A partir da segunda semana de novembro, a circulação do vírus H3N2 passou a ser identificada e seguiu com aumento expressivo nos dias seguintes. No momento, é o principal causador de síndrome gripal provocando uma corrida às unidades básicas de saúde. A circulação repentina do H3N2 vem intrigando especialistas. O vírus não é comum para esta época do ano, sendo mais identificado no inverno. No entanto, já tem maior incidência que o Rrinovírus e até mesmo o Sars-Cov-2, causador da Covid-19. O levantamento foi feito pela Dasa, maior rede integrada de saúde do Brasil.
De acordo com o painel viral da Dasa, em 2021 ainda não havia histórico de circulação deste tipo de vírus. O primeiro caso identificado de H3N2 foi em 13 de novembro. No Estado do Rio de Janeiro, identificou-se que, em novembro/21, houve aumento de 76% dos exames de Influenza A, em relação ao mês de setembro/21, sendo 11% com diagnósticos positivos. Já em dezembro/21 (até a data de 06/12), houve aumento de 41% dos exames, em relação ao mês de setembro/21, alcançando a marca de 56% de positividade nos diagnósticos realizados.
Para Alberto Chebabo, infectologista e gerente médico do Sérgio Franco, que faz parte da rede Dasa, alguns fatores podem ter contribuído para o aumento repentino de casos.
“O principal motivo é a baixa adesão à vacina da gripe. Mesmo nos grupos prioritários, como idosos e crianças, a campanha não atingiu o objetivo. Para diminuir os impactos da circulação do vírus, a vacina precisa chegar no braço de ao menos 70% da população”, lembra Chebabo.
A cobertura vacinal do grupo prioritário é de apenas 53%, no Rio, de acordo com dados do Vacinômetro do SUS. A meta do governo com a campanha que teve início em abril era atingir 90%.
Cepa é a mesma do Hemisfério Norte
Segundo o especialista, o fato de ter aumentado a circulação de pessoas nas ruas após um longo período de isolamento pode explicar o crescimento da síndrome gripal em um curto espaço de tempo. Nos anos pré-pandemia, explica Chebabo, as pessoas tinham ao longo do ano contato com o vírus, o que garantia uma certa imunidade para a forma mais grave da doença.
“Hoje, as pessoas estão mais vulneráveis, já que estão sem anticorpos para esse tipo de vírus. Sem vacina a situação tende a complicar, ainda mais para os grupos de risco, como crianças e idosos”, ressalta.
Além disso, há o relaxamento das medidas de proteção e o aumento das viagens. A cepa identificada no Brasil é a mesma que está circulando no hemisfério norte, que entra agora no período de inverno mais rigoroso.