Wagner Tavares: A Maior Dificuldade do Turismo Carioca

Para o presidente da Associação Comercial do Cinturão Turístico do Rio de Janeiro, Wagner Tavares, o problema é um só: Insegurança

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Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Wagner Tavares é Presidente da Associação Comercial do Cinturão Turístico do Rio de Janeiro.

Nos últimos anos, os cariocas têm observado melhorias em diversos setores na cidade, como nos transportes, com a revitalização do BRT, e na saúde, com o retorno das clínicas da família. Contudo, a efetiva sensação de uma cidade segura para cariocas e visitantes passou despercebida.

Hoje, ao identificar o maior problema da cidade, a resposta preponderante de qualquer pesquisa realizada com a população do Rio (muitas já foram conduzidas este ano) é uma só: a insegurança.

Podemos verificar ao longo de duas décadas que ela sempre esteve no “top 5” das preocupações dos cariocas, mas desta vez é diferente. A violência tornou-se unânime na percepção de todos, independentemente da classe social ou da região da cidade onde moram. A insegurança pública ocupa disparado o primeiro lugar dos problemas em todas as pesquisas de opinião.

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Atualmente, viver sem ser assaltado é ter diploma de especialista em proteção de celular e em procedimento de transporte defensivo, ao se deslocar de carro sempre sem abrir a janela. Parece piada, mas a violência passou a ser o drama nosso de cada dia, presente sempre como uma preocupação, como uma espécie de sofrimento cotidiano, aparentemente sem remédio à venda.

Nesse sentido, somos corroborados por uma pesquisa qualitativa realizada em maio deste ano pelo reconhecido instituto de pesquisas Prefab Future, à qual o DIÁRIO DO RIO e a Associação Comercial do Cinturão Turístico do Rio de Janeiro tiveram acesso. Com 15 horas de entrevistas coletivas com 92 pessoas em 13 grupos de moradores da Zona Sul à Santa Cruz, a pesquisa de opinião popular não deixa a menor dúvida: a insegurança na cidade prejudica a vida dos cariocas em todos os sentidos.

A grande maioria tem uma sensação diária de insegurança, tendo já sofrido algum tipo de violência. Falam a expressão “segurança zero” para se referirem aos assaltos e ao tráfico de drogas. Reconhecem, contudo, um aumento do policiamento nas ruas, mas afirmam que só isso não basta, que a polícia está impotente diante das milícias e dos traficantes. Também associam bastante a violência com a falta de educação e oportunidades de emprego. A segurança pública tem a pior nota média entre os serviços públicos pesquisados e identificam o Estado como o principal culpado pela atual situação.

Esse triste drama é a dura realidade nas ruas da nossa Cidade Maravilhosa. Além do desastre social para seus moradores, temos também a forte influência da percepção de insegurança no potencial turístico da nossa cidade. Como se diz por aí: uma coisa puxa a outra; e o círculo de problemas da metrópole gira cada vez mais forte, retroalimentado por diversos fatores e circunstâncias que as políticas públicas desenvolvidas nos diversos governos há décadas não conseguiram sequer atenuar. E assim, a situação se perpetua com fases intermediárias de crescimento da violência urbana. Infelizmente, estamos numa dessas fases.

Outra pesquisa, realizada pelo Ministério do Turismo em 2022, demonstra que a violência é a principal razão pela qual turistas não visitam o Rio de Janeiro. Dos entrevistados, 65% consideram a insegurança pública um fator importante ou muito importante na decisão de fazer turismo na cidade. Acompanham nesse sentido o potencial de queda da atividade econômica no “trade” turístico carioca. Resta evidente que sempre que há aumento de notícias sobre crimes violentos como assaltos, homicídios e sequestros, nossos hotéis, restaurantes, agências de turismo e demais negócios correlatos registram uma queda na demanda, trazendo perda de empregos e renda para todos os cariocas.

Essa correlação é fácil de compreender e também fatal para minar nossa vocação turística como geradora de desenvolvimento socioeconômico. Trabalhar a imagem do Rio como destino turístico seguro tornou-se um grande desafio para os gestores do turismo. Investir em marketing e promoção turística é básico para aqueles que sabem como fazê-lo. Mas, infelizmente, diante dos problemas da violência, eles ainda não aprenderam a fazer milagres.

Será que só nos resta rezar ou podemos fazer algo de diferente para mudar e melhorar o turismo no Rio? Analisando com objetividade, não alcançaremos qualquer mudança no atual cenário sem um esforço concentrado e uma postura nova e alternativa para o combate à violência. Mas se for pra continuar com está: Cristo Redentor, rogai por nós.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Incrível.
    Em um site que cujo nome é “Diario do Rio”, um artigo sobre “segurança”, em uma cidade em que se explora o Turista ao invés de explorar o turismo, não consegui ver , ou ler, uma matéria robusta e consistente sobre a covardia sofrida por um senhor ao tentar socorrer uma mulher (cara das antigas é assim. Socorrem as mulheres e crianças).
    Onde se encontram os Guardas do senhor Dudu Paes? A Guarda municipal, que poderia ajudar e muito. Colocam esse “segurança presente” que infelizmente, não substitui e nunca substiruirá a policia..senhor prefeito, senhor governador venham para o Governo, venham governar. Já passou da hora. O fato ocorrido no último sabado, infelizmente, ocorre com mais frequência do que se imagina. Não vi nenhuma “Otoridade” se pronunciar. Estamos entregues a um prefeito e governador que muito bem, poderiam se substituídos por uma SAMAMBAIA, por exemplo.
    Em qual caverna nosso prefeito e sua guarda municipal estão se escondendo? (ou melhor, se preservando.
    Esse Site deve estar fabricando muitos panos, pois vai passar pano assim, lá na Gávea e em Laranjeiras…PQP

    Com essa eficiência, periga até nosso coitadinho Sérgio Cabral ocupar um espaço. Não duvidem. Aqui não tem lugar para amadores

  2. violência não é causa, é efeito. A falta de políticas (ou o seu uso desastrado) de ocupação urbana e valorização das regiões mais distantes da costa marítima cobra seu preço. A medida que a população se adensou e não se ofereceu recursos para que empregos florescessem nesses bairros, fixando as pessoas com uma ambiência decente deu o campo para que os poderes paralelos suprissem as necessidades dessas pessoas. Turismo não é só termos uma cidade de fantasia, como o brinquedo Lego, numa ponta e outra feita de ferro-velho e caco-de-telha. As oportunidades, é disso que o carioca precisa, e o turismo oferece até hoje muito poucas.

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