urbano, permitindo a expansão das favelas. O Rio foi capital e por isso tem muitas rodovias federais, que deveriam ter segurança. As esferas têm que agir de forma integrada”, disse Alfredo Lopes ao veículo.
O presidente do HotéisRio disse ainda que a violência afeta toda a cadeia turística da capital e se espraia por atividades, com restaurantes, bares, comércios e shopping, que têm suas receitas reduzidas diante da baixa movimentação causada pelo dos clientes de saírem às ruas.
“A indústria do turismo está se dissolvendo por causa da violência. E essa crise afeta não só hotéis como outras atividades relacionadas, como bares, restaurantes, shoppings que faturam menos. Falam muito sobre como nesse cenário realizaremos o G20. O Rio tem tradição de fazer grandes eventos como Olimpíada, quando reforça a segurança e não há incidentes graves. A questão é o dia a dia”, comentou Lopes.
O representando do setor hoteleiro também comentou que, apesar de as áreas turísticas contarem com um efetivo policial mais reforçado, os turistas pensam cuidadosamente antes de tomarem a decisão de visitar a cidade, após terem acesso ao noticiário que envolve o Rio de Janeiro.
“Durante a intervenção federal (2018-2019), houve melhorias, a polícia foi reequipada, ganhou armas e outros recursos. Mas passou. As áreas sob influência do crime organizado só se expandem. Agora, você já observa caveirões em operação policial em Vargem Grande, por exemplo. Outro dia, a gente descobre que existe uma nova facção na cidade, que se comunica facilmente com celulares. E o governador promete instalar bloqueadores. Será que é tão difícil assim tornar presos incomunicáveis em um país em que o ministro Alexandre de Moraes conseguiu tirar do ar o X em uma semana? Tecnologia existe”, lamentou Alfredo Lopes.