Wagner Victer: Os ensinamentos para vida do filme ‘O rato que ruge’

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre o filme "O Rato que Ruge" e as lições que ele traz

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Foto: Reprodução

Desenvolvi um hábito de, junto com o Francisco, meu filho, buscar em redes especializadas filmes clássicos e a partir deles retirar alguns ensinamentos que podemos ter dessas belas histórias, especialmente aquelas que partem de grandes “Gênios”, para o nosso cotidiano.

O Gênio em questão é Peter Sellers, que muitos só conhecem pelo papel em que atuou como Inspetor Clouseau no clássico “Pantera Cor de Rosa”, em filmes como “O Convidado Bem Trapalhão” e, ao fim da sua carreira, o lindo e poético Muito Além do Jardim (Being There), mas que também participou desse filme sensacional objeto desse texto: “The Mouse That Roared”, do ano de 1959 com tradução do título no Brasil para “O Rato que Ruge”.

O filme, de produção inglesa e dirigido por Jack Arnold, é muito interessante e cultua um pequeno país fictício, tipo um Grão Ducado de fronteira com a França e Suíça, de língua inglesa, chamado “Grand Fenwick”, com hábitos bastante ancestrais e até com o uso de indumentárias medievais e que tem como seu único produto um tipo de vinho exportado para os Estados Unidos, que começa a ser devidamente lá “pirateado”, o que já começava a acontecer na década de 50 com o crescimento acelerado no pós guerra.

Diante das práticas americanas, derivadas do pós guerra, de ajudar países vencidos como forma de consolidar seu domínio, inclusive via o tradicional Plano Marshall, eles resolvem, como estratégia para enfrentar a crise, declarar guerra aos Estados Unidos, na expectativa de que não demoraria algumas horas a sua rendição e efetivamente receberiam a ajuda financeira e, com isso, de maneira muito esperta, seriam salvos por aquele gigante econômico.

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No filme, Peter Sellers atua em pelo menos três grandes posições: a Duquesa do Condado (Gloriana XII), o Primeiro Ministro Rupert Mountjoy, sempre promovido a interesses escusos e associados ao representante da burguesia de poderio econômico privado e que faz a “oposição aderente”, que logicamente se associava dentro dos bons interesses, e o Marechal do Exército (Tully Bascomb), bastante trapalhão, aliás, uma característica típica de personagem Peter Sellers.

A declaração de guerra, certamente na fábula sarcástica em forma de película, levada na galhofa aos Estados Unidos, teve como sucessão o acompanhamento de uma invasão por Grand Fenwick por meio de 22 arqueiros caricatos que chegam aos EUA por um barco pesqueiro. Todos da cidade de Nova Iorque estavam em abrigos dançando e bebendo. Eles conseguem invadir a cidade e ir ao Instituto de Física, pegar um artefato bélico experimental, uma bomba nuclear, e ainda sequestrar de maneira cômica o invento do artefato com sua filha, alguns membros da Polícia de Nova Iorque e um general decadente do Exército Americano.

Cercado de passagens cômicas, clássicas e estereótipos, o filme se desenrola até o retorno do artefato ,em forma de uma bola de futebol americano, ao Condado, onde os habitantes e toda a burguesia aguardavam o exército para anunciar sua derrota, porém o que recebem repentinamente é uma rendição do Governo Americano ao poderio e o domínio estratégico do Condado de Grand Fenwick, ao mesmo tempo em que surgem países aliados querendo se beneficiar de inesperada vitória.

A grande mensagem que se traz do filme para o dia a dia, para o nosso cotidiano, é que muitas vezes buscamos um espaço ou um avanço, mas não consideramos toda a consequência que possa ter em relação à vitória que tanto se almeja.

Já vimos até casos na política de grupos de diversas ideologias que atuaram durante muito tempo na chamada oposição, com belos discursos, porém no dia em que ascenderam ao poder se demonstraram totalmente despreparados e chegaram a conclusão de que nunca deveriam ter chegado aquele poder, pois mostraram de fato suas fragilidades e o melhor seria sempre ficar nos discursos das críticas.

O avanço para galgar novas posições, especialmente as frontais que levam ao protagonismo, requer uma preparação e um equilíbrio na análise das consequências e, em especial, das mudanças dos paradigmas que se terá em função disso e dos novos níveis de cobrança.

Na história política do Brasil, sem querer entrar em qualquer paralelo ideológico recente, vitórias construídas tiveram fins catastróficos e certamente levaram a decepção daqueles que buscaram por tal espaço e seus admiradores.

A mensagem do “Rato que Ruge” se aplica na vida profissional, empresarial e até na política, e pode ser resumida nos seguintes seis pontos que devem ser percebidos:

1- Não entre em uma guerra se você não estiver preparado para ser o vitorioso;

2- Tenha o cuidado de empreender certas disputas, caso você não tenha o planejamento e a disposição para exercer os encargos futuros da vitória;

3- As vitórias trazem novos encargos e expõe novas fragilidades até então não avaliadas por seus inimigos, que começarão atacá-las.

4- Muitas vezes poderá ser vitorioso até com uma derrota e poderá se ter uma derrota mesmo sendo vitorioso.

5- Nunca menospreze o mais simples dos seus inimigos, pois ele, em um descuido, pode lhe trazer grandes perdas e ser vitorioso em disputas que você sequer sabe que as terá;

6- Ao menor sinal da sua vitória, sempre surgirão os aliados inesperados e oportunistas para também tentar usufruir dos seus eventuais benefícios.

Portanto, é importante sempre que quiser assumir um novo grande compromisso, disputa ou até estabelecer uma crítica a um processo que na prática você não tem compromisso nem a disposição de enfrentar, assistir antes ao filme simbólico e engraçado “O Rato que Ruge” para não cair nos aspectos cômicos de Peter Sellers, mas sim no olhar diferenciado que devemos ter.

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