Wagner Victer: O assassinato das árvores da Rua Serrão

O colunista Wagner Victer, denuncia o corte de diversas árvores quase centenárias na rua Serrão, no bairro da Ribeira

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A Ribeira é um bairro tradicional da Ilha do Governador e fica na extremidade lateral direita à entrada da Baía de Guanabara. Por sua posição logística para o acesso maritim, é um dos mais antigos bairros que temos nessa região.

No bairro da Ribeira temos uma série de instalações industriais como a Fábrica de Lubrificantes da Shell, a Fábrica da Cosan (antiga Mobil), as unidades operacionais da Locar (onde existia a antiga estação das barcas), além de lugares muito interessantes a conhecer, como a Casa do Índio, igrejas centenárias e um polo gastronômico fantástico.

A Ribeira é considerada internamente, até para os insulanos, um dos bairros mais distantes da Ilha, porém isso não retira sua beleza e sua frequência dos moradores.

Estão também na Ribeira algumas instalações muito marcantes da Ilha como a Estação Rádio da Marinha e a ACM e a tradicional colônia de pescadores Z10, que é mais antiga do Rio de Janeiro.

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Apesar dessa beleza e de sua característica histórica, infelizmente, do ponto de vista ambiental, a Ribeira não tem recebido a atenção devida. Basta ver o desmatamento, que praticamente acabou com o conjunto arquitetônico da antiga Fazenda da Cabaceira, que era tombada. Além de arrancar grande parte das árvores, teve outras retiradas de forma inexplicavel em um terreno em frente a Shell. Outra evidencia de pouca atencao é a forma como a principal Praça Tombada, Iaiá Garcia, é invadida pelo comércio nos finais de semana, e sem qualquer tratamento urbanístico ou sanitário que seja harmônico.

A última agressão ambiental que observei na Ribeira, onde faço caminhadas, aconteceu há poucas semanas, infelizmente na surdina, e que merece toda apuração, inclusive de órgãos públicos como o Ministerio Publico, que foi o assassinato das árvores da Rua Serrão, um conjunto sequencial de quatro árvores com mais de 60 anos, localizadas na região onde se encontra uma série de pizzarias conhecidas, como a Bip Bip e a pizzaria de Leirinha, e que foram cortadas basicamente no início do seu tronco, decretando o fim daquelas belas e frondosas árvores.

Os tradicionais argumentos de infestação de pragas certamente não vão colar, pois, estatisticamente, é praticamente impossível que quatro árvores sequenciais sejam todas cortadas sem terem tido previamente qualquer tipo de ação para preservação e, principalmente, por estarem sob um risco menor, porque essas árvores estavam do lado da calçada, onde não passam as fiações elétricas e postes.

O próprio movimento das calçadas dessas árvores ainda não indicavam uma pré inclinação, e que normalmente caracterizam o risco colocado em relação a queda . Mesmo que houvesse, esse se retiraria somente por meio de uma chamada” poda de copa “e não através do assassinato completo desse conjunto sequencial de árvores.

Possivelmente, devem ter alguma “razão” ou até alguns “interesses” ou até algum” laudo” da Fundação Parques e Jardins que, mais uma vez, se torna leniente com a Ilha do Governador e atende interesses concretos que são algumas vezes inconfessáveis, porém inexplicáveis, diante do massacre que se pode ver nessas árvores.

Buscar preservar uma árvore é uma obrigação contemporânea , especialmente para uma cidade que espera sediar a Rio+30 e que teve com referência o meio ambiente associado ao seu nome.

As próprias árvores retiradas no entorno da Fazenda da Cabaceiro, e no desmatamento em frente a unidade da Shell, que diziam no passado que seriam replantadas em contrapartida da retirada, até hoje funcionam como a chamada “Cabeça de Bacalhau”, que dizem que existe ( mas ninguem ve ), porém não se contabiliza o seu plantio efetivo naquela região da Ribeira ou até em outras regiões da Ilha do Governador.

Essa postura ao meu ver é vergonhosa, suscita eventual prática indevida e requer operação, mas a principal coisa é o desleixo como é tratado o meio ambiente insulano.

Posturas como essa são emblematicamente devastadoras para a arquitetura do bairro, para a qualidade de vida, especialmente para o clima, são inaceitáveis e repetem práticas que têm também foram adotadas em diversos bairros como aconteceu muito recentemente no bairro da Freguesia também na Ilha onde arrancaram a árvore, também quase centenária, onde Miguel Falabella viveu a sua infância, o que certamente se acontecesse em um bairro da zona sul seria manchete nos principais jornais e TV’s.

O que a Ilha requer é uma ação da Fundação Parques e Jardins e outros órgãos, como Comlurb e outras concessionárias, são as tradicionais podas de copa de árvores como as amendoeiras que estão crescendo, entrando na fiação e correndo o risco de cair e isso infelizmente essa volúpia com a moto serra não existe.

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